Capítulo 15 (Carta 16)

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(Diana Guerra)

Enfurecida com as palavras que tinha acabado de ouvir, vou com toda raiva do mundo enfrentar meu tio. Eu pedi por emprego e ele afirmou o ter para mim, não que seja obrigação dele mas se vai tomar decisões como essa, deveria pelo menos me avisar antes. Gostaria de ter recebido essa informação de outra pessoa, odeio ter que ser Adam a ter esse privilégio.

E outra, com certeza não deve ter muito da minha mesada para gastar, e tenho quase certeza que o meu pai deixou de transferir dinheiro para minhas contas. Estou precisando desse emprego.

Mesmo sentindo essa raiva toda, não consegui ignorar meu medo e opto pelas escadas. Mas um erro para lista.

- Tudo bem ? - Anne pergunta preocupada assim que me vê. - Sabe que não pode entrar assim...Espere!

Ignorei por completo seu aviso, e invadi a sala sem nenhuma delicadeza.

- Como assim vai me demitir? - estava prestes a continuar, quando reparei que meu tio não estava sozinho.

- Eu peço desculpas, senhor Blake. - Anne que corria atrás de mim falou. Papá sorriu para ela dizendo que estava tudo bem e depois pediu que saísse com gesto simples de mão, que a mesma obedeceu na hora, pedindo licença antes de se retirar.

De frente para a grande mesa de escritório, meu pai sentado de pernas cruzadas me encarava. Eu esperava ver odio nos seus olhos, mas em vez disso presenciei sua indiferença. O homem não parecia ressentido, e depois de ter virado cara me desprezando, com certeza nem sente minha falta.

Ele queria que eu me sentisse culpada, e a sua atitude agora quase me fez chorar, mas eu sei que não fiz nada de errado. Decidi ignorar a sua presença assim como fez comigo, eu entrei nessa sala por um motivo e apenas por esse motivo continuarei.

- Porquê não me quer aqui? - perguntei.

- Eu quero, meu bem. - falou, eu não sei como ele acreditava que eu confiaria nessas suas palavras depois do que ouvi.

- Então porquê pediu para o Adam me demitir?

- Porque eu mandei. - meu pai falou, alto e claro. Talvez ele tenha pensado que tem controle da minha vida, mas isso mudou, deixei de o dar esse poder no momento em que saí daquela casa.

- E você aceitou? Assim sem mais nem menos? - falava para e apenas com o meu tio, me recusava sequer a dirigir palavra para meu pai. Nesse momento não queria nem acreditar que estávamos existindo na mesma sala.

- Não é assim tão simples, filha. - Richard se sentou parecendo cansado.

- Então me explica, porque eu ainda não entendi muito bem. No caso, esse homem pensa que pode ter poder na minha vida, e você, que sempre me pediu para fugir dele, está agora lhe entregando o poder para continuar o fazendo. - pensei em voz alta, para que acompanhassem meu raciocino.

- Se é trabalho que você quer, Diana. - meu pai diz. - Pode trabalhar comigo.

- Não quero mais nada que vem de você muito obrigado. - disse. - E eu vou ficar aqui, eu tenho direito de ficar.

Metade de todo esse edifício era da minha mãe, uma vez que a empresa era do pai dela. Meu tio assumiu tudo depois que ela morreu, mas segundo o testamento é tudo transferido para mim quando fizer 21 anos, que é No próximo ano. O meu plano desde o inicio era deixar tudo com o papá, eu não quero administrar metade de uma empresa, acho que não me sairia bem com isso. Na verdade eu tenho certeza.

- Nós sabemos disso querida. Mas o melhor para você agora é se afastar.

- Eu sei o que é melhor para mim, - ao contraio do tom do papá, o meu era bem mais agressivo.

Diana Guerra [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora