Aquele cheiro ardente no ar vinha da extensa fumaça negra que se dissipava no céu. O gavião que sobrevoa o cobertor negro muda o trajeto para o oeste, cortando fumaça e identificando as pessoinhas com seus enormes olhos amarelos.
Para Carly, a silhueta da ave é vista como um retrato minimalista na imensidão cinzenta. Essa imagem é bloqueada pelo rosto barbudo de Rulek, ajoelhado do seu lado.
Cristina aparece em seu campo de visão, agachando-se vagarosamente e deixando a M4 de lado.
– Oi. - Carly disse com a voz fraca.
– Oi. - devolveu Cristina, embargada. entrelaça seus dedos na mão dela.
– Que tarde de merda.
O comentário tira uma breve da risada da dupla.
– Ei. Que caras horríveis são essas? - alterna para a loira e o anão.
– Ainda continuo mais bonito. - Rulek sorriu de canto. Carly também.
Ela tosse uma fração de sangue que fica no canto de sua boca.
– Shhh. - Cristina limpa a região. – Vamos te levar pra enfermaria.
– Não. Eu não... Não sinto minhas pernas. - respira fundo. – Não sinto nada, na verdade.
– Por isso que precisa ir.
– Cristy... eu tô legal. Sério. - tosse. Volta-se para Rulek. – Se cuida homenzinho. - toca em seu rosto.
Rulek deixa uma lágrima escapar, do qual Carly enxuga com o dedão. Ele funga e concorda com a cabeça.
– Não vou te esquecer.
_ Eu sei. - volta a Cristina. – Ganhamos?
– Acabou, sim. Estamos bem. - os olhos enchem e o semblante abre um sorriso.
– Que bom. Vocês...
A cabeça de Carly cede, os olhos paralisam e a firmeza das mãos vai embora.
Cristina sente a mão deslizar sobre a sua e cair no chão. Ela olha para o Rulek que também tem os olhos marejados. Põe a mão carinhosamente sobre os olhos de Carly e baixa suas pálpebras.
Erich abre a porta do Jipe batido na portão da garagem; o motorista zumbificado tomba para o lado, quase agarrando o besteiro. Preso cinto, a criatura não consegue. Erich agarra o braço agitado e enterra a faca no centro da testa pálida do assassino de Carly. O sangue escorre na lâmina e vai até o chão.
– Ei. - Derick aparece, carregando uma espingarda na bandoleira e uma balestra no outro braço. Erich reconhece a arma de seu irmão na hora. – Acho que isso te pertence. - Derick estende a besta.
– Valeu.
Erich retoma a posse de sua herdada arma. Numa breve checagem, ainda garante a pequena letra D feita a faca na base como se fosse um selo de autenticidade. Ele olha para Derick e acena de cabeça, saindo de cena.
Aquele enorme facho do sol vespertino já ameaçava ir embora no centro da garagem revirada. Enchimentos de travesseiros e colchões compõem todo o chão, mais alguns cacos de lamparinas estilhaçadas e corpos fuzilados aqui e ali.
Essa é a visão que Jack tem enquanto transita pelo corredor de camas, com a perna manca - do qual está enfaixada duas camadas de bandagem. Ele parou bem debaixo da entrada de luz, pousou em Yuki a alguns metros a frente e presenciou a enfermeira enterrar a faca cuidadosamente na cabeça de Nelson. Ela cobriu o rosto pálido dele com o lençol e levantou o olhar choroso para Jack.
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Era Zumbi: O Próximo Mundo
ActionUma doença desconhecida assola o mundo, trazendo os mortos de volta a vida. Os vivos tentam sobreviver em meio a esse mundo que os deixa à beira da sanidade.