Capítulo 29 ( Pequenas respostas)

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(Diana Guerra)

Saber que Miguel está de alguma forma, envolvido na morte dos meus primos, me fez sentir traída, eu podia dizer que confiava nele ( e acho que é bem claro, que não podia dizer isso de todo mundo), e o pior, eu me sentia segura perto dele, o que só aumenta o terrível desapontamento que sinto agora.

Mesmo que tenha dito que não tinha como prever que resultaria na morte deles, me dói pensar que mesmo assim, mesmo depois de saber o que aconteceu, ele não tenha feito a coisa certa. No final, não passa de mais uma pessoa que está protegendo um assassino e não me vejo perdoando isso.

Gostaria de saber quem é, gostaria de saber porquê e principalmente gostaria de saber como colocar um ponto final nessa chacina.

Me sinto de mãos atadas, é horrível estar nas sombras. Adam conseguiu entrar na minha cabeça, as palavras dele estão flutuando na minha mente.

- No que está pensando? - Steve pergunta me desviando dos meus pensamentos.

Eu, Steve, Michelle e claro a loira irritante, saímos para conversar e possivelmente me distrair. Agradeço e aprecio que tentem melhorar  meus dias, e tenho que admitir que não são os mais coloridos.

Estamos sentados num pequeno café, rindo e se divertindo.

Quem eu quero enganar? Eu não faço ideia do que nenhum deles falou desde que me sentei, meu cérebro simplesmente decidiu ignorar que tem pessoas ao meu redor. Havia uma época em que eu agradecia por isso, hoje já nem tanto.

- Em nada. - respondo tentando mostrar confiança num sorriso.

- Até porque eu sou muito idiota para acreditar nisso. - ele fala aborrecido. Meu lindo Steve aguenta qualquer coisa, mas mentiras são uma grande exceção.

- Eu só não quero trazer você para os meus problemas. Ninguém merece isso, acredita.

- Guardar as coisas para você nem sempre é uma coisa boa. - ele fala. - Eu não vou obrigar você a nada, mas eu estou sempre aqui para ouvir você. Não é uma coisa que deva esquecer.

- Eu sei. - Nunca duvidei do companheirismo do meu amigo, ele deve ser a pessoa mais pura do mundo. E eu admiro muito isso nele.

- Eu não sei se vocês não repararam, mas tem outras pessoas nessa mesa. - constata Michelle olhando torno para nós dois.

- A Chelle tem razão, do que estão falando? - pergunta a Emily.

- Nada que seja da tua conta. - penso.

- Eu quero mais um croissant. - mudo de assunto.

- É tipo, o terceiro. - Ela diz me olhando preocupada.

- Então parece que agora é o quarto. - falo irritada já. Tive uma pequena guerra de olhares até perceber que não valia a pena. Não consigo me livrar dela, nem sendo a maior idiota da terra. Admiro a paciência dela, de verdade. - Vou ao banheiro.

- Você está bem? - Michelle pergunta meio confusa.

- Estou sim.

Como um raio saio da mesa e vou até ao banheiro. Agradeço por não ter ninguém, e suspiro bem fundo antes de qualquer coisa. Apoio minhas mãos na pia e me encaro no espelho procurando a força que dizem que eu tenho.

Preciso dela para me dizer que sou forte, de que sou especial, de que sou importante...

"
(Diana de 10 anos)

- Porquê está chorando meu bem? - mamãe pergunta ao entrar no quarto.

Estou aconchegada em um canto do quarto, chorando e me culpando. Ela não vai gostar de saber o que fiz, eu vou deixar ela brava comigo.

Diana Guerra [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora