Sabrina dá uma batidinha na janela do carro e eu abaixo o vidro para ouvi-la dizer, em modo prático:
"A srta. Tomlinson já está vindo, alteza".
"Obrigada, Sabrina".
Torno a subir o vidro e então me pego encarando o para-brisa. O tempo de espera, mesmo curto, me faz mergulhar profundamente na lembrança dos lábios de Tobias junto aos meus. Beijá-lo foi uma loucura, admito. Ele não estava pensando direito quando simplesmente lambeu a minha boca e eu muito menos quando, ao invés de afastá-lo, o trouxe mais para perto e o beijei.
No entanto, essa foi uma loucura da qual não consigo me arrepender. Mesmo depois de Tobias ter se afastado, como se houvesse tido um surto de consciência depois que sua mão deslizou para dentro do meu blusão. Mesmo depois de ele ter pedido que eu voltasse com a minha equipe de segurança para o palácio. Mesmo depois de ele não ter respondido nem uma das mensagens que enviei nos últimos dois dias. Mesmo depois de isso ter acabado com parte da minha autoestima, porque, afinal, o quão ruim eu devo beijar para a reação dele ter sido essa?
Bato com a cabeça no volante (admito que tenho tendências dramáticas e que, provavelmente, elas vieram do lado Greenhunter). Minha testa aperta a buzina e um barulho infernal soa, mas não me importo.
Maldito seja esse lorde idiota.
A sorte do Tobias é que tenho coisas mais importantes com as quais lidar de imediato e que por isso não insisti mais em uma boa explicação da sua parte que, muito provavelmente, acabaria em uma grande discussão.
E daí que a gente se beijou, seu babaca? Pessoas se beijam o tempo todo. Se tinha alguém que deveria ter fugido, esse alguém era eu. Foi a primeira vez que beijei alguém e foi justo ele, então, francamente, não é como se ele tivesse motivo plausível.
Ergo a cabeça e acabo com o barulho infernal quando a porta do passageiro é aberta e Sofya Tomlinson desliza para dentro do veículo em toda a sua fofura tagarela habitual:
"Quero deixar bem claro que só estou fazendo isso outra vez porque se trata da irmã do Leonard e não da princesa assustadora de Orion, e vossa alteza parecia bem agitada ao telefone", ela fala. "É claro que não me senti nada pressionada ou intimidada sobre minha cumplicidade acerca das fugas da lady Maximoff do palácio ter sido descoberta".
"Eu não citei a sua cumplicidade para te pressionar e tampouco intimidar", deixo claro. Se o Leonard a escuta falar isso, ele vai querer tirar satisfações comigo e, com certeza, vai usar pela milionésima vez o fato de eu quase tê-lo enforcado com o cordão umbilical no útero contra mim. "Preciso mesmo de ajuda e lembrei de ouvir você e a Cassie sussurrando sobre disfarces uma noite, quando os seus pais ainda trabalhavam no palácio".
O dia da entrevista com madame Katrina enfim chegou, mas, obviamente, não posso aparecer no seu ateliê como Elisabeth Greenhunter e esperar um julgamento justo do meu talento. Sei que, em Orion, o meu nome tem poder. Além disso, ela espera por Rosalyn Green, uma garota comum, e não pela princesa do país. O único jeito de participar da entrevista é me disfarçando muito bem e a primeira pessoa que passou pela minha mente para me ajudar com isso foi Sofya, graças à conversa com ouvi.
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SOBRE UMA PRINCESA E A SUA MENTIRA PERFEITA [COMPLETO]
Romansa[Este é o terceiro livro da série sobre a realeza de Orion, mas pode ser lido individualmente] Elisabeth Greenhunter é a única mulher dentre os filhos do rei Timotheo IV, e tendo crescido em meio aos costumes patriarcais de um país ainda dominado po...