Capítulo 9

58 6 4
                                    

(Diana Guerra)

Eu sabia que o Aron iria até a parte escondida do jardim. Era para lá que íamos para usar as "novidades" do Gustavo. Quer dizer, eles usavam e eu ficava parada vendo eles se divertindo. Desvantagens de ser a mais nova, presumo.

- Posso ficar com você? - pergunto e recebo um "uhum" como resposta. Me sentei ao seu lado em silêncio.

 Ele estava deitado na grama olhando para o céu, mastigando algo provavelmente incomestível lentamente. Estava distante, pensativo e parecia magoado. Não falei nada porque era obvio que precisava de tempo, e estava desposta a esperar. Apenas queria ajudar.

- Eles desapareceram.- desabafou e não disse uma única palavra depois.

Senti um enorme aperto no peito, eu não sei como, mas sabia que era mentira. A realidade com certeza era mais dura, Aron não mentia para mim, nunca, por isso se estava a fazer-lo é porque tinha acontecido algo de muito pior com eles.

- Está mentindo. - eu afirmo. - Não estão apenas desaparecidos, estou certa? - perguntei sem rodeios, não importa quanto tempo eu adie, a dor será do mesmo tamanho. O silêncio foi a resposta que esperava, só me restava chorar, e foi o que fiz sem ter sequer controle sobre isso

Eu nunca mais os voltaria a ver...

Aron e eu ficamos calados por um tempo, da minha parte, tentava aceitar a realidade o melhor que conseguia, não é possível que algo assim tenha acontecido e eu não estava aqui, com eles, para eles....

- Encontramos o corpo do Dinis, duas semanas depois que desapareceu. - apesar da sua posição relaxada, a sua voz saia repleta de raiva e ressentimento. - Ele foi espancado, antes de ser morto a tiros.

Aron continuou me dando detalhes sobre assunto, e eu sinceramente não aguentava mais. A cada palavra, o cenário ficava mais sombrio na minha cabeça. Ele está me torturando. E porquê? Mas que culpa tenho eu?

- Para, por favor. Já chega. - pedi incapaz de controlar a raiva e a tristeza que sentia a cada palavra que saia da sua boca.

Se levantou num pulo e agarrou meu rosto com a mão com alguma força, me obrigando a olhar para ele.

Estava me machucando.

- Deram 5 tiros nele. E depois usaram ele como o caralho de uma mensagem. - gritava para mim, tinha o rosto vermelho de raiva e coberto por lagrimas. - Tiveram a coragem de o deixar aqui, sem roupa coberto de sangue e cortes por todo o corpo. Torturaram ele até morrer, porra.

- Para! - gritei chorando e soluçando cada vez mais descontrolado.

- Não aguenta ouvir isso, princesa ? - falou com arrogância. - Você sabia que o Alison tem um filho? - apertava ainda mais meu rosto. - Hã? Como vai ficar essa criança agora? Onde está o pai dele? ME RESPONDE CARALHO!

- Eu não sei. Aron por favor... Me solta está me machucando.- consegui ver seu arrependimento por evidente segundos antes de soltar meu rosto. Recuei assusta, e só parei quando senti minhas costas tocarem no tronco da arvore.

Não entendi objetivo disso tudo, e sinceramente não queria. Entendo sua frustração, mas porquê descontar em mim?

Passou as mão no rosto na tentiva de limpar as lagrimas, e mordeu o lábio inferior antes voltar a falar.

- Essa, Diana. Essa é a merda que acontece quando você está perto daquele homem. - apontava em direção a casa, mas sei que se referia a uma pessoa. - Pessoas se machucam quando se tornam próximas dele. Viram alvos, vitimas. - deu um paço na minha direção, e eu me encolhi mais como consequência. - Não deixa ele manipular você.

Diana Guerra [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora