Eu sou alguém para admirar?

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"O amor é arriscado,mas sempre foi assim. Há milhares de anos as pessoas se buscam e se encontram"
- Paulo Coelho

    A vida é feita de escolhas. Escolhemos os lugares que iremos, as roupas que usaremos, as pessoas que queremos ter ao nosso redor... tudo depende disso. De escolhas.
   Porém, o futuro continua sendo um mistério. Ele é o indeterminado, o duvidoso. A junção de todas as nossas decisões, onde ainda assim, não sabemos o que esperar. Costumamos temer o futuro. A maioria é cautelosa, receando não fazer as escolhas corretas. Muitos, temem perder alguém importante.
    Contudo, o futuro é algo tão surpreendente, que consegue colocar, ainda no inesperado, uma fagulha de esperança. Tal esperança que aquece nossos corações e nos mantém de pé, ao aguarde do dia seguinte.

    O computador soa um alarme alto, porém suave. A reunião da Interpol havia começado. L acorda em um solavanco, com os músculos e as costas doloridos, por conta da posição que dormira.
    Estreitando as pálpebras, fita a janela do cômodo, que deixava escapar os raios suaves do sol da manhã, pelas frestas da cortina.
    Após muito trabalho, levantou-se de vez, ligando o computador à sua frente e iniciando mais um dia de investigação. Ainda podia sentir os olhos inchados e a dor de cabeça. O emocional afetado depositou um grande peso em seus ombros, o que o fazia desejar apenas render-se novamente ao chão gélido.
   
    Querendo ou não, o rapaz ainda tinha esperança de despertar com Viollet ao seu lado, contando-lhe que tudo havia sido um sonho. Ou melhor, um pesadelo.
    A melancolia que se esvaia dele, na presença dela, agora havia voltado com tudo. Eram as consequências de ser o maior detetive do mundo.
   
     Descobrira naquele dia, de acordo com os horários dos assassinatos, que Kira era possivelmente um estudante. Um jovem que precisava de um nome e um rosto para matar. Um poder e tanto, mas que, infelizmente, estava sendo usado da maneira errada.

    Após o fim da reunião, em passos lentos e desanimados, o rapaz percebe que o apartamento está vazio. Apenas em fitar aquela sala, Lawliet lembra-se de seus momentos com a garota. Isso foi o suficiente para que todos os seus nervos congelassem, apertando novamente seu coração. O remorso perseguia o detetive, sussurrando constantemente em seus ouvidos a frase dita por Viollet na tarde anterior.
    Sentindo o incômodo do pesar de seus ombros, repara que a porta do quarto da garota encontrava-se entreaberta. Não pensou duas vezes ao adentra-lo. O ambiente exalava o cheiro dela. O perfume de flores que transformava toda resolução de Lawliet em poeira, fazendo-o entrar no maior dos delírios. Com algumas roupas e objetos pessoais espalhados, aquele quarto era tomado pela exata aura que Viollet transmitia. Uma atmosfera confortável e apaziguadora, assim como a brisa da primavera.
    Sentando-se na cama da garota, Lawliet respira fundo. Infelizmente não poderia passar os últimos dois dias na companhia dela. Não poderia fazê-la feliz, e nem transformar sua semana na melhor de todas. Sente seu peito doer novamente ao lembrar que havia falhado.
    Olhando ao redor, percebera que nada mais tinha cor. Voltara a ser o mundo acinzentado onde costumava viver antes de conhecê-la. Uma vida sem motivações, sem intensidade. Apenas o fato de estar naquele quarto, o prendeu à um forte sentimento de culpa. A culpa que nunca havia sentido, e que o fez perceber como, naquele momento, apenas Viollet importava. Seu mundo e sua felicidade pareciam concentrar-se apenas nela. Em seu sorriso.
 
   Um som quase imperceptível é ouvido na mesa de cabeceira, um pouco ao lado de Lawliet.
   Era o celular dela.

  Direcionando seus olhos em direção ao telefone, sem tirá-lo do lugar, L consegue perceber que a mãe da garota a mandava inúmeras mensagens. Ali, o remorso transformou-se em escárnio. Droga! Viollet precisaria voltar para aquele inferno em poucos dias, e ainda mais desmotivada, graças a ele. Ver aquela garota sorrir todos os dias, como havia feito em sua companhia, tornou-se a nova meta do detetive - Além de capturar Kira-.
 
     Com toda sua influência mundial (incluindo FBI, CIA e outras organizações), pensou em um plano audaciosos. Um plano que poderia "salvar" aquela garota de algum jeito. Seu cérebro trabalhou como nunca, resultando, pela primeira vez, em pernas inquietas movimentando-se sem parar. Como uma corrente elétrica, sente seus músculos saltarem, impetuosamente.
  Em questão de segundos, Lawliet corre em direção à seu quarto, com uma ideia que poderia ajudar Viollet a ser mais feliz, mesmo que sem ele. Por mais que ela não o perdoasse, o rapaz sabia que estava tomando a decisão certa.

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