✴️ Capítulo 42 - Kátia ✴️

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A voz do Henrique no telefone era de puro desespero, ouvir ele me dizendo que o restaurante havia pegado fogo, e que ele e a Katarina, a minha filha, estavam lá no momento e que agora eles estavam indo para um hospital; me fizeram quase ter um colapso nervoso. Não sei se foi o choque, por saber que os meus dois primeiros amores, haviam ou estavam correndo perigo, ou se foi a ideia de que eu poderia perdê-los, sem ter lhes contado toda a verdade; essa, que eu nunca tive coragem de dizer e que a cada dia que se passava, tornava-se mais difícil de contá-la.

O Henrique sempre foi o meu grande amor. No tempo do colégio, eu e ele éramos muito amigos, tínhamos o sonho de estudarmos na mesma faculdade, quando terminássemos o ensino médio. Porém, os seus pais lhe disseram que tinham conseguido uma bolsa de estudos, em uma das melhores faculdades na Itália, para que ele pudesse estudar Gastronomia. No começo ele pensou em recusar, mas eu fiquei insistindo para que ele aceitasse; uma oferta dessa não se recusa. Com isso, nós dois decidimos curtir o máximo que pudéssemos, antes que ele fosse realmente embora. E no seu último final de semana, aqui no Brasil; a gente foi acampar em uma praia deserta, junto com os nossos outros amigos do colégio. Era meio que uma despedida entre nós todos.

Assim, acho que não tivemos muito tempo para dizermos o que realmente sentíamos um pelo outro. Apenas resolvemos nos entregar uma ao outro e fazermos amor, como se fosse o nosso primeiro e o último momento de curtição. Achamos que não iria ter importância, pois em breve nos separaríamos e aquilo ficaria como uma boa e velha lembrança, da nossa amizade que no fim, havia ficado um tanto colorida. No entanto, eu não esperava que daquele final de semana incrível, onde nós dois compartilhamos uma entrega total, viria a dar fruto para a nossa primeira filha. A minha primogênita, que veio de um amor louco e avassalador; porém, de uma única noite, essa, que nunca foi esquecida.

Ele disse que voltaria, mas eu nunca acreditei. E quando eu descobrir que estava grávida, eu não quis lhe contar, para não o fazer voltar correndo, esquecendo de tudo e de todos, inclusive, do seu futuro. Eu não queria ser a pedra de tropeço, que iria lhe impedir de poder crescer na vida. Assim, resolvi assumir aquela responsabilidade sozinha. E foi daí que surgiu o Pietro, o pai das minhas outras duas filhas; Karen e Karina. Ele sempre foi a fim de mim, mas não sabia se teria alguma chance comigo, devido a eu estar sempre junto do Henrique; e depois que ele foi embora, viu finalmente a oportunidade na sua frente. Eu não lhe escondi a verdade, de que esperava um filho de outro, mas ele disse que me queria mesmo assim. Com um tempo, eu aprendi a lhe amar e a cultivar o que nós sentíamos um pelo outro.

Éramos felizes, fomos felizes por bastante tempo, mas acho que isso não lhe parecia o suficiente, pois assim que o Henrique voltou para o Brasil, depois de quase vinte anos, os sentimentos que eu havia tentado esconder e apagar durante todos aqueles anos, havia começado a voltar. E acho que o Pietro percebeu isso, pois ele também começou a ficar estranho. Os seus ciúmes haviam voltado a crescer, e assim, a ele demorar cada vez mais no trabalho. Não tínhamos mais a mesma química que antes, então, passamos a conviver, mas por conveniência.

Foram difíceis longos anos, até ele me ver conversando com Henrique novamente; mesmo que nós nos falássemos apenas por amizade, ele não queria. E foi em um desses seus surtos, que ele decidiu sair de casa e ir embora sem me dar nenhum tipo de satisfação. Fiquei aborrecida com ele no começo, mas sabia que não tínhamos mais como levar aquele relacionamento para frente; até as meninas, estavam nos notando diferente. Por isso, nós conversamos e decidimos acabar de forma amigável. Não queria ter que ter inimizade com alguém, na qual foi muito importante na minha vida. Pois, além de todo o carinho que ele me deu, eu ainda fui presenteada com mais duas preciosidades, que hoje, são os meus outros mais dois tesouros. Elas são tudo o que eu tenho. As três.

Assim que vejo a minha Kat, entrando deitada em uma maca, juntamente com o Dylan e o Henrique, segurando a sua mão. O meu coração quase se despedaça, ao pensar que ela possa estar gravemente ferida ou que corra algum risco de vida. Além disso, tinha também a minha netinha, que eu não fazia ideia de que se ela estava bem. Correndo até eles, desesperadamente para vê-la. Eu a vejo usando uma máscara de oxigênio e com as suas duas mãos enfaixadas.

Sr. Collins - Descobrindo o seu mundo (2° Livro)Onde histórias criam vida. Descubra agora