Capítulo 12 - Ruptura.

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                O dia já não parecia promissor desde o momento em que Jungkook mandara uma mensagem avisando que não conseguiria me acompanhar ao trabalho. Por conta disso, precisei aturar consecutivas dores de cabeça pelo transporte lotado e tédio durante o trajeto. Eu havia esquecido do quão monótono era pegar um ônibus sozinho, sem a presença de alguém para distrair meus pensamentos e preencher um vazio desconhecido.

Sentia como se meu cérebro fosse explodir pelos tipos de futuro que visualizei hoje. Eram tantas tragédias – desde diagnósticos de doenças terminais até demissões e términos de namoro – que já me encontrava completamente esgotado e sem energias para aguentar o dia. Meus únicos consolos eram o tempo fresco e saber que veria o mais novo assim que chegasse à livraria.

Respirei o ar puro ao sair do ônibus, massageando minhas têmporas lentamente na tentativa de aliviar o incômodo. E, como se minha manhã não pudesse fica pior, ouvi um tilintar frenético aumentar seu volume a cada segundo.

– CUIDADO! – Gritou uma voz fina desconhecida, pilotando uma bicicleta em alta velocidade.

Ao olhar em sua direção, pude raciocinar apenas alguns segundos antes da colisão.

Não sei como o outro estava, mas eu estava sentindo uma puta dor no joelho e minhas mãos ardiam muito. É, eu as tinha ralado. Que dia lindo.

– Meu Deus! – Exclamou o desconhecido, trêmulo. – Desculpa! Você tá bem?

Pelo seu sotaque diferente, pude notar que se tratava de alguém de fora – provavelmente se mudara há pouco tempo, já que o dialeto estava próximo ao de Seul. Ele estava um pouco manco e seus cabelos ruivos bagunçados pela queda.

– Desculpa mesmo. O freio da minha bicicleta parou de funcionar e... – Fitou minhas mãos. – Ai meu Deus, você se machucou por minha causa. – Ele parecia querer chorar, claramente se sentindo culpado pelo ocorrido. Mas fazer o quê? Acidentes como esses acontecem direto.

– Fica tranquilo. – Respondi, sincero. – Foi um acidente, você não tem culpa se o freio parou de funcionar. Ou tem? – O olhei em brincadeira, passando a tentar me levantar. – Não sei né, vai que você vê o futuro e planejou me atropelar desde o começo.

Gargalhou alto.

Lógico, quem no mundo teria essa habilidade além de mim? E se existir, gostaria de desejar a essa pessoa as mais sinceras forças, porque não é fácil manter a sanidade mental.

– Você é estranho, gostei. – Ou a brincadeira tinha sido realmente engraçada ou era seu senso de humor que era tão ruim quanto o meu. – Consegue levantar sozinho? Parece estar com dor.

– Não precisa. – Respondi imediatamente, fazendo um esforço maior para conseguir ficar em pé.

Espero não ter soado grosso ou desesperado, mas sentir mais uma dor nesse momento era a última coisa que eu precisava.

– Consegue andar? – Perguntou, observando minha expressão de agonia. – Quer ir ao hospital? Eu pago.

Entrei em desespero ao imaginar os médicos me examinando, tocando em cada ferida. Eu teria um colapso.

– Não. Não. Não gosto de ir em hospitais. Não precisa mesmo. – Okay, eu acho que meu tom de voz saiu um pouco tenso demais. – Tenho que ir pro serviço. Não posso me atrasar. – Tentei não demonstrar nervosismo dessa vez.

Como se pudesse compreender os mais profundos dos meus sentimentos e preocupações, apenas deu um pequeno sorriso e assentiu compreensivo. Em seguida, foi até a sua bicicleta quebrada e a levantou, claramente mostrando sua intenção de seguir em frente.

Prelúdio {kth+jjk} [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora