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LARISSA

Quando Brad foi embora, foi como se o peso do mundo caísse sobre mim novamente.

Será todos me vêem assim? Fria, sarcástica e sem coração?

Eu sei que sou muito boa em camuflar meus sentimentos, mas minha intenção nunca foi ser fria com as pessoas. Na realidade, eu me compadeço das pessoas e me coloco no lugar delas, disposta a me sentir como elas e a entender como elas se sentem.

Mas dar ouvidos à Letícia e dizer que ela estava certa? Que eu era realmente aquilo? Isso eu poderia esperar de qualquer um, menos do meu irmão.

Com uma leve batida, a porta do meu quarto se abriu, revelando meu amigo com um pequeno sorriso.

— James? O que você está fazendo aqui?

Ele andou até a minha cama, se sentando ao meu lado.

— Lucas abriu para mim. Eu vim ver como você está.

— Lucas está aqui? — murmurei, surpresa.

— Ele já estava saindo, na verdade — James fez carinho no meu cabelo. — Ele estava com umas caixas, acho que ele está indo pra algum lugar.

— Ah. — suspirei. É claro que ele não veio falar comigo, ele veio só buscar as coisas dele.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, até James suspirar.

— Olha, Brad me contou o que aconteceu. Seu irmão é um babaca.

Suspirei novamente.

— Eu sei.

— E a namorada dele também, aparentemente.

— É — concordei, triste.

James suspirou e se levantou, indo até meu guarda-roupas. Ele abriu a primeira porta, tirando uma camiseta dos Vingadores do cabide e um par de shorts jeans que estava dobrado logo embaixo e jogou em mim.

— Mas o que...

— Agora você vai se vestir e nós vamos sair. Eu não aguento ver você assim, toda... sei lá, qual a palavra em português para triste?

— Tem muitas. Nós somos muito bons em inventar palavras. Borocochô é uma palavra que inventamos e é bem popular — me sentei, pegando o par de roupas que ele jogou em mim.

— Ok — ele riu baixo, abrindo minha primeira gaveta.

— James, não se atreva a mexer nas minhas roupas íntimas!

— Okay, okay. Mas essa rosa aqui é super linda — ele puxou um conjunto de renda da gaveta, me ignorando completamente, e eu quis gritar. — Você poderia fazer uma surpresa para o Brad — ele balançou as sobrancelhas, me fazendo rir.

Me levantei e puxei a lingerie da mão dele, colocando na minha cama.

— Você podia facilmente ser meu amigo gay, sabia?

— Sim, eu poderia. Isso quer dizer que fui promovido? — ele gargalhou, enquanto eu empurrava ele pra fora do quarto para eu poder me trocar.

— Sim. Você é, oficialmente, meu amigo gay. Agora sai!

Nos últimos dias eu e James conversamos bastante, sobre várias coisas, mas o tema principal dele era Carol. Ele e ela estavam brigando como gato e rato depois de terem transado, e James parecia mais frustrado do que nunca. Eu também estava com a cabeça cheia por causa da situação com a minha mãe e com a minha... relação, com Brad. Estávamos basicamente ajudando um ao outro, já que eu conheço Carol e James conhece Bradley.

Eu sei que concordei em estar com o Brad, mas isso não faz com que as caramiólas parem de nascer e se enrolar em minha cabeça, sobre como vai ser quando ele for embora. Será que ele vai querer manter contato? Será que ele vai preferir apagar meu número e fingir que nunca me conheceu? Será que continuaremos amigos?

Tantos "será" que até fico tonta.

— Então, o que está passando por essa sua cabecinha? — James me cutucou, enquanto andávamos lado a lado pelo estacionamento do shopping.

— Piolho — murmurei, coçando a cabeça enquanto olhava pra frente, e James riu. — Ai, quero sorvete. E ficar bêbada.

Ele riu alto, me fazendo sorrir um pouco. James é a coisa mais fofa da vida, sério. Além de ser um ótimo amigo, ele tem um dos sorrisos mais lindos.

— Bem, podemos tomar sorvete e depois comprar uma linda garrafa de Hennessy.

— Nossa, queria. Muito. Mas é cara pra caralho, e eu gastei muito dinheiro no desastre de jantar com meu irmão no fim de semana.

— Fiquei sabendo! Brad me contou como você saiu por cima — ele subiu o primeiro degrau da escada rolante. — Como é que se diz por aqui mesmo? É... você jantou com classe. Me conta como foi!

Agora foi minha vez de gargalhar.

— James McVey! Você falando gírias brasileiras é a minha nova religião.

Contei pra ele que joguei o dinheiro na mesa e disse que eles podiam ficar com o troco e ele riu.

— Queria muito ter visto a cara deles.

Pedimos nossos sorvetes e nos sentamos em uma das mesas ali.

— Eu ainda acho incrível como nós temos liberdade por aqui — James suspirou, colocando uma generosa quantidade de sorvete em sua boca.

— E eu acho incrível como você não tem dentes sensíveis — suspirei, tentando não fazer careta quando o sorvete gelado encontrou meus dentes. — É... o pessoal por aqui curte músicas internacionais e são fãs, mas a maioria prefere as nacionais. Tipo sertanejo, funk e essas coisas.

— E você não gosta?

— Tá brincando? — ri baixo. — Eu amo demais a música de vocês e de todas as boybands e girlgroups que estão grudados na parede do meu quarto. Mas pra dançar mesmo, as nossas são melhores.

James franziu a testa, como se estivesse tentando se lembrar de algo e sorriu em seguida.

— Oh, sim. Eu me lembro de ter visto suas danças. Não vou refutar seu argumento — ele deu um sorriso malicioso e eu ri.

Comi mais um pouco do sorvete, meus pensamentos indo parar em Brad.

— Os meninos estão no hotel?

James me olhou, balançando a cabeça afirmativamente.

— Eles estão finalizando alguns detalhes com nosso produtor. Lá pro dia quatorze ou quinze tem lançamento de uma música nova — ele sorriu, me deixando animada. — Eles estavam bem putos, na verdade. Com tudo isso que aconteceu com você — ele explicou. — Principalmente Brad.

— Como assim? — Foquei minha atenção no meu sorvete enquanto ouvia.

— Ele disse que não teve tempo de ficar puto enquanto estava com você, porque ele estava focado em te animar. Mas quando ele chegou no hotel, ele estava vermelho de raiva e parecia querer atropelar seu irmão com um caminhão. Três vezes. — James gesticulou com a mão vazia e aberta para frente, para trás e para frente de novo. — Ele só sabia falar o quanto você não merecia aquilo, e o quanto ele queria ter falado alguma coisa.

Brad se importa tanto assim? Meu coração se apertou e se aqueceu com o pensamento. Mordi meu lábio bem forte para conter um sorriso... apaixonado?

— Vá em frente, pode fazer. — James sorriu, voltando a tomar seu sorvete.

— Fazer o que?

— "Awwwwwwwwnnnnnn Braaaaad" — ele bateu os cílios, colocando as duas mãos embaixo do queixo, e eu gargalhei alto, o que atraiu alguns olhares em nossa direção. Peguei meu celular e tirei uma foto daquele momento. — Hey! Espero que essa foto vá para sua pasta de arquivos confidenciais.

— Claro. Arquivos confidenciais, também conhecido como stories para melhores amigos no Instagram.

Right Now || The VampsOnde histórias criam vida. Descubra agora