(Diana Guerra)
Mesmo não vendo, eu sinto a agitação na casa. Pela janela do quarto, eu vejo vários homens se posicionando pelo jardim. Escuto passos apressados pelos corredores e também gritos de ordens sendo dadas.
Decido arriscar e sair. Aron deixou a porta aberta por descuido, eu acho. Eu sei que é impossível tentar escapar, mas queria pelo menos saber o que estava acontecendo.
A maldita porta range ao abri-la, fecho os olhos e corto a respiração achando que de alguma forma isso me torna-se imperceptível. Quando o silêncio se instala, eu acreditei ser seguro para me mover. Passei pelos corredores vazios, até chegar as escadas brancas, olhando para baixo eu não via nada além dos móveis, e nenhum outro som a não ser o da minha respiração, eu conseguia ouvir.
De trás do sofá tem aquela enorme janela em círculo, perfeitamente transparente, que quase parece não existir. Através dela, vejo o jardim da frente que é tão lindo como o das traseiras. Mas ainda assim eu sentia que estava algo de errado. Estava muito calmo, calmo de mais.
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Parada no meio da sala, eu sentia meu coração na mão, apesar de não saber o porquê. O aperto que sentia foi se tornando cada vez maior e a partir de agora eu só esperava o pior.
Tinha um pressentimento que algo horrível estava para acontecer. Mas o quê?- PARA BAIXO! - Aron grita atrás de mim.
A seguir foi tudo muito rápido... tão rápido que apenas via em numerosos flashes. O som dos tiros surgiu do nada. Aron correu e se atirou contra mim, e em instantes estávamos ambos no chão. Os seus braços me rodearam com tamanha força e rapidez que foi quase impossível de perceber. Usando seu próprio corpo como escudo para proteger o meu, sentia sua peso sobre mim.
O som dos disparos se misturavam com os do vidro se partindo. Me limitei apenas em tapar meus ouvidos com minhas aproprias mãos, me encolher mais contra Aron e fechar os olhos rezando para que quando eu os voltasse a abrir, estaria tudo acabado.
Por de entre tantos acontecimentos, só me via pensando em uma única coisa " Acabou! Vamos os dois morrer". Não tinha como escapar, era o fim...
E como um sopro de sorte, volta o silêncio.
Me mantive imóvel no chão, ainda que, com os olhos abertos e ouvidos destapados, eu não me sentia em mim. Aron se apressou em me soltar, o via fazendo movimentos agitados ao mesmo tempo que gritava alguma coisa.
Mas eu não conseguia ouvir, ou melhor, eu não conseguia me concentrar no momento para tentar perceber. Eu via sua boca mexendo, mas nenhum som saia dela.
- Vai para o quarto! - gritou apontando para as escadas. - E não volte a sair! - olhei atrás de si, e vi o outrora vidro que compunha a janela, despedaçado por todo o piso da sala. - Você me ouviu?
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Diana Guerra [completo]
Подростковая литература⚠️Revisado⚠️ Aprendemos que mentiras machucam. Mas ninguém diz que verdades fazem o mesmo. Aprendemos que mentiras são sempre descobertas, e deixam como dura consequência, verdades reveladas. E o mais engraçado, é que tudo gira em volta da mesma co...