Capítulo 14 - Interlúdio III.

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As risadas dos três jovens mestres ecoavam por toda a sauna, preenchendo o lugar com uma felicidade e irmandade genuína. Era impossível não sorrir ao ouvir a intensa gargalhada de meu jovem mestre ao jogar água em seu irmão mais novo e sua reclamação ao ser repreendido pelo mais velho. Qualquer um que passasse por aqui, saberia o quão próximos eles eram – algo extremamente raro entre o meio nobre. Geralmente a rivalidade pela herança era o que prevalecia nas relações familiares, mas esse – felizmente – não era o caso dos nobres os quais eu tinha o prazer de servir.

– Joonjae-hyungnim. [1] – Começou a dizer Samjae, manhoso. – Temos que sair assim mais vezes. Não aguento mais olhar apenas a face de Youngjae.

Uma rajada de água pôde ser ouvida.

– Tu falas isso, mas não consegues ficar um dia sem conversar comigo. – Meu jovem mestre parecia satisfeito ao dizer isso, sabendo que era verdade. – E esquecestes que sou mais velho? Quando irás começar a me chamar de "hyungnim"?

– Temos apenas poucos meses de diferença, meu irmão. Por que perderia tempo chamando-te com honoríficos?

Mais uma movimentação. Provavelmente Samjae recebera um peteleco na testa.

– Não importa quanto tempo eu fique fora, continuam os mesmos garotos de sempre. – Riu o mais velho, aparentando estar muito feliz. – Tentarei concluir as preparações para o meu casamento o mais rápido possível, então prometo que lhe farei mais companhia, Samjae.

O primeiro jovem mestre havia saído para conhecer sua noiva há poucas semanas e as duas famílias estavam se reunindo constantemente para discutirem os preparativos. Como a prometida vivia longe, precisavam enfrentar uma longa viagem, resultado em um período de afastamento entre os irmãos. Era notória a falta que o mais velho fazia na casa.

– É verdade, tu vais casar em breve. Havia esquecido por um momento. – Dissera o mais novo, um pouco pensativo.

– Claro que esqueceras, és o único que não precisa se preocupar com noivados. Ser o filho mais novo tem as usas vantagens. – Respondera Joonjae em bom humor, jogando um pouco de água no outro.

Fitei Kang Woo, percebendo um pequeno sorriso em seu semblante.

Assim como eu, estava ouvindo a conversa atentamente do lado de fora e aguardava de olhos fechados os jovens mestres. Era sempre o que fazíamos quando estes se reuniam.

– Falando em casamento, Youngjae, mamãe dissera que encontrara uma jovem nobre que seria perfeita para ti. – Comentou Joonjae, fazendo-me ficar paralisado. – Provavelmente irá apresenta-la logo.

Não consegui ouvir uma resposta do outro lado.

Naquele instante, um choque de realidade caíra sobre mim e um aperto doloroso envolvia meu peito. Meu jovem mestre precisaria se casar em breve, já que se encontrava na idade ideal e sua família precisava firmar acordos políticos.

Eu sabia disso.

Sempre soubera.

Então...

Por que isso continuava a me machucar?

Tentei respirar fundo, abrindo um sorriso forçado em meu rosto ao sentir o olhar preocupado de Kang Woo. Embora nunca tivesse verbalizado o que sentia, ele parecia compreender todos os meus pensamentos.

***

Durante toda a volta para casa, não trocamos uma palavra sequer. Fiquei apenas a observar ele e seus irmãos conversarem alegremente sobre coisas triviais, ainda sentindo meu coração pesado pelo tópico anterior. Agora, de cabeça baixa, eu o acompanhava silenciosamente até seus aposentos. Precisava me afastar disso o mais rápido possível.

– Hum... Hyunmin? – Quebrara o silêncio, aparentando estar um pouco nervoso, fazendo-me ficar tenso. – Sobre aquele assunto da sauna... – Eu estava sufocado. – Não quero que se preocupes com isso. Conversarei com minha mãe assim que possível e lhe direi que não quero jovem nobre alguma.

Aquele sentimento estúpido novamente me invadia.

Eu não podia deixar isso acontecer.

– Por que estás a me dizer isto, jovem mestre? – Respondi, seriamente, retomando minha fala antes que ele pudesse responder. – Tu não deves satisfações a mim. Não é como se tivéssemos algo. Conheces teu lugar como um jovem mestre.

Diante das minhas palavras, os passos do nobre pararam de serem ouvidos e tudo o que restou entre nós foi aquele opressivo silêncio. Sim, estava ciente do peso das minhas palavras e era por isso que não me virei para encará-lo – eu o havia ferido, mas eu não podia me arrepender. Era melhor assim.

– É verdade, tendes toda a razão. Não há absolutamente nada entre nós. – Respondeu, enfim, em um tom de voz que nunca ouvira antes. Seus passos foram retomados e, em questão de segundos, ele havia me ultrapassado.

Ao alcançar a porta de seu quarto, fitou-me profundamente. Seu olhar era intimidador e frio como nunca tinha sido. Toda a ternura e amabilidade jaziam e davam lugar à raiva e frustração. Eu senti meu âmago tremer.

– Pois então apenas tratai-o de cumprir vossa obrigação.

Em um estrondo, entrara em seu quarto.

Finalmente sendo capaz de levantar minha face, encarei a porta com os olhos agora marejados enquanto cerrava meus punhos. Por mais que eu desejasse envolve-lo em meus braços, proferir desculpas para que seus soluços se encerrassem e confessasse tudo o que guardo em meu coração... eu não poderia fazê-lo.

Era o melhor para nós dois.

Ele detinha um futuro – um destino – o qual precisava cumprir... e um mero servo não tinha o direito de ansiar estar nele.

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Notas: 
[1] - Irmão mais velho (mais formal).


Bem, tretinha até no Interlúdio (desculpa KKKKK). Se tudo der certo, atualizo a fanfic até quarta-feira 💜 Os próximos capítulos são bem importantes para a história, bem mesmo, então vai ser um misto de emoções muito grandes. 
Até a próxima 💜

Prelúdio {kth+jjk} [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora