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LARISSA


Minha mãe ainda não está falando comigo e eu tenho evitado ela a qualquer custo. 

Eu não falei com ela desde nossa discussão na semana passada e não espero falar tão rápido. É sempre assim: a gente discute, ela me dá gelo, então eu vou até ela de cabeça baixa e pedindo desculpas contra a minha vontade, apenas para não deixá-la chateada. 

Mas agora eu não vou. Eu já disse para mim mesma, ela vai ter que vir até mim dessa vez. Eu me recuso a ser a primeira a baixar a guarda, porque eu sempre peço desculpas mas nada nunca muda, eu só fico me fazendo de idiota.

Hoje todos vão passar o dia todo no trabalho, o que significa que terei a casa todinha só para a minha pessoa. 

Tomei um banho bem demorado e me vesti com roupas confortáveis (código para roupas velhas), peguei meu teclado e um pacote de doritos e fui para a sala, pronta para praticar algumas músicas que estão no modo repetir em minha mente. Joy se deitou no tapete, perto dos meus pés, e logo já dormiu.

This is gospel for the fallen ones, locked away in permanent slumbers, assembling their philosophies from pieces of broken memories — toquei, depois de achar um tom confortável para minha voz.

As músicas nem sempre têm um significado específico ou pessoal para mim. Às vezes eu só gosto bastante da letra, curto o ritmo dela, ou ela marca algum momento bom e me leva nessa memória toda vez que a escuto. Porém, outras vezes, é como se a música falasse o que sinto ou descrevesse algum momento crucial pelo qual passei ou estou passando.

Por exemplo, This Is Gospel não descreve nenhuma situação pela qual eu passei. Mas eu amo ela, simplesmente porque Panic! At the Disco é uma banda incrível e também a música é ótima.

We Are Young, do fun., é uma música que me transporta, através de uma memória, para uma época maravilhosa, de quando eu era mais nova. Me faz lembrar de quando eu estava na escola e passava o tempo todo com as meninas. 

Agora Saturn, de Sleeping At Last, me faz lembrar de quando minha avó morreu e chorar muito. Sem mencionar que a parte instrumental daquela música é linda.

E essa é a beleza de tudo isso: todas as músicas que amamos, quer elas sejam marcantes, descritivas ou simplesmente bem remixadas, fazem parte de nossa personalidade, de quem somos, fingimos ser ou gostaríamos de ser. Até mesmo aquelas que são ruins, que sabemos que são ruins mas escutamos mesmo assim porque, no fundo, sabemos que gostamos. 

Música é algo tão belo! 

Gravei alguns vídeos tocando e postei alguns trechos no Instagram, então senti meu celular vibrar com mensagens de WhatsApp.

De: It's Really Brad
Hey girl, what's up?

Para: It's Really Brad
WHAT'S ON YOUR MIND

De: It's Really Brad
Você, na verdade *sorriso provocante*
Tá fazendo o que agora?

Tentei ignorar totalmente aquela inquietação no estômago, popularmente conhecida como borboletas, e contive um sorriso.

Para: It's Really Brad 
HEARD YOU MOVED ON, AT LEAST YOU TRIED
Você não continuou a letra da sua própria música cara, vacilão demais

De: It's Really Brad 
Oh deSCULpa 
Responde minha pergunta aaa

Para: It's Really Brad
Só relaxando
Tô sozinha em casa, então... 🤷🏻‍♀️

Right Now || The VampsOnde histórias criam vida. Descubra agora