10. LORDE ESFORÇADO

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Leva quase duas horas para que Elisabeth e eu saiamos no encontro, porque a princesa primeiro exige passar no palácio para deixar as primas e se trocar

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Leva quase duas horas para que Elisabeth e eu saiamos no encontro, porque a princesa primeiro exige passar no palácio para deixar as primas e se trocar.

"Não vou sair por aí com roupas de montaria, Tobias", foi o que ela disse, óbvia, quando reclamei de que seria uma perda de tempo.

Depois de me deixar esperando sob o olhar severo da governanta Zhong e dos membros da equipe de segurança dela, Elisabeth surgiu usando um conjunto de roupas muito mais casuais do que as que costumo vê-la usar. Apesar de conhecê-la pessoalmente, ainda assim nunca esperei ver a princesa parecer tão comum com uma legging preta e um blusão da mesma cor, mas com desenhos de sol, planetas e foguetes em branco. Além de, surpreendentemente, botas sem salto.

"Você não disse para onde vamos. Não quero ter o risco de perder outro par de sapatos caros se tiver que correr", foi o que a princesa disse quando me pegou olhando.

Ela pareceu quase incomodada por isso, e mudou o peso de uma perna para a outra.

"Não se preocupe. Não pretendo colocá-la em uma situação difícil de novo", foi o que eu disse.

Mas, para ser honesto, eu não tenho a menor ideia de para onde vamos quando entramos em meu carro. Um lado meu insiste em dizer que foi loucura procurar Elisabeth primeiro e demonstrar querer a companhia dela. Eu poderia ter a companhia de qualquer outro, desde que fosse discreto. Jamais fico no tédio, de fato. Entretanto, ainda assim, cá estou eu... com a princesa maldita, que ri do nada e sem motivo aparente.

"O que foi?", pergunto.

Não a olho diretamente por estar concentrado em dirigir, mas percebo pelo canto do olho que Elisabeth me observa.

"Nada. É só que...", ela hesita por um momento e desvia o olhar para o para-brisa antes de continuar: "você parecia bem assustado com a vovó Zhong".

"Ah...", acabo rindo também, mas de nervoso. "Tenho a impressão de que ela só esperava um motivo mais concreto para me odiar abertamente".

Elisabeth não discorda.

"Desculpe, eu acho", é o que a princesa diz. "A vovó só ficou preocupada quando soube do tiroteio e que eu estava lá. Na verdade, todo mundo da minha família meio que ficou paranoico com a minha segurança depois disso e nem consigo imaginar como ainda não fui privada de sair".

"Posso imaginar", mas não porque tenha acontecido comigo. Minha mãe anda sumida nos últimos dias, meu pai quase nunca fala comigo... os únicos que demonstraram o mínimo de preocupação foram David, Lucas e Theo. Apesar do último me perguntar muito mais da irmã (que ele insiste em dizer que desgosta) que de mim durante a ligação semanal que ele faz do quartel.

Elisabeth suspira.

"Posso ligar o rádio?", ela pergunta.

Isso sim me surpreende.

SOBRE UMA PRINCESA E A SUA MENTIRA PERFEITA [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora