Capítulo 7.

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POV Rafaella Kalimann.

— Lella, podemos almoçar no Subway? — Mariana me lançou um olhar ansioso e animado enquanto tomava seu sorvete. A encarei por sobre meu ombro e vi que ela parecia uma criança que estava indo ao shopping pela primeira vez. Sorri. Eu não seria capaz de negar nada a ela com aquela carinha.

— Claro, Nana. — assenti e a vi comemorar, ficando ainda mais adorável ao tomar mais de seu sorvete. — Mas você tem certeza de que vai conseguir almoçar depois de comer essa casquinha que de pequena só tem o nome?

Subitamente, a expressão infantil e fofa deu lugar a uma carranca fechada. Fodeu.

— Comida é comida, Rafa. Eu vou almoçar de qualquer jeito. — Mari retrucou séria e eu levantei os braços em sinal de rendição. Não se deve, em hipótese alguma, brincar com Mariana e com comida. O resultado não é muito legal. — Enfim, já sabe o que vai comprar?

— Ainda não... — choraminguei olhando para as vitrines das lojas, desesperadamente tentando encontrar algo que chamasse a minha atenção, mas tudo parecia fútil e idiota demais. — São seis anos longe, eu não sei se os gostos dela mudaram.

— Ela vai fazer vinte e cinco anos, Lella... — Mariana fez uma pausa para lamber um filete de sorvete que escorria pela casquinha. — Não acho que os gostos dela tenham mudado tanto assim. Se mudaram foi pouca coisa.

— Suas palavras foram de grande ajuda, Mariana. — respondi irônica e ela deu de ombros voltando a comer a sua casquinha. Isso, me troca por uma casquinha mesmo, desnaturada. — O que você acha que seria um bom presente de aniversário de vinte e cinco anos?

— Sexo. — Mari soprou, concentrada em sua casquinha, e eu a encarei com os braços cruzados embaixo de meus seios. Ela olhou de seu sorvete para mim e ergueu as sobrancelhas. — Ah, é... Eu esqueci... Desculpa. Bom, acho que... Não sei. Do que ela gosta?

— Porra, nem parece que a Bia foi sua amiga também.

— Ela era minha amiga, mas nunca fomos de trocar intimidades. Graças a Deus essa parte era sua.

— Não me faça lembrar dos detalhes. — ergui a mão pedindo que parasse e ouvi sua risada debochada atrás de mim. — Por que eu te trouxe mesmo?

— Porque você queria companhia. — Mari deu de ombros ao me encarar. — E porque você me prometeu um almoço.

— Tô bem de melhor amiga mesmo... — suspirei e voltei a procurar por algo pelas vitrines.

Não é possível que nada nunca seja suficiente para encher aquela barriga. E o pior é que a barriga de Mariana era trincada. Tão trincada que chegava a ser ridículo em comparação ao tanto que ela comia.

— Eu posso ligar para a Manu e perguntar do que ela gosta, se quiser. — Mari sugeriu limpando os cantos da boca com o guardanapo. Por um momento até ponderei  ideia, mas Mariana iria engatar em uma conversa interminável com a namorada e iria esquecer de mim. Além de eu querer escolher algo por mim mesma. É questão de orgulho!

— Não precisa, eu quero escolher por conta própria. — respondi e Mariana revirou os olhos, indo jogar o papel amassado na lixeira.

— Questão de orgulho? — ironizou ao retornar e parar do meu lado. Assenti. — E o que você vai fazer, então?

— Como a boa competitiva que sou eu vou tornar isso uma competição entre eu e... Eu. — sorri e lancei uma piscadela para Mariana, que acabou rindo.

— Eu adoro suas competições consigo mesma! — Mari exclamou animada e eu parei de andar para encará-la. — Posso jogar a pergunta?

— Manda aí que eu estou pronta! — esfreguei as mãos uma na outra e Mariana olhou em volta. Ela estava pensando em algo.

uma última vez. || rabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora