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LARISSA


Quando eu era criança, eu tinha uma professora de música com a qual eu era muito próxima. Ela me disse uma vez: quando você viver uma experiência nova, escreva sobre ela. E então, você poderá cantar sobre ela: se ruim, você canta para se livrar do peso; se boa, para se lembrar de cada segundo.

E foi isso que eu fiz.

Meu irmão tinha chegado mais cedo para avisar que ia dormir fora e acabou vendo os meninos, então eu tive que explicar o que estava acontecendo e ele ficou tranquilo. Até demais, na verdade. Ele puxou um papo com os meninos e até resolveu dar carona para eles antes que meus pais chegassem, pelo que fiquei agradecida. E então, enquanto as meninas estavam na sala, eu fugi para o meu quarto e peguei meu caderno, escrevendo cada detalhe da noite passada.

Essa noite foi A noite. Realmente.

Eu me senti incrível e, ao mesmo tempo, terrivelmente intimidada. Incrível por finalmente conhecer meus meninos, e por cantar para alguém além das minhas amigas. Intimidada pela mesma razão. Cantar com eles me deu uma sensação incrível de liberdade, como se um peso enorme fosse tirado dos meus ombros. Eu não sei porquê me senti assim, se eu nunca estive presa. Talvez seja porque uma faísca de esperança tenha renascido dentro de mim, o pensamento de que talvez, só talvez, eu tivesse uma chance de progredir na música, de viver dela e para ela.

Talvez tenha sido o pensamento influenciado pelo álcool que passou pela minha cabeça no momento, de que talvez eu não precisasse passar uma vida toda exercendo uma profissão que, apesar de eu gostar, não seja o que eu realmente quero, só para agradar meus pais.

Talvez.

E foi exatamente por isso que me senti intimidada. Por não conhecer esses pensamentos, não saber o que viria junto com eles, não saber qual o terreno novo no qual eu estaria pisando.

Então eu escrevi. Escrevi cada pensamento, como se eu precisasse prendê-los ali para que não desaparecessem. E para que eu não achasse que eu tinha apenas imaginado cada sensação da noite passada.

- So, girlsss - eu sorri, no outro dia. - O que faremos hoje? Ainda temos um dia todo pela frente - falei animada.

- Ugh, por que você tá gritando? - Carol grunhiu, colocando o travesseiro em cima de sua cabeça. - E como assim, você não está de ressaca?

- Simplesmente porque eu não bebi cachaça como se fosse água ontem à noite - justifiquei, sorrindo. Apesar de tudo, eu estava animada.

- Hm... tá muito animadinha hoje - Eliza sorriu, apoiando o cotovelo no travesseiro e a cabeça em sua mão. - Isso tem algo a ver com alguém cujo nome começa com Brad e termina com Simpson?

Todas nós estávamos no meu quarto, eu e Eliza em minha cama e Tays e Carol em colchões no chão.

- E por que teria? - perguntei, descontraída. - Não é como se algo pudesse acontecer entre nós.

Elas cismaram que o Brad gosta de mim, e eu fico lisonjeada. Bom, eu ficaria. Se fosse verdade.

- Oh, eu acho que é exatamente assim. Ontem a cara dele quando eu disse que ele parecia gostar de você foi impagável. Você devia ter visto. - Eliza riu.

- Ughh, calem a boca - Tays gemeu, apertando os olhos.

- Claro que foi! O cara chega no Brasil e nas primeiras horas já é acusado de gostar de alguém - revirei os olhos, respondendo Eliza. Ainda por cima esse alguém sendo eu, acrescentei mentalmente. - E vocês tratem de deixar o garoto em paz. O coitado...

Right Now || The VampsOnde histórias criam vida. Descubra agora