Olá, leitores! Estou aqui com mais um capítulo da fanfic para vocês 💜 Pensei que não conseguiria atualizar, já que meu aniversário é agora, dia 10. Mas, consegui! Espero que tenham uma ótima leitura 💜Recomendo ouvirem Muiiya (instrumental), do Byun Yo Han, durante a leitura. Acho que traz um sentimento a mais (viajei com a música ao escrever o capítulo)
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
A floresta era banhada pelo sol vespertino, fazendo com que tímidos fios de luz aparecessem entre as árvores. Ao meu lado, o jovem mestre fazia um gesto com o dedo indicador ao pedir silêncio e, em seguida, apontava para a mata à nossa frente – parecendo uma criança que ansiava um brinquedo. Tínhamos saído juntos para uma caça casual, na esperança de conseguirmos carne de boa qualidade, por isso o jovem mestre usava roupas parecidas com as minhas – inteira preta, com uma faixa da mesma cor amarrada na testa. Era incrível como a roupa se destacava quando era ele quem a usava.Esperava o momento certo para atacar a presa. Precisávamos ser cautelosos. Um movimento em falso e estaria tudo...
– Aish! – Exclamou em frustração. – Quase peguei!
...perdido.
– Quantas vezes já disse para ires com calma, jovem mestre? – Suspirei, colocando a espada de volta na bainha. – Esta é a quarta vez que perdes uma presa.
Ele me fitava com um biquinho, fazendo-me querer rir. Como eu amava sua expressividade.
– É difícil, Hyunmin. – Agitava a espada, inquieto. – E já disse para chamar-me apenas de Youngjae. – Agora, apontava-a em minha direção e a guardava. – Sabes que eu o considero alguém próximo desde minha infância.
– Eu sei, porém prefiro chamar-te de jovem mestre. Acredito que seja mais educado.
Foi possível enxergar seus olhos revirarem antes de começar rir.
– Bobagem. Não precisas ser educado comigo, idiota. – Batia em meu ombro, sem medo de machucar. E, em seguida, envolvia meu pescoço com seu braço esquerdo, como de praxe.
Sendo assim, gargalhadas passaram a preencher a floresta enquanto meus cabelos – antes amarrados com perfeição – eram bagunçados por ele em uma provocação antiga entre nós. De repente, parecíamos duas crianças a brincar. Como se nada e ninguém pudesse nos tirar aquele momento. Como se fôssemos apenas Hyunmin e Youngjae, sem uma classe que nos separasse.
Para ser sincero, chamava-o de jovem mestre afim de ter um gancho para me puxar de volta à realidade. Socialmente, um nobre nunca trataria seu servo como um igual. Porém, era diferente com ele. Ao contrário da maioria, este sempre me vira sem preconceito, como um ser humano. Sempre me tratara com respeito, carinho, mesmo sabendo minha classe social. E é por isso que eu precisava de um lembrete. Algo para lembrar-me do meu próprio lugar.
– Vou parar apenas se chamar-me de Youngjae. – Sorria, brincalhão. Ele nunca desistia.
– Bobagem. – Retruquei, conseguindo agarrar minha espada. Em questão de segundos, via-me livre.
– Está bem, está bem! Tu venceste, de novo. – Ainda ria, fazendo um gesto para fazer-me relaxar. – Podes guardar a espada. Isso... – Agora, era eu quem sorria. – Até quando agirás desse jeito?
Dei de ombros, como sempre fizera, e posicionei-me perto de uma árvore, afim de descansar da pequena brincadeira. Evitando a resposta. Precisava acalmar meus pensamentos antes de continuar a caçada. Todo dia era como uma batalha. Eu precisava me manter são o tempo inteiro, tendo em mente de que meus sentimentos por ele eram errados, perigosos... impossíveis. O jovem mestre era como o sol – belo, necessário, caloroso e inatingível. Um servo como eu, que nem ao menos sabia sobre sua própria linhagem, não deveria ansiar por alguém assim. Ter sua amizade já era um grande fortúnio...
Apenas não contava com o que estava por vir.
– Hyunmin! – Gritava ele, assustado, agarrando sua própria espada.
Mesmo antes de me virar, senti uma dor aguda perto da região do pulso. Em seguida, uma víbora caía. Morta pelo jovem mestre. Observei a picada, ainda com dor.
– Deixe-me ver. – Tomava meu pulso rapidamente, preocupado. Fitava a região machucada atentamente, franzindo o cenho em preocupação. Suas mãos tremiam pela adrenalina e, meu coração, apertava por saber que fui a causa disso. – A picada foi feia... – Pensava alto, soltando-me brevemente.
Antes que eu pudesse dizer uma única palavra, o jovem mestre tirava a faixa de sua testa e a amarrava acima do ferimento, para evitar que qualquer veneno se espalhasse.
– Não precisas fazer isso. – Disse, em vão, tentando não transparecer a dor que sentia.
Ignorando-me completamente, o jovem mestre levava o corte à sua boca, passando a sugar o máximo de sangue envenenado que podia, lenta e gentilmente [1]. Senti uma espécie de dor, misturada com constrangimento, à medida em que ele o fazia. Seus lábios, macios em minha pele, causavam-me um calafrio inexplicável – como se eu fosse desmoronar a qualquer instante. Tentava ao máximo não transparecer esses sentimentos, mas, provavelmente, não conseguia. Em todos esses anos, eu nunca conseguira o enganar. Era como se ele pudesse enxergar todas as minhas emoções, assim como enxergo as dele.
Naquele momento, em meio ao silêncio e tensão, a floresta e suas criaturas pareciam nos observar em silêncio.
***
Voltamos para casa lentamente, visto que a dor no braço apenas aumentava e andar cada vez mais complicado. Assim que chegamos, o jovem mestre pedira a alguns criados chamarem um médico local o mais rápido possível e, o diagnóstico, felizmente não fora grave. De acordo com o profissional, eu havia sido picado por uma víbora comum na região e, para a minha sorte, seu veneno não era fatal. Só precisaria de um descanso intenso, sem movimentos bruscos.
– Ainda bem que não fora nada muito grave... – Suspirava meu jovem mestre, colocando um pano com água fria em minha testa.
Eu não podia o enxergar, visto que o cansaço me impedia de abrir os olhos. Mas, apenas sua presença ali me trazia paz.
Fazia mais ou menos uma semana desde que a febre começara. Eu jazia deitado, ainda sofrendo em decorrência dos sintomas. O jovem mestre vinha aos meus aposentos todos os dias, quase toda hora, afim de me entreter e realizar os procedimentos médicos necessários. Muitas vezes, quando a dor se tornava insuportável, cantava e tocava para que eu me distraísse. Sua voz, doce e suave, chegava aos meus ouvidos como um canto celestial, fazendo-me ficar calmo a ponto de dormir tranquilamente. Vê-lo assim, cuidando de mim, fazia-me sentir seguro. Frágil, porém protegido. Se não fosse por ele, provavelmente já estaria morto em algum lugar de Joseon. Embora meu trabalho seja protegê-lo, era ele quem me salvava. Desde o momento em que agarrara a minha mão pela primeira vez.
– Pensar na possibilidade de perder-te... – Pensava alto, acreditando que eu não pudesse ouvi-lo. – Realmente me assusta.
Ele acariciava meus fios negros, carinhosamente, com seus dedos longos, fazendo meu coração acelerar. Estava cada vez mais difícil de disfarçar meus sentimentos. De manter minha postura.
Não sei até quando conseguirei chamar-te apenas de jovem mestre, Youngjae.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Notas:
[1] - Hoje em dia, não é mais recomendado esses procedimentos citados na fanfic. Em casos de picadas por cobras peçonhentas, recomenda-se deixar a vítima o mais imóvel possível, identificar o tipo que a mordeu e levar ao hospital. Sugar o veneno, mesmo que não tenha nenhum efeito colateral em quem o faz, pode piorar o quadro (já que aumenta as chances de alguma infecção).
E foi esse o capítulo de hoje, galera! Eu me senti profundamente conectada ao escrever esse capítulo e espero que tenham conseguido sentir isso pelo menos um pouquinho ao lê-lo. Muito obrigada por lerem até aqui, vejo vocês no próximo~ 💜
VOCÊ ESTÁ LENDO
Prelúdio {kth+jjk} [HIATUS]
FanficApós dois anos recluso, preso em sua própria consciência, Kim Taehyung finalmente cria coragem para recomeçar sua vida e lhe atribuir novos significados. Mesmo com o dom de prever o futuro com um único toque, ele não havia sido capaz de evitar o tra...