uma última vez. || rabia

Capítulo 8.

POV Rafaella Kalimann.

Nunca pensei que levar um tapa na cara seria tão doloroso. Doloroso em vários sentidos, que fique claro.

Primeiro: realmente doeu. O tapa de Bianca não foi nada leve, apesar dela ser mais baixa e mais fraca do que eu. 

Segundo: eu tenho certeza de que esse tapa na cara é apenas o começo de tudo o que eu vou ouvir e sentir com ela a partir de agora.

Levantei a cabeça e levei minha mão direita até a minha bochecha, massageando o local e o sentindo extremamente quente. Tenho certeza de que os dedos dela estão marcados aqui. Olhei para onde Bianca havia ido e não a vi em nenhum lugar, apenas escutei Gizelly dizer que ia atrás dela.

— Lella, você está bem? — escutei a voz receosa de Mariana e senti o toque de sua mão, reconfortante, em meu ombro. Me virei para fitá-la e encarei seus olhos preocupados.

— Aham... — assenti, ainda meio perdida. Quando realmente entendi sua pergunta, neguei com a cabeça e voltei a massagear a minha bochecha dolorida. — Eu não estava esperando por isso.

— Acredite, nem eu. — Mari disse com um pequeno sorriso moldando seus lábios. De certa forma, era realmente reconfortante. Não tanto quanto eu queria, mas era bom. Ter Mariana comigo era uma benção. — Mas vamos combinar aqui que foi um belo de um tapa.

— Ah, foi lindo! — respondi sarcástica e Mari acabou rindo, me fazendo rir nasalado também ao balançar a cabeça.

Desci o olhar para a pessoa que estava ao lado dela e encontrei Manu. Ela me encarava de cima a baixo, como se me analisasse, então esperei até que seus olhos encontrassem os meus para que eu pudesse falar com ela devidamente.

— Manu, você lembra de mim? Sou eu, a Rafa. Rafa Kalimann.

Manoela semicerrou os olhos para mim e me deu um soco - nada fraco - no braço.

— Porra! — tirei a mão na bochecha de imediato e levei até o meu braço direito. Que diabo de mão pesada. Pesada demais para uma garota tão baixa e franzina. — Por que fez isso, Manoela?!

— Rafa, pelo amor de Deus, me desculpa! — Manu pediu com as mãos sobre a boca e com os olhos arregalados. — Sério, me desculpa, é que eu prometi para a Bianca que, se algum dia eu te visse novamente, eu te daria um soco. Era para eu socar o seu nariz, mas eu jamais conseguiria fazer isso. — ela explicou de forma rápida e eu encarei Mariana, que olhava para Manoela com as sobrancelhas arqueadas em surpresa.

— Então você lembra de mim?

— Claro que sim! Todas as vezes que te vi com a Mari... E pensar que eu não te reconheci por causa das mudanças na aparência. Você era loira. Sua fisionomia está muito diferente! Você amadureceu e... Cresceu, não é? Não que você já não fosse alta perto de mim antes, mas agora você está ignorante de tão alta!

— Eu sei, eu também não te reconheci quando te vi na biblioteca. — abri os braços para receber minha amiga em um abraço, que foi prontamente aceito pela mais baixa. — Você também era loira e seu cabelo era bem comprido. E você mudou bastante na fisionomia também! Já na altura... Bom, o importante é ter saúde.

— Não achei nada engraçado. — ela reclamou ao que nos afastamos do nosso abraço um tanto apertado e saudoso. — Me desculpa de novo, mas eu precisava fazer isso.

— Está tudo bem, Manuzinha. — neguei com a cabeça, sorrindo despreocupada para que ela esquecesse e parasse de se preocupar. — Acredite, eu mereço bem mais do que um soco no braço. A propósito foi um belo soco. De onde tirou tanta força?