O tempo que passo com ela é sem dúvida a melhor parte do meu dia. A sombra de mistérios caí só de ela, ninguém conhece suas origens, apenas seu passado conturbado e suas acções complexas a tornam no ser que é.
Não tem como definir essa garota, ela é obstinada, sabe o que quer, porém a sua péssima reputação vai a seguir para todos os lados. Queria eu, que ela me permitisse olhar para ela de um modo tão profundo e diferente, sonho em conhecer o interior dessa garota, quero estudar cada centímetro dela, entretanto reservo no meu íntimo cada pensamento sobre meus desejos indecentes com a mesma.
Desfrutar do almoço em sua companhia, foi mais do que suficiente para aquecer meu coração, acelerar meu corpo de maneira incomum. Já provei várias drogas, nenhuma é como Martina Ross. Dando sinais discretos do meu interesse, passei os dedos na palma de suas mãos de vez em quanto, seu olhar mortífero baixou sobre mim mostrando descontentamento. Terminando sua refeição, Martina saiu da mesa como um foguete, Vanessa com mais calma e sorrindo, levantou-se indo embora, antes mesmo de se afastar ela murmurou um " Desculpa por ela, e obrigada pela companhia agradável". Sinceramente ri do comportamento de Martina. Terminando meu prato de comida, limpo a boca com um lenço descartável, saio do refeitório passando pela enorme porta de vidro.
— Você só pode estar brincando. — Andando a passos largos em frente ao quadro verde de avisos, Carla gritava sem parar, suas palavras ecoavam no corredor vazio.
— Hum.— Murmuro.
— Quem te viu, que te compre Brian. — Sua risada irónica soa para mim. — Você e eu, temos um pequeno segredo.
— Você e eu, temos muitos segredos minha cara.— Provoco, mesmo sabendo exactamente do " segredo" por ela referido.
— Você não atreveria. — Em voz baixa falou.
— Crianças não podem brincar com o fogo. — Sorri. — Mantenha o nosso segredo, e eu mantenho os seus.
Ignorando suas ofensas sussurradas, retomo a minha caminhada. Carla sempre foi mimada, quer tudo do seu jeito apenas por capricho próprio. Voltando atrás no tempo, não entendo como pude namorar alguém assim, tão pouco entendo como a apresentei como namorada aos meus pais. " Existem razões, que não podem ser explicadas" eis a única explicação possível.
Terminando a caminhada entre os corredores, parado na porta de saída analiso o ambiente eufórico do lado de fora, pelas portas de vidro. Tomo a coragem de passar para o outro edifício acinzentado. O edifício B permite acesso direto ao grande ginásio, alunos desfrutam das aulas de voleibol feminino e masculino.
Outros, se posicionam nas arquibancada de madeira, fazendo suas apostas entre os times azul e vermelho. Olhando para cada canto, na esperança de encontrar ela. Encontrar seu rosto na pequena multidão não produz os resultados esperados. Frustrado, chuto pedras pelo caminho me afastando mais e mais do ginásio, quando dou por mim, estou pisando a grama verde molhada, suspiro sentido a água tocar meu calcanhar, agachando limpo o mesmo com o lenço de papel retirado do bolso traseiro da minha calça jeans azul. Retomando a posição inicial, meus olhos se perdem no edifício simples de vidro, exibindo uma flora admirável, o verde no vidral acompanhando de cores vivas tomam a atenção de qualquer um. Movido pela curiosidade, sigo pela grama até a clara de madeira dando acesso direto ao interior. De costas, e cantarolando uma morena se entretém regando rosas, a delicadeza do seu toque no regador verde, despejando água como a chuva, molham as pétalas e folhas das rosas vermelhas no vaso. Quando a morena vira removendo uma tesoura de poda no bolso de seu avental de jardinagem, seus olhos azuis, revelam sua identidade.
— Não sabia que adorava a jardinagem. — Disse eu, chamando sua atenção. Martina vira arregalando os olhos.
— Poderia começar com uma saudação. — Calmamente falou. — A boa educação está visivelmente perdida.— removeu as luvas de jardinagem e o avental pousando-os na mesa metálica ao lado.
