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Addison

Já amanheceu e a Dixie continua do meu lado, ela está sentada na poltrona e coberta com uma manta, ela assisti Friends comigo desde às 03 am. Minha mãe já disse que ela pode ir para casa e eu também já pedi diversas vezes, mas ela é teimosa e continua aqui rindo de tudo que a Phobe diz no seriado. Olho para ela, observo todas as suas risadas, todos os seus comentários e todas às vezes que ela cochilou e em cercas de minutos acordou, ela não se permite descansar e pergunta a cada trinta minutos se preciso de alguma coisa.

- Você está sentindo dor? - Ela pergunta após eu me contorcer um pouco na cama, já perdi quantas vezes ela já perguntou isso. Me seguro para não rir, todas as vezes que isso acontece meu corpo todo dói e não quero demonstrar que sinto dor.

- Eu estou bem, é sério! Não precisa se preocupar tanto. - Falo e curvo meus lábios em um sorriso. Eu posso não estar 100% bem, mas estou melhor que ontem. Pelo menos, meu olho está menos inchado que, mas os arranhões permanece comigo e os pontos no braço também, provavelmente a cicatriz dela vai ficar comigo a vida toda. - Você deveria ir para escola e não ficar aqui. Não precisa perder tempo comigo, eu não vou sair daqui. 

- Não é perda de tempo ficar com você e você sabe que não me importo de perder um dia de aula. - Ela diz. Ela se levanta e se aproxima de mim. Dixie pega do bolso o colar que usávamos desde os 12 anos, ela coloca no seu pescoço e sorri olhando o pingente.

- Vá para escola, por favor! - Ela me olha com uma expressão de tédio, isso quer dizer que não é nem para eu perder meu tempo pois ela vai continuar aqui. - Dixie, vai para escola, por favor!! - Continuo insistindo. - Por mim! - Ela revira os olhos.

- Tá bom, mas eu volto depois. - Eu confirmo com a cabeça, ela beija minha testa em despedida e saí do quarto. Minha mãe sorri para Dixie quando passa por ela no corredor, ela entra no quarto com uma caixa, acredito que sejam algumas coisas que pedi para ela trazer de casa. Ela coloca a caixa na cômoda ao lado da cama. Ela avisa que vai comprar um café e me deixa só no quarto, sinto um alívio por ficar sozinha pela primeira vez depois de horas. Faço esforço e pego a caixa, abro ela e vejo meu fone, o carregador do meu celular, minha câmera e minha agenda. Abro a agenda e pego o envelope branco dentro dela, nele guardo fotos que tirei no passado. Fotos que não podem ficar expostas no meu quarto e que guardo para mim mesma. Algumas delas são minha com a Dixie a um ano atrás ou a anos atras, elas foram tiradas com minha câmera antiga, guardei elas pois eu não aguentava mais entrar no meu quarto e vê essas lembranças e sentir sempre um vazio no meu peito, para mim eram memórias que não poderiam ser mais construída por não ter mais ela ao meu lado. Outras fotos são só da Dixie, a maioria ela está distraída ou reclamando de sempre eu tratar ela como modelo, mas eu tinha um fixação de tirar fotos dela e quanto mais ela reclamava, mais eu tirava. A última é a foto de uma rua, tirei ela o ano passado, a alguns meses atrás quando viajei, demoro encarando ela por alguns minutos. Vi essa rua ser cenário em uma foto que a Dixie postou no story do Instagram e foi o primeiro lugar que procurei quando fui para a Austrália, fui atrás dela para dizer o quanto sentia sua falta e que não entendia o porquê do nosso afastamento, e talvez a procura de algo mais.

 Vi essa rua ser cenário em uma foto que a Dixie postou no story do Instagram e foi o primeiro lugar que procurei quando fui para a Austrália, fui atrás dela para dizer o quanto sentia sua falta e que não entendia o porquê do nosso afastamento, e ...

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(Fotografia tirada por Addison em Sydney, Austrália)


L

ágrimas descem pelo meu rosto e são derramadas sobre a fotografia. Minha mãe entra no quarto e guardo todas as lembranças dentro do envelope o mais rápido que posso. Ela percebe que estou chorando mas não pergunta o motivo, ela sabe que uma garota precisa de um momento sozinha para sentir o que tem que sentir.

- Enzo disse que depois da escola vem jogar video game com você. - Ela diz sorridente. Fala isso só para não ter que tocar no assunto.

- Ele não se cansa de perder para mim. - Digo sorridente e limpo as lágrimas. Pego o último objeto da caixa, nosso colar da amizade. Usei ele por tanto tempo depois que ela se foi, eu tinha esperança da nossa amizade voltar a ser a mesma e de que logo ela me mandasse mensagem. 
Mas ela voltou, vocês são amigas de novo, não precisa mais ficar triste por algo do passado. Sua amiga está aqui com você e disse que não vai mais sair do seu lado, não importa o que aconteça. 
Essas são as palavras que digo para mim mesma, mas não acredito totalmente nelas. Pode ser por medo delas não serem verdadeiras, ou... pelo fato de sentir que ainda falta uma peça nesse quebra-cabeça.

Dixie

Vou para casa tomar banho e chego atrasada no colégio, todos comentam sobre a Addison ou twittam sobre o acidente. Não aguento mais vê as pessoas irem até o Bryce perguntar como ela está, pois ele como o namoradinho dela deveria saber. Não consigo nem olhar para ele nos corredores, vê que a vida dele continua normal e ela continua na cama daquele hospital. E mais raiva sinto quando sei que ele não foi punido, o pai dele ser amigo do delegado da polícia ajudou ele não ser preso, só levou uma multa por infração no trânsito.
Com tanta coisa acontecendo não tive a oportunidade de falar com Charli para ela terminar de me contar o que aconteceu no ano passado com a Addison. 
Nick me encontra no corredor no caminho para o refeitório.

- Como está a Addi? - Ele pergunta.

- Ela vai ficar bem, agora ela só está fingindo que está. 

- Ou ela está bem e você se preocupa demais. - Ele diz, sincero como sempre, olho para ele impaciente e ele me mostra os dentes. Nossos celulares vibram e outros fazem barulho quando chega notificação, sempre quando isso acontece é sinal de que alguém está prestes a ter uma fofoca vazada. As pessoas começam a falar e cochichar, algumas olham para mim e escuto o nome da minha irmã sair da boca de uma delas. Verifico as mensagens, clico na última enviada para mim e espero a imagem carregar. Me deparo com a foto de Chase beijando uma garota, e essa garota não é a minha irmã, eu reconheceria se fosse a Charli. Eles estão embaixo da arquibancada, a garota usa roupa de líder de torcida e Chase está muito distraído traindo minha irmã para notar que eles foram flagrados.

- Eu mato esse garoto! - Digo, Nick segura meu braço e me encosta no armário.

- Você já agrediu uma pessoa de ontem para hoje, não precisa adicionar outra para sua lista! - Ele murmura, me repreendendo de fazer besteira. - Vai atrás da Charli! Ela já deve ter visto essa merda e não deve estar nada bem. - Respiro fundo, concordo com a cabeça e ele larga meu braço. Procuro no refeitório, nos banheiros e acho ela no vestiário das líderes de torcida. Sou guiada pelo barulho do seu choro e da pia que derrama água.

- Eii, estranha. - Ela vira-se para mim, automaticamente ela desaba no choro quando me vê. Acolho ela em meus braços e me seguro para não chorar junto a ela. Se dói nela, dói o dobro em mim e eu faria qualquer coisa para fazer essa dor parar.

- E-ele... - Ela não consegue terminar a falar.

- Ele é um idiota, ele não te merece, ok? E você vai passar por isso e vai sobreviver a isso, porque você forte e eu vou estar sempre aqui com você. - Charli sempre foi meio dramática com suas emoções, isso sempre me irritou, mas tento me colocar no seu lugar. Se a pessoa por quem sou apaixonada me fizesse sofrer dessa forma, eu estaria no mesmo estado, ou até mesmo pior. Depois de alguns minutos tentando consolar minha irmã, mando ela ir para o carro me esperar e vou atrás do Nick. Entro no prédio do colégio e vejo diversas pessoas aglomeradas no refeitório, escuto barulhos e gritos.

- O que está acontecendo? - Pergunto para Kelianne que tenta enxergar alguma coisa da porta do refeitório, mas acho que não está obtendo sucesso por causa da sua altura.

- O Nick... - Meus olhos ficam arregalados e antes que ela termine de me informar, empurro todos da roda. Nunca vi o Nick com tanta raiva, ele está vermelho e seus olhos mostram seu ódio. Do outro lado vejo Chase, ele limpa o sangue que escorre da sua boca e faz sinal para Nick se aproximar. Meu amigo ataca novamente e joga Chase no chão, Nick leva um murro na maçã do rosto e devolve outro golpe em Chase. Encaro de maneira desesperada toda essa cena. Por sorte, Tyler entra no refeitório junto com Tony e eles separam a briga. O cabelo dos dois estão desgrenhado e a camisa de Nick parece que não foi passada antes de vir para escola. Puxo seu braço e tiro ele da roda, levando ele para o mais longe possível do idiota namorado da Charli, ou devo dizer ex-namorado?

That Way - DixisonOnde histórias criam vida. Descubra agora