Os Sinos - Parte 2

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   " Light, me diz: desde a hora em que nasceu, teve algum momento em que você realmente disse a verdade?"
- L Lawliet

      No terraço do grande prédio que havia alugado, Lawliet tem sua roupa e seus escuros fios de cabelo molhados pela forte chuva. A que tomava seu corpo, por completo, com as gotas mais melancólicas que já sentira. Mesmo que em baixo da antena parabólica, o vento trazia os pingos ao encontro do detetive, que pouco importava-se com o frio.
      Os sinos tocavam cada vez mais alto, levando em conta que o rapaz já os escutava há alguns dias. Era desconcertante. Perturbador.
       Mal sentira o tempo passar. Já não tinha noção de quantas horas estava ali. Porém, continuava na chuva, olhando para o nublado céu, na tentativa de reorganizar seus pensamentos.

   Nada mais fazia sentido.
      
    Enquanto antes, quando apenas em olhar para um objeto, Lawliet já era capaz de saber tudo sobre ele, agora, sob a fria tempestade que despencava dos céus do Japão, o detetive não possuía mais certeza a respeito de absolutamente nada.

     E então, surge o pensamento que, por mais que o detetive evitasse, sempre voltava, em um rompante. Viollet. A garota sorridente dos olhos brilhantes que o aguardava. Com a calidez que tomou seu coração, os pensamentos se embaralham novamente. Lawliet queria cumprir sua promessa. Queria senti-la em seus braços e fitar seus olhos novamente, mesmo depois de tanto tempo.

   Porém, no momento, o céu era o único que os unia. O único para onde Lawliet poderia olhar e saber que Viollet também olharia, independente de onde estivesse. E, por isso, não desvencilharia suas pupilas dele nem por um segundo.

    Apesar de tudo, as vezes, não tinha certeza se ela ainda o esperava. Talvez tivesse seguido sua vida e conhecido outra pessoa. Mas não importava. Ryuzaki sabia que Viollet foi a garota mais preciosa que ele já havia conhecido. A pessoa que o fez experimentar sensações que nunca teria tido a chance de provar. Que fez seu coração subir até a mais alta das montanhas-russas e despencar em um só segundo, apenas com suas palavras; seu toque.

     Lawliet ri de si mesmo. No início, via Viollet como apenas mais um caso a ser "solucionado" por ele.
     
     Sua mudança fora realmente impressionante. Jamais estaria se importando com essas coisas, tão mesquinhas em sua visão, tempos atrás. Surpreendeu-se com a transformação que a garota havia feito em sua forma de pensar. Ela mudou seu jeito de enxergar o mundo, até mesmo em relação as coisas mais simples. Essa era a essência de Viollet, e ele a amava tanto! Precisava tanto dela agora. Apenas ela conseguia esvaziar seus pensamentos, fazendo-o esvair-se de tudo que o angustiava. Apenas a ela confiou seu maior segredo e confiaria toda sua vida.

    Era um amor jovem, um amor que ainda não sabia como se expressar. Um sentimento que, por mais que não enxergasse o caminho, conseguiu ser o mais avassalador de todos. Era um amor puro. Um amor verdadeiro.

    Botando a mão em seu bolso, quase completamente encharcado pela chuva, e retira o papel cor de rosa. Uma folha de caderno, mais especificamente. Cobrindo-o com uma de suas mãos, Lawliet se dá o luxo de ler o bilhete novamente. O maldito bilhete.
    E ali estava. O detetive conseguia ouvir a voz dela falando - recitando - aquelas palavras. A mais doce voz que já ouvira. E, como o esperado, era exatamente o que ele precisava escutar. Exatamente a profecia capaz de, ao menos, relaxar um pouco sua alma preocupada. Esse era o poder de Viollet sobre ele.
     A letra de uma simples música... um trecho...mas que fazia seu coração aquecer-se por completo:

 
"Se você um dia se sentir sozinho e
a luz intensa tornar difícil me encontrar:
Saiba apenas que eu estou sempre,
paralelamente do outro lado.
   - Eu te amo / Ass: Viollet Scott "

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