Uns minutos depois, a empregada disse que ela podia entrar e levou-a até umas portas enormes.
-O senhor David está aqui dentro – disse a mulher, com mais simpatia – Mas aviso-a que ele não vai gostar de saber que o vai interromper, quando ele pediu para não ser mais interrompido.
Rafaela revirou os olhos e bateu a porta, dentro ouviu David berrar com o telefone e atirar um copo contra a parede.
-Não chega – berrou ele, por detrás daquelas portas.
Rafaela decidiu entrar e parou a porta do escritório, com a visão de David com a camisola mal apertada, com o cabelo despenteado e a atirar coisas contra a parede. David pousou o telefone quando a viu entrar e Rafaela fechou a portas atrás de si, fechou a chaves porque era ela agora que não queria ser interrompida.
-O que raio se passa? – perguntou ela chocada.
-Aqui esta a culpada disto tudo – disse ele, apontado para ela.
-Estiveste a beber? – perguntou ela, mas teve a resposta quando sentiu o seu hálito a álcool e viu várias garrafas de álcool vazias na sua secretaria.
-O que é que achas? – perguntou ele levantando-se, mas quase caindo ao chão – E a culpa é tua, todinha tua.
-O que é que estas a falar? – tentou perceber ela – E porque ligaste ao teu irmão? Estás tolo e se ele descobre-se o que andamos a fazer?
-Estas com medo que o meu irmão descubra que te ando a foder? – perguntou ele rindo – Talvez não o devesse andar a fazer então.
-Estás-te a sentir bem? – ela estava chocada com o que ele andava a dizer.
-Só liguei ao meu irmão para dizer que o seu plano era uma estupidez, tal como ele e que ele não vai gostar de saber o que te ando a fazer – disse ele sentando-se no chão encostado a sua secretária.
-Eu sei que mais tarde ou mais cedo temos de lhe contar. Mas achas que bêbedo é a melhor maneira de lhe contar? – perguntou ela indo em sua direção lentamente – Vamos para casa.
-Eu não quero ir contigo, para a tua casa – respondeu ele pondo a mão na sua cabeça e olhando para o chão – Eu quero ir para a minha casa, longe de ti. Para não fazer mais estragos dos que já fiz.
Rafael foi cada vez mais em sua direção, mas acabou por chutar uma das garrafas de álcool que estavam no chão, o que a fez cair ao chão de joelhos, com sorte conseguir amparar a queda com as mãos, no entanto doía-lhe a perna, parecia que tinha torcido o tornozelo.
– Merda – disse ela, levantando-se do chão.
David levantou-se agora mais acordado e levou-a para se sentar no sofá que ele tinha no meio do escritório.
-Estas bem? – perguntou ele olhando bem para ela e acariciando a sua cara – Devia por pimenta nessa língua.
-Sim, acho que só magoei um pouco o meu pé – disse ela olhando para ele e beijando-o – Pensei que gostavas da minha língua quando te desafia.
-E gosto, mas não devias dizer palavrões – disse ele sorrindo.
-Pensei que tinhas aprendido que não me podes controlar – disse ela sorrindo – Ou que não me esqueço dos pormenores importantes e não desisto quando quero saber alguma coisa. Por isso: o que quer dizer com a tua casa?
-Sim, eu sei que não desiste nunca – disse ele rindo tentando não dizer a verdade - O meu apartamento – disse ele por fim sem conseguir mentir ou esconder a verdade, porque estava bastante bêbedo – Eu não te disse, mas esta semana o meu apartamento ficou pronto.
-Porque não me disseste?
-Porque não queria que me expulsa-se da tua casa, não queria que me dissesses que tudo tinha acabado, porque já não ia viver contigo ou qualquer coisa do género, o que acontece no verão fica no verão. E para além disso tinha uma surpresa para nós, ia mostra-te o apartamento para quando tivesses pronta para levar o nosso relacionamento para outro nível. Queria que tudo fosse perfeito para a primeira vez que dormisse-nos juntos, afinal de contas era a tua primeira vez.
-Isso é querido – disse ela sorrindo – Mas o que queres dizer com queres estar longe de mim para não fazeres estragos? E quem estava ao telefone para te fazer perder a calma assim tão fácil?
