11° Capítulo.

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11°Capítulo.

Ela tinha um cheirinho de Natal, uma pele suave como seda e, cabelos lisos e ralos como todos os recém nascidos, mesmo adormecida se contorcia e respirava bem dentro da incubadora, seus movimentos me fascinavam a cada vez que suspirava fazendo um lindo biquinho com os lábios pequenos. Quando a encontramos suja não tinha notado uma mecha branca no cabelos bem na fronte da cabeça, isso me preocupa um pouco, mas agora ela estava adormecida e alimentada como todos os bebês tem que estar, seus dedinhos minúsculos eram fortes e apertavam meu dedo indicador com força mesmo ressonando.

No dia anterior depois de dar um nome a Abigail, Gustavo se ofereceu para me levar para casa e, eu não podia dizer não afinal ele veio com o meu carro e eu não podia deixar ele ir de Uber, e minha casa ficava no caminho do restaurante então ia ser melhor para ele pegar o carro.

Pela manhã eu já estava de volta ao Hospital onde eu passaria minha manhã, marquei de encontrar os meninos no Shopping para almoçarmos e, depois assistirmos o filme dos Incríveis como o prometido a Gabriel, que aproposito queria vir comigo ao ouvir o que se passou comigo da minha conversa com o pai dele, eu olho para aquele pequeno ser e... eu penso que se for ficar com ela poderei leva-la para esses programas de família e, eu já a amo mesmo não sendo minha... Tão injusto, Tão cruel... Mulheres que não querem ser mães poderem ter filhos e eu.. eu não.

-Ela é tão perfeita... –Solto as palavras que estavam gritando na minha cabeça desde que eu a vi. –Tão forte e nem mesmo sabe que existe...

-Sim, Abigail é um milagre, aguentou até ser encontrada e está bem de saúde, já tomou todas as vacinas que se tomam nesse período. –A enfermeira Maria me diz, é uma senhora de uns cinquenta anos, doce e cuidadosa.

-E essa mecha branca na cabeça dela Maria... A Dr. Rosa explicou o que seria isso? –Isso me preocupa um pouco, eu sei que existe uma doença... mas ..

-Porque não pergunta a ela? Olha ela ali... –Ela aponta a moça jovem que anda de modo cansado, parece exausta.. sinto pena.

Ando em sua direção no corredor quase vazio da unidade neonatal, seguro seu braço de modo leve para que se vire e ela leva um susto. –Santo Deus Mulher! Não acorde as pessoas assim!

Acho que ela estava andando dormindo, o que não me surpreende, ela está aqui desde ontem. –Opa! Desculpa querida, eu te vi andando e quis saber umas coisas sobre a Abigail..

Ela está um pouco fora do ar, mas parece prestar atenção em mim, ela olha para os lados e vê alguém e faz um sinal com a mão, eu olho para quem ela acena e vejo Douglas vir em nossa direção, ela sorri para mim de um jeito gentil. –Douglas!

-Olá meninas... como estão? –Ele aperta a minha mão e a de Rosa.

-Bem, vim ver como está a minha lindinha... –Digo meio envergonhada, sei que não devo me apegar a ela, mas eu tenho fé em um milagre, ele acena compreensivo e um tento preocupado.

-Eu não tenho todos os exames ainda e, eu pedi um parecer do Otorrino, mas eu acredito que seja síndrome de Waardenburg, seus principais sinais são problemas na pigmentação da pele, olhos e cabelos, além da perda auditiva, geralmente ocorre desde o nascimento, representando 3% dos casos de perda auditiva em crianças, mas também pode surgir posteriormente... é apenas uma suspeita e, como eu disse anteriormente ainda estamos esperando o parecer do Otorrino.

Douglas explica tudo de forma tranquila e devagar para que eu possa compreender, mas a cada palavra dita me assusta, ele segura minha mão ao ver que estou prestes a chorar, ela está sozinha e, com uma doença que talvez a torne ainda mais dependente. –Ela é só um bebezinho... não deveria ter que lidar com mais coisas como essas...

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