01. PRINCESA FRUSTRADA

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"Por favor, Elisabeth, eu sei que está brava, mas não precisa descontar isso em mim

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"Por favor, Elisabeth, eu sei que está brava, mas não precisa descontar isso em mim. Se soubesse que seria a última coisa que faria em vida, jamais teria aceitado ir até a casa dos Durkheim com você ao volante", Antonella, minha prima e lady Lawrence-Greenhunter do reino de Orion, protesta enquanto se encolhe no banco do carona do meu carro, agarrada ao cinto-de-segurança. "Lizzie... Sinal vermelho, Lizzie, sinal vermelho!", ela grita, completamente apavorada.

Eu piso no freio, o que arranca um barulho dos pneus deslizando na pista e faz subir um cheiro incômodo de borracha queimada até pararmos pouco antes do semáforo e da faixa de pedestres. Atrás de nós, o carro que nos segue quase não para a tempo. Alguns motoristas buzinam em protesto, mas eu os ignoro. Minha cabeça está uma pilha, e nela, nesse momento, habitam apenas todos os palavrões que conheço (em todas as cinco línguas que falo).

Provavelmente me chamariam de mesquinha se proclamasse em voz alta que tenho a pior mãe do mundo. Em pleno século XXI, apenas os anti-monarquistas (que não são tantos em Orion, até onde sei) enxergam defeitos em uma rainha. Quem não iria querer ser filha de uma rainha e, logicamente, uma princesa? Até eu iria querer e, por sorte (até certo ponto), sou. Entretanto, ser princesa não é só sorrir e acenar. Ser princesa também é ser treinada para casar, aos olhos da minha queridíssima mãe.

"O sinal abriu, Lizzie...", Antonella ainda soa assustada.

Eu não a respondo. Em silêncio, apenas levo o carro até o acostamento mais próximo, onde paro. Posso não estar pensando da forma sensata de sempre, mas tenho noção (depois de todos os gritos de Ella) que posso acabar causando uma catástrofe se continuar dirigindo. Seria, no mínimo, vergonhoso causar um acidente com apenas três dias desde que tirei minha licença.

Eu respiro fundo, encostando-me no banco e soltando o volante, sentindo os nós dos meus dedos doerem pela força que apliquei ao dirigir.

"Você pode desabafar comigo, se quiser", Antonella fala, mas, no fundo, sabe que não é do meu feitio derramar os meus problemas em cima dos outros. Às vezes escapa uma coisa ou outra (quando eu estou irada demais para controlar), mas hoje não é um desses dias.

Balanço a cabeça em negação.

"Nada além do normal de sempre, com a magnífica rainha Irene Maximoff insistindo que tenho que encontrar um partido, mesmo que tenha acabado de fazer dezoito anos. Dessa vez, é o príncipe Eric de novo".

Graças ao patriarcado que rege todas as regras e tradições da realeza Oriana, as mulheres costumam casar cedo. Basicamente, nós somos vistas como moeda de troca. Minha mãe casou-se aos 20 e minhas tias um pouco mais velhas que isso.

Eu tinha doze anos quando entendi qual seria o meu papel como única mulher entre os cinco filhos do rei: Timotheo é o herdeiro do trono, Kyle o seu substituto, Leonard e Niklaus os filantropos e eu aquela que deve casar.

SOBRE UMA PRINCESA E A SUA MENTIRA PERFEITA [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora