Eu sou... a justiça!

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    "O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão inerente quanto a própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente. O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça - que se chama paixão"
    - Clarice Lispector


     A semana passou mais depressa do que Viollet esperava. Considerando os acontecimentos da tarde anterior, o 5º dia tinha tudo para ser o mais perfeito. Envolvido por uma aura apaixonada e poética, o hotel parecia mais vívido, as árvores mais verdes e a brisa ainda mais fresca do que costumava ser. Aquele seria um dia onde ambos não se preocupariam com mais nada. Poderiam ficar juntos e transbordar todo aquele sentimento um pelo outro.
     Lawliet virara a noite em seu quarto que, como sempre, mantinha apenas a iluminação vinda do computador. Ao fitar a grande janela, embaçada pelo orvalho da gélida madrugada, lembrou-se do dia em que decidiu ser detetive:
   
    Era uma noite fria, como aquela. As notícias anunciavam repetidas vezes um caso de assassinatos em série, mais complexo do que qualquer quebra-cabeça ou jogo de dinheiro. E então, o pequeno Lawliet, por mera curiosidade, solucionou em poucos dias, o caso que vinha sendo um enigma até para a polícia. E fora ali que tomou sua decisão. Ao sentir a calidez da justiça tocar seu peito apático e gélido, teve certeza de que não pararia de fazer aquilo nem tão cedo. E a sentença foi dada. Assumiu o nome de L, e prosseguiu resolvendo os casos mais difíceis de todos os tempos.
 
       O rapaz permanece encarando a janela, preso em seus devaneios. A investigação do Kira estava sendo, sem dúvidas, a mais enigmática que já presenciou. Agora, ele não só guardava um segredo de estado, como também parecia ter os fantasmas da morte à sua espreita. E, levando em consideração a decisão que tomara há alguns anos, desistir daquilo não era uma opção. O mundo esperava por ele, e por mais que fizesse o trabalho de detetive sem esperar nada em troca, não poderia deixar com que tantas vidas fossem ceifadas.
   Lawliet passa o polegar, gentilmente, sobre o vidro embaçado. Com cálculos precisos e imediatos, o rapaz já sabia o que veria ao olhar por aquele ângulo. Pôde, então, visualizar a fonte. Como um rompante, a ansiedade em que seu coração se encontrava ao pensar no caso Kira foi assolada, dando vez à calidez que aquecia cada extremidade de seu corpo. Na tarde anterior, tinha beijado Viollet Scott. Não como um ato de imprudência, pois havia mentalizado aquela situação inúmeras vezes desde que começou a desejá-la. Mas sim, como um ato de necessidade. Uma resposta óbvia a tudo que se passava em sua mente desde o primeiro toque. Lawliet sabia o que estava fazendo, e jamais teria menor arrependimento por ter beijado Viollet no dia anterior.
   O calor que irradiou daqueles lábios no momento que entrou em contato com os seus fora tão intenso quanto o próprio sol, e o desejo de permanecer ali, ao lado dela, para sempre, consumia o detetive.
   

    Ao amanhecer, logo se encontraram. Comeram, conversaram, ouviram músicas e caminharam pelos arredores do hotel. Aproveitar ao máximo a companhia um do outro tornou-se o principal objetivo.
     Após o beijo decisivo, a relação dos dois foi extremamente alterada, tendo em vista que ambos já não precisavam mais esconder o que sentiam. Estavam em seus ápices:

   - Aquela é uma begônia - O rapaz aponta para a flor rosada que havia plantada ali.

   - Jurava que eram rosas!

   - Realmente são parecidas. - A voz soa risonha, tomada por uma alegria indescritível. Apenas por estar ali, em sua presença.

   - Eu gosto de flores cor de rosa.

   - Essas são coral. - Corrige

   - Eu enxergo rosa, coral é mais puxado pro laranja.

   - Mas todas elas tem tons de  laranja.

Love Line { Concluída } Onde histórias criam vida. Descubra agora