— Perdoe-me.— Tento parecer inocente, suas atitudes nunca mudam, causando confusões em qualquer um. Passo a mão pelo cabelo tentando relaxar, sempre que chego perto dela eu fico ansioso.
— Não.— Virou-se para mim arqueando a sobrancelha direita.— Você acaba oficialmente de tirar minha paz. — Bateu as palmas dramaticamente.
— Pela segunda vez, me perdoe. — Doeu ouvir isso. Não estava esperando uma saudação calorosa, mas também, não esperava tanta frieza dela. — Eu posso ir se assim preferir.
— Faça o que quiser. — Sem ao menos olhar para mim, ela fala. — Só não encoste em mim. — Advertiu.
—Você é sempre assim?.— Questiono. — Ou é assim só comigo?.— Acrescento
— Você faz perguntas demais. — Rebateu sorrindo. — Seja como um livro, permita que as pessoas vejam sua capa, leiam a sinopse e depois, se surpreendam com o conteúdo.
— Hum. — Murmuro passando a mão pelo queixo. — Que tipo de livro você, acha que sou?.— Mesmo temendo sua resposta questiono.
— Atraente.— Sorri com o seu comentário aprofundando um pouco mais sinto verdades saindo dela
— Pela capa, ou em geral?.— Afastando uma mecha de sua cabelo e o prendendo na parte traseira de sua orelha, Martina suspira.
— Você faz perguntas demais, eu já disse isso?.— Riu me deixando confuso. — Fica na dúvida. — Referiu-se a minha pergunta.
— E você, sabe que tipo de livro é?.— Martina acena com a cabeça dizendo sim. — Não sabe. — Discordo a deixando de cenho franzido. — Você é o tipo de livro, com uma capa linda, tão delicada, sua sinopse é curiosa, e seu prólogo é duvidoso. Você, é o tipo de livro no qual necessito perder-me agora. — Seu olhar ainda cai duvidoso sobre mim.
— Você é bom demais com palavras. — No final de sua fala, Martina ri sem humor me deixando confuso.— Fica longe de mim. — Tornado um lenço de papel de sua mochila preta, Martina limpa uma fina camada de suor em seu rosto. — Se proteja e para de ser tão teimoso, isso me irrita.— Abano a cabeça tentando compreender as palavras dela, o que ela tem que preciso manter distância? É tão difícil aceitar que eu posso fazer ela bem.
— Você está com medo, me deixa ler você.— Arrisco a dizer. Aos poucos me aproximo dela, a mesma não recua, usa a sua mão como sinal de negação me fazendo parar. — Sem máscaras, mostre os lugares onde eles deixaram cicatrizes. — Propus.
— Desiste!— Ordenou. Pegando em sua mochila, a mesma passa por mim indo até a saída. — E, ninguém deixa cicatrizes além de mim em meus jogos. — Confessou.
— Você tem medo, de acabar apaixonada por mim e,não conseguir segurar isso.— Grito o mais alto possível para que ela possa escutar, a mesma vira-se e mostrando os dois dedos do meio para mim. Ri.
A vejo seguir seu caminho pelo gramado, a perdendo de vista depósito minha concentração na estufa, é igual a da minha mãe, lembro dela organizando cada flor em cantos diferentes. O vaso de rosas deixando por Martina se encontra fora do lugar, segurando o vaso castanho escuro de plástico, com cuidado o pego até a outra mesa metálica onde se encontra outras flores. Olhando para o local uma última vez, penso nela. É tão difícil saber quando eu devo realmente avançar, sempre que pareço progredir ela puxa o tapete. Ninguém disse que seria fácil mas eu não penso em desistir tão cedo.
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Último beijo
Jugendliteratur" O amor é um jogo, e apenas dois podem jogar" Martina Ross teve seu coração quebrado da pior maneira possível, e no pior dia de sua vida. Apartir desse instante ela mata sua antiga personalidade. Durante um tempo ela fez do amor um jogo, onde apena...