That Way - Dixison

11

Dixie

Nick dirige o mais rápido possível até o hospital. Entramos em passos largos e rápidos. Vejo Bryce com mais alguns garotos na recepção, seus braços estão com alguns arranhões e está com um corte na sobrancelha, nada comparado a Addison. Meus olhos se enchem de lágrimas, resultante dos turbilhão de emoções que estou sentindo no momento. Deixo minha raiva e tristeza me consumir e reajo indo na direção de Bryce e lhe acerto com um tapa em seu rosto. Estou com tanta raiva que é capaz de ver fumaça sair da minha cabeça.

- Isso é tudo culpa sua, idiota! - Grito, esqueço por alguns minutos que estou em um hospital e Nick segura meus braços, Bryce franze as sobrancelhas e fica imóvel. - Você não percebe que você não serve para ela? Que você só faz mal para ela?

- Pode ter certeza que não estou com a consciência limpa do que acabou de acontecer com ela! - Seus olhos estão fixos nos meus, ele dá mais um passo em minha direção e ficamos cara a cara. - Mas dizer que eu faço mal para ela? - Ele força uma risada. - Você não tem direito nenhum de falar isso! Você não estava aqui quando ela precisou de você, eu que estava ao lado dela! Eu! - Ele aponta o dedo no meu rosto, por um instante paro de tentar escapar dos braços de Nick. Olho para meu melhor amigo com o objetivo dele me explicar o que isso quer dizer, para que ele acabe com a confusão que foi criada na minha cabeça. Não recebo respostas vinda dele, mas Charli se aproxima e pega a minha mão.

- Vem, vamos sentar! - Ela diz e me leva para o outro lado da recepção, onde está a família de Addison. Quanto mais longe de Bryce, melhor para minha saúde mental e menos chance de eu sair presa daqui. Os irmãos mais novos de Addison estão sentados e em silêncio, o que é o mesmo de ver um milagre acontecer com seus próprios olhos. Sento entre Charli e Nick, ela permanece segurando a minha mão e me mantém calma, ela é a única pessoa nessa sala capaz de me confortar no momento. Por mais difícil que seja, o pai da Addison nos conta como aconteceu o acidente. O Bryce atravessou no sinal vermelho e um caminhão bateu no lado do passageiro, onde Addison estava sentada. O impacto arrastou o carro até o outro lado da rua, cacos de vidro estilhaçaram e consequentemente a Addison levou seis pontos no braço esquerdo, no momento ela está desacordada por causa dos medicamentos que deram para sentir menos dores no corpo. Olho para Charli, ela está cabisbaixa ouvindo e escondendo suas lágrimas, já é difícil o suficiente para mim ter que me manter forte nessa situação e ver minha irmã triste não ajuda muito.
A mãe da Addison sai do quarto, seus olhos inchados e cansados. Ela vem em minha direção, me levanto e ela me abraça. Um abraço apertado que me consola.

- Ela acordou? - Digo apoiada na clavícula dela.

- Não! - Sinto a resposta nas minhas costas e o pesar no seu tom de voz. 

- Do que o Bryce estava falando? - Sussurro para Nick quando sento de novo. Ele pisca várias vezes, isso demonstra seu nervosismo. Ele demora para me responder e Charli toma partido da conversa.

- Quando você foi embora... - Charli fala em um tom baixo o suficiente para apenas eu escutar sua voz. - ...a Addison ficou triste, deprimida e faltou os treinos por um mês. Darianka ficou no lugar dela como capitã, ela fez de tudo para tirar ela da equipe mas ninguém deixou. Enfim...ela acabou se envolvendo em algumas polêmicas e quem ajudou ela foi o Bryce.

- O que ela fez? - Charli aperta os lábios mas somos interrompidas pela presença da enfermeira. Todos que estavam à espera de uma notícia se levanta. Encaro Bryce e percebo que fazia o mesmo para mim.
A enfermeira olha para mim com um sorriso gentil no rosto, ela fala alguma coisa para os pais de Addison e entrega uns papéis para eles assinarem. Depois de 30 minutos Nicole vem até mim.

- Você já pode ir vê-la. - Diz Nicole, mãe de Addison. 
Caminho devagar em passos curtos até o quarto. Entro cabisbaixa, minha respiração fica pesada só de imaginar ela no estado em que se encontra. Fecho a porta e vou até a cama, procuro forças para erguer meus olhos e encarar Addison. Com minhas mãos trêmulas pego o objeto prata no bolso da minha calça. Finalmente, olho para ela, os pontos no braço estão visíveis, seu rosto possui alguns arranhões, assim como sua perna tem alguns tumores. Me aproximo e pego sua mão que está gelada por conta do ar condicionado.

- Hey, Addi... - Minha voz falha no instante em que lágrimas descem pelo meu rosto, não faço esforço para conter elas pois não consigo, não tenho forças para isso e não pretendo ter. - ...eu acho muito clichê falar sobre o que estou sentindo, isso é muito coisa de filme adolescente e você sabe que odeio esse tipo de filme. - Rio comigo mesma. - Mas, eu sinto que devo dizer... dizer o quanto eu sinto muito por ter ficado tanto tempo longe de você, não teve um dia se quer que eu não tenha pensado em você, pensando em voltar para você e dizer o quanto você é especial e importante para mim. - Respiro fundo e limpo algumas lágrimas. - Olha eu não sei muito bem como explicar isso, na verdade não sei se existem palavras capazes para explicar isso, mas Addison você me transforma, na verdade, você faz a minha máscara cair sem ao menos eu consentir. Quando eu estou com você sou uma pessoa melhor, me sinto a pessoa mais especial do mundo, você me faz sentir assim, você faz parecer que só existe nós duas no mundo e que nada mais importa. Com você eu posso ser a melhor em tudo e você finge que sou a melhor conselheira, a melhor cozinheira, a melhor cantora, a melhor amiga mas... eu só queria ser mais que isso, eu só queria ser o melhor para você! - Dou ênfase ao você. Addison se mexe, me assusto um pouco com o movimento. Ela aperta minha mão com polegar e sorrio vendo sua ação. 

- Desde quando você chora? - Ela diz forçando um sorriso e se esforçando para as palavras saírem da sua boca. Eu sei que ela faz piada só para suavizar a situação, mas não sei se isso irá ajudar muito. Limpo minha lágrimas, não gosto que ninguém me veja chorando e hoje já bateu o recorde. O sol reflete no objeto prata na minha mão e Addison percebe. Abro minha mão e mostro para ela o colar com o pingente de coração onde estão gravados nossas iniciais.

- Eu pensei que você tinha jogado ele no lixo. - Rio com a ideia, nunca faria isso. 

- Eu vi em suas fotos no instagram que você continuou usando ele por um bom tempo quando eu me mudei, - Ela eleva um canto da sua boca. - ele sempre esteve comigo, nunca saiu do meu lado e me manteve ligada a você. Sempre quando eu estava triste e com saudades de casa eu olhava para ele. Eu nunca jogaria ele no lixo. 

- Eu gostaria de sorrir para você, mas até isso dói, desculpa! 

- Tudo bem, seus olhos sorriem por você. - Isso é verdade, mas seus olhos não brilham como antes. Parece que uma chama dentro dela se apagou, mas eu sei que isso é só por agora, é preciso de muito mais para apagar toda a sua luz que tem dentro dela.