-Foi um detetive privado que contratei. Na outra noite, quando me perguntaste pelo meu pai, fiquei a pensar nisso e contratei um detetive privado. Afinal de contas o meu pai não sabe que eu existo, mas tem uma família perfeita, tem uma mulher e dois filhos mais novos. Fiquei zangado porque os meus pais me mentiram e achei que a culpa era tua, foi por isso que liguei ao meu irmão, para te magoar. Desculpa, sou um idiota, mas achei que se te magoasse não querias estar mais comigo.
-Mas o que isso tem haver com não queres estar perto de mim? Porque tens medo de me magoar?
-Porque foi isso que o meu pai fez sem querer. Para além de saber quem era o meu pai, também descobri mais sobre a minha mãe e sobre a relações dos dois. Os meus pais eram namorados, quando a minha mãe andava no secundário, o meu pai era mais velhos cinco anos que a minha mãe. Conhecerem-se numa festa e apaixonaram-se, mas o meu pai era um rufia estava metido numas cenas maradas, traficava droga e assim. Os meus avós proibiram a sua relação, mas a minha mãe amava-o demais e por isso continuaram a namorar as escondidas. O meu pai acabou por se aperceber que ele estava a fazer mal a minha mãe, porque não lhe podia dar uma boa vida e porque os seus pais a iam deixar sem nada se continuassem a relação, então meu pai acabou tudo e fugiu para outra cidade, sem saber que a minha já estava grávida dele. A minha mãe ficou depressiva quando descobriu que ele a tinha deixado e por isso não se tratou, o que acabou por levar a sua morte quando nasci.
-Mas o que é que isso tem a ver comigo?
-Porque tu és como a minha mãe, inocente e perfeita, mas eu sou como o meu pai, sou um mau caminho e vou levar-te nesse mal caminho se continuar esta relação contigo. Vou te manchar de uma forma tão marcante que te vou deixar impura para outros homens. Eu amo-te e quero que sejas feliz, mas acho que não te posso dar essa felicidade que mereces, eu sou demasiado fodido, nunca te poderei dar o futuro perfeito que sonhas. Eu não quero levar-te para o fim do poço comigo, amo-te demasiado e por isso vou te libertar, enquanto tu não estas partida totalmente como a minha mãe. O meu pai mandou a minha mãe para o fundo do poço, ele engravidou-a e essa gravidez matou-a. O amor que o meu pai tinha pela minha mãe destrui-a e não vou deixar que faça o mesmo contigo.
-David, nos não somos os nosso pais.
-Mas eu sou tão egoísta como ele, ele foi egoísta quando deixou a minha mãe sem saber que o que ela queria e o que era melhor para ela. Eu vou te magoar, acabei de ligar ao meu irmão a dizer coisas horríveis, só para te magoar.
-Fizeste-o porque me querias proteger. Foi errado, mas tinhas boas intenções, não achas que devias atribuir-te um pouco mais de valor por isso.
-Mas de boas intenções esta o inferno cheio, querida. Devias seguir em frente, nem que seja com outro homem, por muito que isso me doa.
-Então eu vou ao inferno contigo, não quero saber onde esta relação me pode levar. Eu amo-te e tudo que quero fazer é estar contigo, o resto não importa, o resto iremos resolver. Toda esta tua raiva pode ser resolvida, mas o meu amor por ti não pode ser apagado.
David sorriu e contemplou a bela mulher que lhe estava a abrir o coração depois de todo aquele tempo.
-Que tem tanta graça? - perguntou ela corando.
-E engraçado como foi preciso apenas um minuto para te amar, mas seria preciso mil vidas para te esquecer?
-Aposto que usas essa cantada com todas – disse ela rindo também e revirando os olhos – Vamos para casa agora, por favor.
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Ligações profundas
RomanceRafaela é uma rapariga simples e trabalhadora, as coisas que ela mas adora são fazer bolos e passar tempo com os seus dois melhores amigos, Diana e Tiago. David é um homem extremamente bonito e sedutor, aos seus vinte e seis anos é já dono de uma da...