Alguém Intrigante

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     "Enquanto o mundo dorme, eu farei justiça". Esse era o pensamento irrevogável de Lawliet, que pouco se importava com o fato de ser impossível mudar o mundo. Simplesmente possuía um desejo avassalador pela tal justiça. O jovem rapaz sabia, com toda certeza presente em seu ser, que não desistiria de seu objetivo como detetive. Mesmo que isso pudesse custar sua vida.

     Os pés do mesmo tocam o frio chão de porcelanato. Lawliet ainda não havia entrado em seu quarto, afinal, dormir naquela noite estava fora de cogitação. Ainda não terminara de processar tudo que havia acontecido em seu último caso. Havia conseguido mais uma vez. O prazer momentâneo de solucionar um caso complicado mantinha o coração de L pulsante - trabalhando em conjunto com a alta quantidade de açúcar e café que o mesmo ingeria -.

    Desejava ir logo para casa. Encontrar as crianças do orfanato e ensiná-las ainda mais coisas sobre o que aprendera nos últimos meses fora. Porém, era necessário ficar naquele hotel enquanto Viollet estivesse com Watari. A vontade de que os seguintes 7 dias passassem rápido o consumia.


     Viollet não conseguia conter seu entusiasmo. Ali, já não pensava em mais nada além do tamanho daquele quarto. Era simplesmente enorme!
       Enquanto confere suas bagagens, apenas por precaução, percebe que cometeu um pequeno deslize:

"Droga! Esqueci de ligar para minha mãe!"

     Sabia que se não entrasse em contato, a mãe poderia dar um surto daqueles. Pegando o celular e discando os números desenfreadamente, percebe mais um problema:
"Sem sinal"
   A garota revira os olhos. Precisava ir ao Lobby do hotel o mais rápido possível.

     Os instintos tímidos e retraídos da garota foram colocados em segundo plano naquele momento. Sabendo que o cartão - que servia como chave - estava em cima da mesa, Violet salta em direção à sala principal, quase que em um impulso. Abre a porta de seu quarto e, para não ser percebida, anda em passos quase inaudíveis.

     A distração momentânea não a deixou perceber a figura que a observava do outro lado da sala. Olhando para sua lateral, rapidamente, sente seu coração parar por um milésimo de segundo.

     Pôde, então, ver o alto e curvado rapaz. Ficava ainda mais bonito quando coberto pela luz da lua que atravessava levemente a janela. Até hoje, não se é possível entender o exato sentimento de Viollet naquele momento. Era, sem dúvida, a oscilação entre arrependimento e satisfação. Jurou que, se não fosse o intenso suspiro que dera, poderia desmaiar. Teve certeza de que sua pressão havia baixado.

      Tirando os fios de cabelo que descansaram sobre seu rosto, solta um riso tímido, involuntário. Tudo estava saindo do controle. Viu-se completamente sem reação com o vexame que acabara de protagonizar. Porém, em uma atitude que a mesma considerou "corajosa", Viollet retoma o fôlego e fala a frase que tanto relutara para sair:

     - E-eu preciso fazer uma ligação lá em baixo. - concluiu, sempre fazendo questão de se explicar.

      - Acho que não é bom ir sozinha a essa hora. Watari não gostaria. Posso te acompanhar, se quiser. - Responde Ryuzaki, já ciente do constrangimento em que a garota se encontrava.  Chegava a ser perturbador o quão tranquilo era seu tom de voz em qualquer que fosse a situação.

    - Pode ser. - Sorri educadamente para disfarçar o foco de suas mãos suadas, resultado da vergonha. Tentativa falha. Suas emoções estavam tão explícitas que Lawliet não entendera se a mesma estaria fazendo aquilo de propósito. Decerto, não era esse o caso.
 

     Após alguns curtos metros em direção ao elevador, Viollet, que segue andando às costas do mais velho, com as mãos enfiadas nos bolsos, percebe algo um tanto quanto questionável: O rapaz encontrava-se descalço.

Love Line { Concluída } Onde histórias criam vida. Descubra agora