10° Capítulo.

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                                                                          10° Capítulo.

O sopro quente de ar bate sobre meu rosto, é agradável, mas ainda estávamos ali pensando em como sair dessa situação em que nos metemos, quero ir embora, mas também sinto que devo ficar e ouvir o que ele tem a me dizer, o que é completamente masoquista.

-Me sinto uma idiota sentada aqui falando sobre coisas que você não entende, acho que ainda é muito cedo para sentarmos e conversamos sobre essa situação. –Suspiro deixando o dinheiro e a torta deliciosa pela metade e, me levantando logo em seguida. –Lamentar o que deveríamos ter feito, não vai mudar o que fizemos.

-Por favor não vai, ao menos senta comigo e come alguma coisa.. –Ele fala de forma enfática e em súplica.

-Não vejo como podemos sentar e falar sobre qualquer coisa, se você fica voltando aos seus erros que ambos já sabemos de cor. –Aperto meus olhos com as pontas dos dedos tentando aliviar a pressão tensa entre eles.

-Eu sei que estou sendo patético, mas você era a pessoa para quem eu corria quando me acontecia alguma coisa, me ouvia sem julgamentos e me apoiava.. o que eu estou tentando dizer e que sinto sua falta mais do que um dia eu imaginei sentir.

Saber que ele sentia minha falta tanto quando eu sentia a dele era bom, mas não era o suficiente para me fazer perdoa-lo.

-Te recomendo procurar um analista, eu realmente estou tentando ser uma boa pessoa e, não desejar que você e a Joana morram, mas eu sou um ser humano, qualquer mulher teria queimado a casa com vocês dois dentro...

-Mas você não é qualquer mulher, você é a doce e justa, Milena. –Segurando a minha mão e a esfregando com o polegar.

-E por isso... por essa fraqueza você explora meus sentimentos para que tenha o que quer, um filho, uma esposa modelo ... e uma amante quando as coisas comigo ficarem sem graça. –Não gosto desse gosto amargo de inveja e rancor na minha boca, mas meus lábios nesse momento estão brilhando de veneno.

-Amante não.. nunca mais vou... –Levanto minha mão para que ele se cale.

-Você já disse essas palavras antes e, eu acreditei.. –Meu tom sai mais severo que eu esperava. –Não quero mais promessas, quero garantias, fatos para que eu leve isso a sério.. mas acho que no desespero você me prometeria a lua..

-Quando foi que se tornou tão cínica e fria? –Sua indignação era algo que achei engraçado e, ri por isso.

-Quando você começou a falar sobre promessas... –Nós nos olhamos por um longo momento, então notamos que David estava parado em nossa frente com os cardápios e um bloco de anotações e um expressão constrangida.

-É.. Uhm... desejam pedir?! –Tampo meu rosto com a palma das mãos  devido ao constrangimento de ter plateia para a nossa DR.

-Oh sim querido, .. uma salada a moda da casa, feijão de caldo com arroz integral e um filé especial. –Faço meu pedido após vencer a vergonha e conseguir encarar o rapaz,  faz vários dias s que não venho aqui e, não é por causa do Gustavo que vou deixar de comer bem.

-Eu quero o mesmo, e.. um suco de uva integral para acompanhar. –Ele anota os pedidos e some indo em direção, ficamos um momento em silencio, mas então ele puxa um assunto qualquer. –Você.. está gostando de dar aulas?

-Mais do que eu pensei que gostaria... –Confesso mais para mim do que para ele.

-Vejo que sua mão está melhor.. o médico disse se vai ficar cicatriz? –Ele segura minha mão sentindo a pequena ondulação ainda meio sensível do corte.

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