Fora durante o primário que vi Yoongi-hyung pela primeira vez.
Hobi e eu brincávamos pelo quarteirão, aproveitando o clima veranil que fazia em Daegu naquela tarde, quando avistamos um carro preto acompanhado de um enorme caminhão de mudanças. Do veículo, um garotinho um pouco mais velho que a gente descia – com seu bichinho de pelúcia favorito entre os braços – observando atentamente o lugar que seria sua nova casa. Me recordo de pensar nunca ter visto uma criança tão branca na minha vida – não que eu tivesse vivido muito, deveria ter uns seis ou cinco anos no máximo – e da felicidade que senti ao perceber que teríamos mais um amiguinho para as nossas travessuras. Como éramos as únicas crianças do bairro, ficamos eufóricos com a novidade. É engraçado lembrar de Hoseok-hyung o assustando ao abordá-lo com aquela bola vermelha, a olhá-lo animadamente, como se implorasse para brincar com a gente naquela mesma hora. A expressão que Yoongi-hyung fizera antes de sair correndo fora hilária – embora na hora eu tivesse batido em Hobi por tê-lo espantado –, mas não demorou muito para que conseguíssemos convencê-los a sair.
Depois daquilo, nós três passamos a ser inseparáveis.
– Fico aliviado em saber que está indo comigo esse ano. – Comentou Hobi-hyung ainda focado na estrada, o esboço de um sorriso visível em seu semblante. – Ele vai ficar feliz em te ver.
– Será? – Pergunto, sentindo um nó se formar na garganta. – Não o visitei uma única vez depois daquilo. Ele com certeza está chateado ou bravo comigo.
Por mais que essa possibilidade me assustasse e fizesse meu peito apertar, era fato a minha covardia nesses últimos anos.
– Não penso dessa forma. – Fito-o, surpreso. – O Yoongi que conheço entenderia e esperaria até você estar pronto. Ou esqueceu de como ele sempre sabia o que se passava na nossa cabeça mesmo quando não falávamos nada?
Demos uma pequena risada, com a nostalgia a nos invadir por um momento.
Era verdade.
Durante a época da escola, Yoongi-hyung sabia quando meu corpo estava prestes a entrar em um colapso e cuidava discretamente de minha saúde, ajudando-me a evitar esbarros e monitorando minha alimentação.
"Taehyung-ah, quer meu lanche? Não estou com fome hoje."
Ele também nos distraía com alguns jogos e saídas aleatórias ao perceber que um de nós passava por um momento conturbado. Era incrível como não precisávamos dizer uma única palavra acerca do que nos afligia para que o tivéssemos ao nosso lado, nos confortando.
Hyung era realmente um irmão mais velho para mim.
– Chegamos. – Anunciou Hoseok, estacionando o carro em frente a um grande prédio. – Vamos?
Dirigira um suave sorriso em minha direção com o intuito de transmitir confiança e segurança, fazendo-me retribuir o gesto.
Observo com cuidado o local, sentindo a ansiedade tomar conta de meu corpo à medida em que seguia o mais velho. A simplicidade e calmaria eram características marcantes do cinerário, visto que aqui estão as memórias dos entes queridos que já não estavam mais nesse mundo; e eu estava com sorte por não ter tantas pessoas presentes no dia de hoje. Não sei se seria capaz de lidar com tantas informações simultaneamente. Eu havia finalmente criado coragem para encarar uma realidade a qual fugi durante todos esses anos, minha cabeça já se encontrava cheia e perturbada o suficiente.
Sinto meu coração parar ao ver os passos de Hoseok cessarem em frente a uma das várias salinhas.
– É aqui. – Dissera ele quase em um sussurro, respeitando a natureza do ambiente. – Preparado?
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Prelúdio {kth+jjk} [HIATUS]
FanfictionApós dois anos recluso, preso em sua própria consciência, Kim Taehyung finalmente cria coragem para recomeçar sua vida e lhe atribuir novos significados. Mesmo com o dom de prever o futuro com um único toque, ele não havia sido capaz de evitar o tra...