17. PRINCESA CONFORTADA

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Nossa entrada na mansão Kannenberg é permitida sem grandes alvoroços

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Nossa entrada na mansão Kannenberg é permitida sem grandes alvoroços. Assim que cruzamos os portões, Miranda conduz o carro pelo pátio até o arco de entrada do casarão, onde a figura pequena de Aeryn nos aguarda e se aproxima assim que estacionamos e saímos do veículo.

"Confesso que ainda estava duvidando sobre o quanto você falava sério a respeito de trazer a princesa de Orion aqui", ela se dirige para Miranda primeiro, as duas trocando um olhar cúmplice junto a sorrisos.

"E quando foi que eu menti para você, hein?".

"Hummm, vejamos... quando você estava saindo com o...".

"Tá, eu já entendi", Miranda interrompe antes que Aeryn conclua, fazendo-a rir.

Provavelmente não é de propósito, mas eu me sinto como um peixe fora d'água entre elas. É inegável a questão de que estou sobrando, de certa forma, e não demoro muito a me arrepender de ter aceitado vir. Nem mesmo posso me considerar amiga das duas, e esse pensamento acaba me empertigando. Elas percebem, eu acho.

"Seja bem-vinda à casa da minha família, Elisabeth", a namorada do meu irmão se apressa em falar. "Confesso que estou curiosa sobre o que a trouxe aqui com a Mimi, mas acho que podemos conversar lá dentro. Está frio aqui fora", ela estremece sob o cardigã que usa, como para enfatizar o que diz.

Nem mesmo tenho tempo de formular uma concordância antes que Aeryn vá até a porta do casarão e a abra. Miranda não demora a segui-la.

"Vem", ela fala por sobre o ombro.

Acabo indo atrás das duas. Dentro da casa, é inegável o aumento da temperatura e o aconchego proporcionado pela decoração tão antiga quanto a do palácio e pelo silêncio.

Aeryn Kannenberg é a única bisneta do capitão Maxwell Kannenberg, responsável por ajudar a dinastia Greenhunter a retomar o seu lugar no final da Segunda Guerra Mundial (longa história). Em outras palavras, apesar do sobrenome dela não pertencer à realeza propriamente dita, é um sobrenome honrado. Os Kannenberg foram generosamente recompensados por seus feitos e souberam administrar as suas posses muito bem. Se não estou enganada, o avô da Aeryn ocupou uma das posições do top 10 de pessoas mais ricas de Orion no final do ano passado. Sua família é bem mais abastada que a minha até.

"Com licença", uma senhora surge de repente e nos faz uma mesura. "Ainda vai precisar dos meus serviços, senhorita Aeryn?".

"Não, Susie. Você já pode se recolher".

Com um assentir breve, a senhora nos deixa sozinhas outra vez. Faço uma pergunta silenciosa para Aeryn sobre quem ela é, a qual, felizmente, a namorada do meu irmão entende.

"É a governanta da casa", diz, e sem perder tempo, acrescenta: "Venham comigo, por favor".

Aeryn nos guia do Hall de entrada até uma ampla sala. Nela, a única luz vem de um abajur aceso no canto, o que forma sombras nos outros móveis e nos quadros pendurados nas paredes, o que me causa arrepios. Assim que percebo os olhos da avó de Aeryn em um deles, trato de virar o rosto para outro lugar. Nada contra ela, mas a história de como a senhora Kannenberg morreu costumava me assombrar quando criança e acho que resquícios disso existem até hoje.

SOBRE UMA PRINCESA E A SUA MENTIRA PERFEITA [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora