Capítulo 19 - Jimin.

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                Pais com grandes sorrisos orgulhosos invadiam o palco após a primeira apresentação de seus filhos, provocando um grande aperto em meu peito ao perceber que ninguém estava vindo em minha direção. Eu sabia que seria impossível vê-los ali, já que havia começado a praticar balé contra suas vontades. Sabia que não viriam ao meu encontro após terem gritados palavras horríveis direcionadas a mim – e ações –, mas, naquela época, eu gostaria de estar errado. Por mais que aquele meu papel tenha sido pequeno, eu queria ouvir as mesmas palavras encorajadoras que os outros recebiam. Eu queria ser reconhecido.

E, por isso, sua presença naquela época me foi tão importante. Como se os céus tivessem me mandado um anjo.

Quando quase todos haviam voltado para suas casas e o palco se tornava vazio, eu continuava ali. Sentado no chão de madeira, imóvel. Sentia como se todos os meus esforços não tivessem valido a pena, apesar de tudo.

Porém, alguém se aproximou de mim com um sorriso radiante como a luz do sol.

No começo, pensei que pudessem ser devaneios meus. Não conhecia o garoto que chegava cada vez mais perto, então não haveria motivo. Mas... eu estava errado.

– Você é aquele dançarino de apoio que ficava no canto esquerdo do palco, certo? – Perguntou, carinhosamente, a emanar uma energia acolhedora difícil de esquecer. Um pouco atordoado, assenti, o que fez seu rosto se iluminar. – Sabia! – Ele parecia bem alegre com a informação. – Eu sei que pareço um pouco assustador chegando assim, de repente, mas é que eu queria dizer que gostei muito da sua dança.

Pisco várias vezes. Precisava processar aquela informação.

– Mas, eu sou só um figurante. – Retruco praticamente no mesmo instante por reflexo. Talvez eu o tivesse deixado confuso. – Além disso, eu errei um movimento no meio da apresentação.

– E daí? – Respondera como se não fosse nada. – Independente do seu papel, você conseguiu transmitir várias emoções com os seus passos. Senti seus sentimentos ao dançar, até mesmo chorei em alguns momentos. E sobre errar? Acontece. Só leve isso consigo e treine ainda mais pra não cometer o mesmo erro futuramente. Você tem futuro, garoto.

Sua mão então vai até meus cabelos e assim ele os bagunça em um gesto gentil. Meus batimentos cardíacos ficam estranhamente rápidos com isso.

Acabei por esboçar um sorriso quase involuntário pela espontaneidade e começo a sentir os olhos arderem pela vontade repentina de chorar.

– Hoseok-ah! – Exclamou um garoto ao fundo, o qual me cumprimentou ao notar minha presença. – Vamos logo, Taehyungie tá nos esperando!

Como se lembrasse de algo importante, sua expressão suave fora tomada por uma espécie de ansiedade. Não pude deixar de dar uma pequena gargalhada.

– Já vou, hyung! – Gritou em resposta. Olhou-me uma última vez antes de se por a correr. – Me chamo Jung Hoseok, também sou dançarino e espero te ver em uma competição logo. Caso eu não lembrar de você, só diga que era o dançarino de apoio. Tenho certeza que vou lembrar na hora. Tchau!

Lembro de sorrir como um bobo ao me lembrar daquelas palavras durante toda semana, enquanto assistia aos vídeos do lendário Jung Hoseok de Daegu. Eu queria o reencontrar a todo custo, então cheguei a me inscrever em diversas competições e procurei melhorar minha dança o máximo possível para que eu conseguisse enfrentar algo a nível nacional para, assim, atingir meu objetivo de vê-lo. Mas... de nada adiantou quando finalmente consegui. O garoto pelo qual havia começado a nutrir fortes sentimentos não estava mais atuando na dança por motivos desconhecidos e não havia outra forma de o encontrar.

Foram anos de uma procura incessante, desde os meus dezesseis, até que desisti aos vinte. Acho realmente incrível a minha capacidade de ter continuado a insistir nesses sentimentos por tanto tempo – sério, completou dez anos, o conheci quando tinha quinze –, mas acredito que tenha algum motivo por trás disso. Nunca fui de gostar de alguém por tanto tempo, ainda mais quando não tenho contato, mas fora diferente com Hoseok. Como se eu tivesse esperado para me apaixonar por ele.

