[Este é o terceiro livro da série sobre a realeza de Orion, mas pode ser lido individualmente]
Elisabeth Greenhunter é a única mulher dentre os filhos do rei Timotheo IV, e tendo crescido em meio aos costumes patriarcais de um país ainda dominado po...
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Pessoas encurraladas sempre se desesperam e usam todas as cartas na manga para se safar. Quando questionei o meu pai sobre a ausência da minha mãe no jantar e se isso tinha alguma relação com os casos extraconjugais que todos sabemos que ele possui, George Durkheim rapidamente tentou desvalidar minhas perguntas ao jogar contra mim todos os rumores propagados na mídia ao meu respeito.
"Ao menos sou discreto, Tobias. Não envergonho a sua mãe publicamente, ao contrário de você, que diz tanto amá-la. Se Sara não quer mais participar das reuniões e eventos conosco, devia se perguntar se não há uma parcela de culpa sua nisso".
Fiquei furioso com sua distorção dos próprios erros, é claro.
Mesmo depois que ele se foi e voltou para o salão em que todos os convidados do jantar estavam reunidos, eu permaneci no corredor adjacente, remoendo-me com as suas palavras muito mais do que me remoeria em dias normais. Afinal, não é a primeira vez que George deixa claro que sou uma vergonha para o sobrenome Durkheim. No entanto, foi a primeira vez em que me perguntei se minha mãe podia mesmo sentir vergonha da reputação que criei para mim mesmo e que a mídia ficou feliz em propagar.
Eu teria mesmo o apoio dela se um dia resolvesse chutar o balde e sair do armário?
Fico pensando nisso. Na forma como nunca me importei em ser um devasso perante Orion, mas que me importo de ser rebaixado apenas a isso e de ter quaisquer argumentos desvalorizados por meu pai pelo mesmo motivo.
Foi a partir desse momento que comecei a pensar no namoro falso proposto por Elisabeth de uma forma menos ofensiva. Eu ainda preferia não ter que fazer parte dos planos da princesa, é claro, mas podia usar o namoro ao meu favor e ainda transformar o processo em uma pequena vingança contra ela e contra o meu pai. Certamente, se a princesa de Orion me escolheu como namorado (falso é apenas um detalhe) é porque devo ter qualidades que todos os outros deixaram passar. Meu pai pode desvalorizar o filho festeiro e de reputação duvidosa, mas não o filho que namora um membro da família mais poderosa do país.
Por isso, voltei para o salão, interrompi o momento entre Elisabeth e o desinteressante príncipe do reino de Krepost, a levei até nossas famílias e anunciei nosso namoro, então chegando ao momento de agora: todos os olhos sobre nós dois.
O rei Timotheo IV pigarra.
"Bem", ele diz. "Isso é inesperado".
Definitivamente, essa é a palavra que melhor define o momento e as reações de todos.
"Namorando", a rainha Irene parece ter comido algo com o gosto amargo, pois uma careta deforma as suas feições enquanto ela digere a situação. "Vocês dois estão namorando. Isso não é nenhuma brincadeira de mal gosto, não é, Elisabeth?".
A princesa maldita, que apesar de ter sido a mente maquiavélica por trás do plano também parece ter sido pega de surpresa por mim, desperta de seus pensamentos e pigarreia de forma semelhante ao pai.