Diana Guerra [completo]

Capítulo 12

(Diana Guerra)

Depois de desfiar um olhar de ódio para as duas pessoas ao meu lado, Aron saiu furioso para o andar de cima da casa. Sem nem pensar duas vezes fui atrás dele. O segui até ao seu antigo quarto, e fechei a porta atrás de mim assim que entrei.

Ele se virou e olhou para mim com raiva, assim que ouviu a porta sendo fechada. Tenho medo do Aron sem controle, ele sempre teve pouco e estava sempre metido em brigas.

- O que está fazendo aqui? - Aron pergunta me desviando do meus próprios pensamentos.

- Me certificar de que não faça um buraco na parede. - mudo o olhar para o canto da parede onde tinha acontecido este mesmo evento. Ele passou as mãos no rosto, mostrando que não tinha paciência para as minhas brincadeiras.- E também quero ajudar você a encontrar os assassinos de Dinis, e resgatar Alisson.

Suspira antes de se jogar na cama.
Em nenhum momento pareceu surpreso pelas minhas palavras, é quase como se esperasse por elas.

- Eu não preciso de ajuda para os encontrar, Diana. - estava pronta para argumentar, quando fala de novo. - Eu sei exatamente quem foi, todos sabem...

- Então porquê a policia não prendeu ninguém? - pergunto me sentando ao seu lado na cama.

Aron me responde com um riso sarcástico apenas.

- Para de esconder coisas de mim. Podemos ajudar a fazer justiça, mas apenas se tentarmos.

- Não vai encontrar justiça, prima. Se no seu mundo pessoas como nós dois, conseguem trazer justiça para quem quer que seja, você não está pronta para entrar no meu. - explicitou. - Eu sei o que você acha, eu sei o que pensa e apesar de apoiar essa ambição, eu não posso simplesmente ignorar o facto de que você, sem ofensas, não é ninguém para consegui-lo.

Fiquei um tempo pensando nas suas palavras. Admito ter vivido numa bolha isolada e por muito tempo, e é facilmente justificável pela minha ignorância perante aos assuntos da minha própria família. Mas é por isso que estou aqui agora, precisamente por saber onde estava e como estava. Agora eu quero poder encarar os problemas de frente e por uma vez na vida, não depender para que outra pessoa o faça por mim. Sou humanamente capaz de perceber o que faço e o que quero.

Neste preciso momento eu vou procurar encontrar justiça, porque quero fazer alguma coisa por aqueles que amei.

Não vou ignorar os factos, Aron sabe quem fez, e não falou para a policia, porquê? Vai mesmo deixar eles saírem impunes dessa barbaridade?

Posso não ser a pessoa apropriada para isso, mas me recuso a ficar de braços cruzados e não fazer nada. Me recuso a deixar isso por inacabado.

- Quem foi? - pergunto e recebo o silêncio como resposta. - O que você perde me contando?

- Tem coisas... coisas que eu não posso contar. Coisas que te colocariam em perigo. - se levantou furioso. - Eu não conseguiria viver com facto de que a tua morte foi por minha culpa.

O grito frustrado me fez estremecer, não consigo lidar com isso agora. Uma parte de mim queria fugir e chorar por ter gritado comigo, queria bater nele por ter gritado comigo. Claro que aprecio sua preocupação, mas tem coisas mais importantes para mim agora.

Respirei fundo antes de me levantar. Calmamente caminhei até ele, segurei suas mãos entre as minhas e o olhei nos olhos.

- Tudo bem. - disse o puxando para um abraço. Eu sabia que estava demasiado sufocado com os próprios sentimentos. Provavelmente não tem com quem desabar e isso o obrigou a se fechar e aguentar, mas está dando cabo dele, seu luto está o matando principalmente Aron não se permite vivência-lo.