Prelúdio {kth+jjk} [HIATUS]

Capítulo 18 - Interlúdio IV.

– Ele era meu amigo! – O grito tirava-me do sono profundo.

Recupero a consciência lentamente, sentindo-me um tanto atordoado com o movimento incomum no quarto ao lado. Por um momento, pensara que tivesse sido coisa da minha cabeça, porém, ao ouvir um estrondo, tive a certeza de que algo estava errado.

– Seu insolente! – Exclamava o patriarca em claro tom de autoridade, mesmo que sua voz estivesse mais baixa do que o normal. – Faça menos barulho! Tu queres que teus irmãos escutem?

Silêncio.

Era possível sentir a tensão gerada pela discussão, por mais que eu não tivesse ciência do motivo para tal.

– Não perguntarei mais nada. – A voz do mais velho entre os jovens mestres se fez presente. Ele parecia tomado por um misto de ódio e frustração. – Apenas estou a vos avisar que vossos atos certamente trarão consequências avassaladoras e não haverá cargo que poderá nos salvar.

Ao ouvir os passos pesados se aproximarem da porta, levantei-me em um impulso, pronto para qualquer punição por ter escutado algo tão íntimo. Entretanto, como se agradecesse a minha presença, aproximou-se rapidamente.

– Ouvistes a discussão, estou errado? – Nego com a cabeça, evitando quaisquer tipos de contato visual. – Levanta-te a cabeça e escute-me. – Ordenou em um tom sério, porém carregado de uma emoção que eu desconhecia.

Ao fazê-lo, sinto as mãos trêmulas agarrarem meus ombros com força. Sua expressão era tão séria quanto sua fala, porém, seus olhos avermelhados revelavam... medo.

– Algo irá acontecer em um futuro não muito distante. – Olhava para trás, conferindo se seus pais pudessem lhe escutar. – Provavelmente não poderemos prever ou nos preparar, visto que meus pais não acreditam. Então... – Engoliu à seco, aumentando a força em suas mãos. – Eu quero que protejas Youngjae independente de tudo. Entendestes?

Ouvir tal súplica fizera com que um choque invadisse meu peito. Youngjae poderia se machucar a qualquer momento...

Não.

– Não te preocupes, Joonjae-nim. [1] – Sustentei meu olhar aos seus, emanando confiança e determinação. – Protegerei Youngjae com a minha própria vida.

O mais velho suavizara um pouco a expressão ao notar minha determinação, assentindo firmemente e retirando suas mãos.

– Confio-o a ti, então, Hyunmin. – Afastou-se ansiosamente. – Avisarei a Kang-Woo sobre a situação.

Vendo-o sumir na escuridão da noite, abro cuidadosamente a porta ao meu lado e passo a observar aquele que tanto estimo em seu sono mais profundo. O noivado, o nosso destino fadado ao fracasso, nada disso agora me importava. Nada disso me assusta tanto quanto a possibilidade de perde-lo.

Eu não poderia deixar que ninguém o ferisse. Não permitiria tal coisa.

– Eu definitivamente irei te proteger.

Desperto-me assustado, sentindo meus pulmões e peito arderem pelo medo – pela angústia. A cabeça latejava, confusa, e meu corpo tremia com um frio inexplicável por mais que estivesse encharcado de suor. Me esforço para sentar na cama, agarrando o mais rápido que conseguia a garrafa d'água na cômoda ao lado e a finalizando em um único gole. Olho para o espelho no canto direito do quarto, fitando meu estado acabado com aquela confusão momentânea de não saber se sou Jungkook ou Hyunmin ao despertar.