É estranho pensar algo assim, porém os acontecimentos que andam acontecendo após minha mudança para Seul têm alimentado essa ideia absurda.

Eu fiquei absurdamente em choque ao entrar na livraria com meu mais novo amigo – que já considero um irmão, mesmo em tão pouco tempo – e ver o homem que procurei por tanto tempo bem na minha frente. Embora sua aparência estivesse um pouco diferente – mais adulto e másculo –, eu tive certeza que era ele. Meu coração não acelerava por mais ninguém. Não tinha dúvidas. Só que pareceu tão irreal ouvir sua apresentação, ouvir sua voz e olhar seu sorriso que permaneceram os mesmos; que demorei alguns segundos para ter coragem de segurar sua mão. Tive realmente vontade de dar um beijo em Taehyung depois de tudo isso, eu só o havia encontrado por causa dele.

Mas nada supera a surpresa que senti ao fitar a mensagem de Taetae dizendo que meu webtoon favorito, o qual me distraíra durante momentos extremamente difíceis, era de autoria de Hoseok. Observei o teto por longos segundos na tentativa de digerir a informação, raciocinar se era possível alguém estar tão conectado na vida de outro.

Naquela hora eu tive a certeza de que Jung Hoseok era o amor da minha vida, mesmo sem ele saber disso. Ou pelo menos alguma espécie de alma gêmea, porque não é possível que eventos desse tipo ocorram o tempo inteiro. Sério, quais as chances?

E tem mais uma coisa.

– Vai falar logo ou vai ficar me encarando com essa cara emburrada o caminho inteiro? – Pergunta Seokjin-hyung no volante, carinhoso como sempre, porém sem deixar de prestar atenção na estrada.

Respiro fundo, me preparando para colocar para fora o que estava entalado.

– Hyung, por que não comentou que conhecia Hoseok-hyung? – Manifesto minha indignação do dia. – Você sabe que tenho procurado ele há anos. Se tivesse me dito, teria poupado tempo.

Uma gargalhada.

– Como eu ia saber que era o mesmo Hoseok? O conheço muito pouco, mesmo tendo uma espécie de contato há dois anos. E outra, – parava no semáforo vermelho – você nunca me contou o sobrenome dele e ficava se referindo a ele como "sol" ou "anjo". Acabei que nem associei.

Ah. Era verdade.

– Você tem um ponto. Tinha me esquecido disso. – Sorri, constrangido por minha falta de atenção aos detalhes.

Balançava negativamente a cabeça, a zombar de mim. Resisti à vontade de lhe dar um soco – não queria que sofrêssemos um acidente por algo tão besta.

– Mas, Jimin. – Viro meu rosto em sua direção ao ser chamado. – Por que não fala sobre isso pra ele? Que vocês já tinham se conhecido. Acho que ele se lembraria de você. Pouparia tanto esforço.

Sorrio com a pergunta de Jin-hyung, sabendo que estava certo de alguma forma. Porém, não queria aquilo.

– Eu quero que ele se lembre de mim. – Passo a brincar com meus próprios dedos em um ato de vergonha. – Pode parecer um pouco tolo, mas acredito que ele se lembrar sozinho signifique que aquele momento foi importante de alguma forma. Signifique que marquei a sua vida. – Gargalhei, nervoso, apesar de saber o quão ridículo soava.

– Bobo. – Sinto um pequeno soco em minha cabeça. – Vai chama-lo para assistir à peça que estamos ensaiando?

Assinto, mostrando certeza determinação. Eu precisava convidá-lo, era a minha única chance para fazê-lo se lembrar de mim.

Afinal, não é sempre que tenho a oportunidade de performar O Lago dos Cines, assim como há dez anos. 

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Raridades acontecem, estou aqui com MAIS UM CAPÍTULO no dia seguinte LKJAHFLJDFHLASJ Fiquei tão ansiosa em fazer ele que terminei em uma madrugada, considerem ele como uma compensação pelo atraso que tive em Luto 💜💜 
Até a próxima 💜

Prelúdio {kth+jjk} [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora