17° capítulo.

715 52 2
                                    

"Porque eles dizem que lar é onde seu coração está inalterável
É onde você vai quando está sozinho
É onde você vai para descansar seus ossos
Não é apenas onde você deita sua cabeça
Não é apenas onde você arruma sua cama
Contanto que estejamos juntos, importa pra onde vamos?
Lar" -
(Home -Gabrielle Aplin)

17° Capítulo. Augusto.

"Lar" palavra com três letras com um grande significado, você pode morar em uma mansão, cheia de quartos e moveis chiques, pode ter um apartamento na Barra de frente para o mar, mas tudo isso sem quem compartilhar é nada.

Eu era um homem que tinha um sonho simples apesar de ser rico, meus pais não tinham nada quando se casaram, moravam em um quaro-sala muito simples, mas se amavam tanto que isso não importava, com muito trabalho duro se tornaram donos da melhor e mais famosa imobiliária de Salvador, mesmo com dinheiro não largaram o jeito humilde de tratar e conviver com os outros e, eu sonhava em ter a mesma sorte que eles quando constituísse uma família, mas não foi assim.

Ana era da mesma faculdade de que eu, ela tinha uma bolsa integral em arquitetura, filha de pais pobres que lutaram para dar a melhor educação possível, eu admirava meus sogros, no início Ana dizia que tinha muito orgulho deles e eu me apaixonei por isso, mas nunca íamos a sua casa, evitava os convidar para vir as comemorações em família, passei a pressionar para que ela apresentasse seus pais aos meus, então ela disse que eles se sentiam confortáveis em conhecer pessoas importantes como os meus pais, me compadece por eles... e parei de insistir, eu não era ninguém para forçar pessoas a fazer o que não se sentiam confortáveis em fazer.

Mas a verdade veio quando nos casamos e, Ana engravidou, ela não queria a própria mãe em casa, Dona Maria era simples e doce, meia acanhada mais tinha o melhor tempero, ela e a minha mãe se davam bem, tudo era lindo quando e eu e meus pais estávamos presentes, mas quando elas ficavam sozinhas Ana sempre repreendia a mãe pelo modo simples de falar, ou pela comida simples que ela gostava de fazer, ou com o fato dela gostar de fazer as atividades domesticas mesmo nos tendo uma domesticas, quando eu descobre nos discutimos e ela prometeu melhorar, mas nada mudou as coisas só ficaram piores quando minha família ficou em crise, não estávamos falindo, mas tínhamos perdido dinheiro com alguns investimentos.

Ela passou a largar Gabriel com a empregada, desaparecia por horas alegando estar trabalhando em uma reforma, mas na verdade ela estava me traindo com um estrangeiro que conheceu em uma festa de uma das amigas de faculdade dela, eu só soube quando já tinha largado tudo o que tínhamos e deixado apenas os papeis de divorcio e a custodia do nosso filho. Todos os meus sonhos ruíram diante dos meus olhos e eu me sentia tão triste que tive que voltar a morar com os meus pais e, por um tempo o amor tinha morrido para mim, voltei aos poucos a viver, me mudei com o meu filho, assumi os negócios da família e, quando achei que não era feito para o amor, ele veio com os dois pés na porta.

Linda, doce, amigável, eu a admirei, conquistou todos os vizinhos e meu filho, mesmo machucada ainda sorria, mesmo sofrendo ajudava e, minha admiração virou esse sentimento enorme, que não pude conter e contei a ela, desejando desesperadamente que sentisse da mesma forma... e ela sentia.

Agora aqui parado olhando esta linda mulher cantando parabéns para o meu filho, eu sinto que tenho um lar.

-Filho, para quem é o primeiro pedaço. -Pergunto vendo-o estalar os dedos para tentar acender as velinhas do bolo.

-Ah pai... é obvio né! -Os amigos dele e os convidados começam a falar que é para mim, mas ele surpreende a todos. -Não gente, não é do meu pai, é pra minha mãe... ela fez essa festa massa para mim então o primeiro pedaço é dela ué!

Gabriel era um menino carente de atenção, mesmo com duas avós maravilhosas, sempre sentiu falta de amor materno e, quando Milena entrou em nossas vidas ela mudou tudo, deu o que queríamos e o que precisávamos, queríamos ser felizes e precisávamos ser amados. Milena chorou, seu maior sonho sempre foi ser mãe e hoje foi a primeira vez que foi chamada assim, Gabriel correu e a abraçou eu sabia que tinha que fazer dessa mulher a minha esposa.

****

Quando a festa terminou tudo estava uma bagunça, mas meus filhos estavam felizes e mortos de cansaço dormindo de qualquer jeito no chão da sala ao redor de todos os brinquedos que ganharam, eu e minha mulher estávamos olhando eles dois, apenas olhando essa linda imagem, e sabíamos que isso era o único e verdadeiro sentido da vida. -Ele me chamou de mãe, nunca me senti tão especial em toda a minha vida, sei que nos conhecemos a apenas alguns meses, mas sinto como se sempre tivesse o amado.

-Você deu a ele a única coisa que ele verdadeiramente desejou na vida, amor de mãe... é claro que ele ia te chamar assim, porque é o que você é, eu queria fazer um jantar, comprar umas flores e fazer um grande gesto... mas somos o que somos, bobos e apaixonados, diante dos nossos filhos é a melhor forma de dizer que eu te amo, e eu amo muito, você destruiu todos os meus muros e torres, me fez feliz sem pedir nada em troca, case comigo, seja oficialmente minha esposa.

Ela estava suada e com bolo no rosto e, cabelo, sua maquiagem estava borrada e tinha gofo de Abi em seu vestido, mas eu nunca a achei mais linda do que naquele momento, seus olhos estavam vermelhos e arregalados e ela levou a mão tremida a boca, seus braços me apertaram em um abraço apertado.

-Vou tomar isso como um sim. -Seu corpo era quente e acolhedor, seu cheiro era doce e cítrico.

-É uma loucura, mas sim... eu aceito ser sua. -Ela beijou meu rosto, meu pescoço e ainda me abraçava apertado como se a qualquer momento tudo fosse acabar. -Eu também te amo, muito e muito.

-Não sabe o quanto me sinto feliz, acho que vou explodir e se não fosse pelas crianças aqui eu não respondia pelos meus atos... -Ela não sabe a força que estou fazendo para não agarrar ela agora.

-Então vamos levar eles para o quarto! – Milena diz olhando para mim e, me beija demoradamente. -Leve eles para o quarto enquanto eu arrumo essa bagunça e então vamos ter um tempo só nosso, ok... futuro marido amor da minha vida.

-Ok, mas seja rápida... quero ter de deixar minha futura esposa mais feliz do que ela aparenta estar agora. -Ela fica vermelha de vergonha, adoro como ela fica envergonha com essas pequenas provocações. E antes que eu pegue as crianças a campainha toca, e eu vou atender, provavelmente é alguém que esqueceu alguma coisa.

Mas quando eu abro a porta vejo a droga do meu passado parado bem diante de mim.

-Olá Augusto... como está? -Ana está diferente, já não tem aqueles longos cabeços loiros, estão curtinhos, está muito mais magra e pálida do que a uns anos atrás, ela traz nas mãos um presente. -Eu fui a casa dos seus pais, mas eles disseram que a festa ainda ser aqui e não na casa deles como nos outros anos.

-Minha mulher quis fazer uma coisa mais intima e, meus pais curtiram a ideia. -Não tenho paciência para rodeios e, preciso deixar claro para ela que eu não estou sozinho, não sei quais são as intenções dela em aparecer assim do nada na minha frente, ainda mais porque sua expressão mudou completamente ao ouvir chamar Milena de "minha mulher". -Quando chegou aqui no Brasil?

-Hoje, deixei as coisas no hotel e vim para a festa do meu filho... Não vai me convidar para entrar? Ou pelos menos pode chamar ele para mim? -Sua impaciência continua a mesma.

-Amor, quem é? -Milena me abraça pela cintura e aparece na porta.

Imediatamente ambas se avaliam, o julgamento é imediato, nunca vi Milena mudar tão violentamente a expressão, ela reconheceu Ana pelas fotos que Gabriel mostrou para ela. -Amor essa é a Ana, ela veio ver a Gabe, mas ele tá dormindo então ela vai voltar amanhã.

Milena não olha um minuto para mim, apenas olha para Ana que retribui na mesma intensidade o olhar. -É uma pena, não sabia que ele dormia tão cedo...

-E não dorme, mas hoje ele se cansou muito... -Milena diz de forma fria e firme.

-Então eu volto amanhã pela manhã, eu ligo. -É como se eu não estivesse aqui, mas eu não me importo.

-Ok, quer deixar o presente, ou vai querer entregar amanhã? -Eu pergunto, mas ela aperta com mais força o presente.

-Não, nos vemos amanhã.

Ela não espera minha resposta e sai andando rápido pelo corredor, quando entramos procuro pelo olhar de Milena e ela está longe. -Ei, nada mudou ouviu? Aquele é meu passado e, você é meu presente e meu futuro!

-Não é isso amor... to preocupada com Gabriel, ele tá tão bem..

-Ele tem você, então ele vai ficar bem meu amor, nos todos vamos ficar bem. -Nos abraçamos apertado, desejando que esse desejo seja realizado.    

Meu Maior Tesouro.Onde histórias criam vida. Descubra agora