27. LORDE APAIXONADO

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Ainda precisei de duas noites passadas em claro para ter coragem de agir e procurar Elisabeth

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Ainda precisei de duas noites passadas em claro para ter coragem de agir e procurar Elisabeth. O problema sobre agir, porém, é que a questão não dependia apenas de mim. Eu não tinha a menor ideia de como fazer Elisabeth me ouvir depois do modo como a nossa última conversa havia terminado por minha causa, mesmo depois de muito pensar a respeito. Devia procurá-la com flores e chocolates, como os caras dos filmes?

"Não. Ela não parece o tipo que se derreteria com isso e sim o tipo que franziria os lábios e a tez em uma careta e pensaria que sou um grande idiota".

Eu estava em meu carro, estacionado do lado oposto da rua do ateliê de madame Katrina e cogitando e descartando ideias de como abordar Lizzie. Fazendo isso, foi então que percebi o carro que o segurança dela usa para trazê-la e busca-la do ateliê estacionado em frente ao estabelecimento, com o segurança em questão encostado na lataria e bastante atento. Àquela altura, devia estar próximo do horário de saída da princesa.

Foi olhando para esse cenário que tive uma ideia repentina, uma ideia que fez uma parte grande minha praticamente gritar um "NÃO FAÇA ISSO, É LOUCURA!", mas eu nunca dei muita bola para essa parte chamada consciência e então fiz.

Decidido a não dar para trás hoje, saí do meu carro, estacionado no local estratégico que conheci duas noites atrás, cruzei a rua em direção ao segurança (cujo nome lembrava vagamente de ser algo com V, talvez Vincent) e nós dois tivemos uma longa conversa antes de eu derrubá-lo com um soco certeiro, para então colocar o seu corpo em um beco escuro e, por fim, roubar o seu carro para sequestrar a princesa.

Brincadeira.

Mas seria emocionante se as coisas houvessem acontecido dessa forma e não como, de fato, ocorreram: quase não convenci o segurança (que era Vernon e não Vincent) a fazer parte do meu plano maluco, dei minha vida como garantia de que não pretendia machucar Elisabeth e tive de concordar que Vernon poderia nos seguir para onde quer que eu fosse levar a princesa (coisa que ainda não sabia, porque não é como se houvesse pensado nos pormenores antes de agir) e dar carta branca de que ele poderia quebrar a minha cara se Elisabeth assim desejasse.

Nisso, entreguei as chaves do meu carro para Vernon com vários avisos para ele tomar cuidado (que torço para que o grandalhão não ignore), e ele entregou as suas chaves para mim. Enquanto o segurança seguiu até o outro lado da rua, eu resolvi dar uma volta no carro dele para não levantar tantas suspeitas sobre a troca que havíamos feito. Vernon havia dito que Elisabeth não saía em seu horário usual, porque sempre trabalhava até mais tarde, mas acho que o universo resolveu conspirar a meu favor. Assim que terminei a volta com o carro e voltei para a rua do ateliê, avistei uma figura alta, com chamativo cabelo cor-de-rosa, e senti meu corpo gelar quase de imediato. Ainda não sabia muito bem o que faria a seguir e tampouco o que falaria. Meu plano era deixar as coisas acontecerem naturalmente e torcer para que a natureza também estivesse cansada de me ver fazendo tudo errado.

SOBRE UMA PRINCESA E A SUA MENTIRA PERFEITA [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora