Capítulo 10 Um ombro amigo

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Rafaela estava agora no seu segundo trabalho e não sabendo bem o porquê passou o dia a pensar no que teria acontecido com João, ela lembra-se de ver alguém chamar a ambulância e sabia que ele tinha levado uma grande porrada, e não era que estivesse preocupada com ele, mas queria saber se ele iria ter o que merecia e se Ana alguma vez iria saber o que se tinha passado. Ana merecia saber o tipo de homem com que tinha casado e talvez Rafaela a devesse avisar.

Acabado o trabalho na firma decidiu ir para casa, mas qual foi o seu espanto quando ao sair do prédio em que trabalhava, viu David sair também das portas do elevador. Não sabendo bem o porquê, ela tentou esconder-se porque naquele momento não tinha forças para lutar com ele. "Mas o que estaria ele a fazer ali?", pensou antes de correr para a porta, de forma a não se encontrar com ele.

Quando chegou ao seu prédio estava determinada a falar com Ana, foi em direção da porta desta e por sorte ela estava a sair de casa.

-Ola – disse Rafaela com medo de aquela não ser uma boa hora.

-Ola Rafa – disse Ana sorrindo, mas notava-se que por baixo de toda aquela simpatia, ela estava cansada e triste.

-Esta tudo bem? – perguntou ela uma vez que notou as marcas de choro por baixo de toda a sua maquilhagem.

-Não – disse suspirando – Tu não vais acreditar no azar que tenho.

-O que se passa? – disse Rafaela, no momento em que Ana começou a chorar – Queres entrar para tomar alguma coisa e falar? – perguntou Rafaela porque sentiu pena da mulher triste que tinha a sua frente.

Uns segundos depois e duas chávenas de chá depois, Ana parou de chorar e olhou com um ar de cansada para Rafaela.

-O João deixou-me – disse ela por fim – No dia do nosso casamento, ele andou numa luta com um homem e não me contou o que se passou. Eu disse-lhe que me podia contar tudo e que o ia amar para sempre. Depois de uns minutos sem dizer nada, ele finalmente me admitiu que me anda a trair, com outra mulher e que no dia do nosso casamento o namorado dela foi lá acertar contas, porque descobriu o caso deles. Não acredito que ele me andava a trair, não depois de me ter atirado a cara que o tinha traído uma só vez.

-Ele é mesmo um idiota – foi a única coisa que ela conseguiu dizer.

-Ele disse-me que depois de ter descoberto que o andei a trair, decidiu que ele merecia uma pausa também. E por isso decidiu envolver-se com uma mulher qualquer, mas que no dia o namorado dela descobriu e foi ajustar as conta com ele. Eu não queria acreditar ao principio, mas a medida que ela ia contando aquilo eu percebi que era a única explicação para ele andar t~~ao distante antes do casamento. Nesse momento, percebi tudo e decidi que não podia continuar casada com ele. E pronto decidi divorciar-me e expulsa-lo da nossa casa.

-Acho que fizeste bem, tendo em conta a situação pela qual estas a passar.

-Ele hoje vem buscar as suas coisas, deve estar quase aqui, foi por isso que quando me encontraste estava quase a chorar. Desculpa lá.

-Não há problema – disse confusa porque ela própria sabia que não era aquilo que tinha acontecido – Podes sempre contar comigo, é para isso que servem os vizinhos.

-Obrigada por me ouvires, já me sinto melhor só pelo fato de ter deitado tudo cá para fora. Mas é melhor ir antes que ele chegue.

-Sim é melhor, mas se precisares podes sempre vir tocar a minha porta.

-Obrigada – disse Ana levantando-se e indo embora em direção da sua porta.

Uns minutos depois, Rafaela viu, pelo buraco que tinha na porta, João sair da sua antiga casa, com uma caixa na mão, este tinha um olho negro e um braço engessado. O que teria feito João inventar aquela historia a Ana? E porque que raio ele tinha tido a decência de a deixar em paz? Uma coisa era certa para Rafaela, isto tudo só podia ter sido obra da outra pessoa que de facto sabe o que se passou verdadeiramente naquela noite.


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