That Way - Dixison

01

Dixie

Assim que chego no aeroporto avisto minha família, todos abrem um grande sorriso com minha chegada vestida com um moletom preto, uma calça moletom, um coque bagunçado no cabelo e com uma cara de quem acabou de acordar. A Charli não espera nenhum segundo para correr em minha direção e me abraçar com bastante força.

- Eu nunca pensei que diria isso, mas eu sinti tanto a sua falta. - Diz Charli ainda me apertando e quase me deixando sem ar. Ela só me solta quando meu pai me puxa e me acolhe em seus braços junto com a minha mãe, senti falta desse abraço todos os dias que estive longe deles.

- Também senti muito a falta de vocês. - Falo olhando para meus pais quando eles me largam. - Até de você Charli. - ela revira os olhos e ri. - Eu adoraria ficar aqui falando o quanto eu estava com saudades, mas eu estou com muita fome, não podemos ir comer em algum lugar não?

- Pelo menos eu sei que seu apetite não mudou nada! - Diz meu pai rindo, ele passa a mão entre meus ombros e pega uma das minhas malas. 
Vamos para casa e pedimos o melhor hambúrguer da região, o tanto que desejei ele nesses últimos meses não pode ser escrito, o hambúrguer da Austrália não é a mesma coisa do daqui. A Charli senta do meu lado no sofá cinza com chaise. Com uma mão ela segura o hambúrguer e a outra o celular.

- Nem pisca... - Comento vendo seu vício.

- Tá falando comigo? - Ela pergunta ainda com os olhos vidrados no aparelho.

- Não.

- Você falou para a Addison que estava voltando? - Ela pergunta e fujo do assunto levantando e indo até a cozinha, jogo a caixa do hambúrguer e lavo as mãos. - Falou com ela? - Ela grita da sala.

- Não. - Suspiro fundo e sento novamente ao seu lado. - Eu e ela não nos falamos muito enquanto estive fora, então não via o porquê de dizer que estava voltando mais cedo para Los Angeles. Por que essa pergunta?

- Eu sei que vocês não estão se falando muito e acabei de ver uma foto dela no insta. - Ela fala dando uma mordida em seu hambúrguer e mostrando a foto da garota na tela do telefone. Olho e rapidamente desvio o olhar.

- Como você sabe disso? Não comentei nada com você. - Franzo as sobrancelhas.

- Pelo simples motivo que nos primeiros meses da sua viagem ela vinha me perguntar sobre você, quase todos os dias para ser mais específica. Ela disse que você não estava respondendo direito as mensagens dela. - Sinto um aperto no peito, e volto minha atenção para meu celular, ótima forma fugir do assunto chamado "Addison". - Vocês brigaram?

- N-não, eu só estava muito ocupada para ficar toda hora conversando. - Me arrepio com o vento que entra pela janela, me levanto do sofá e vou em direção as escadas.

- O que vai falar quando ver ela daqui a dois dias? - Charli pergunta e paro no meio da escadaria.

- Dois dias? - Pergunto confusa. 

- Sim, daqui a dois dias começam as aulas. Você vai precisar de uma desculpa melhor do que "estava muito ocupada". - Ela ergue uma de suas sobrancelhas e a ignoro indo para meu quarto. Me jogo na cama e me cubro com meu edredom, apesar de estar cansada pelo vôo fico pensando por horas nas palavras que vou usar quando ver minha melhor amiga. "Oi, não te respondi pois estava tentando tirar você da minha cabeça por pelo menos um minuto!" ou " Oi, tive que ir embora porque acabei me apaixonando por você e não queria estragar nossa amizade", nenhuma dessas são uma opção no momento. 

*

Os dias passam rápido e a segunda-feira logo chega e como sempre, indesejada. Acordo com Charli pulando sobre mim na cama.

- Bom dia, sunshine. - Ela fala no meu ouvido e empurro ela para fora da cama, ela reclama quando cai no chão. Coloco o travesseiro no ouvido para não escutar mais sua voz, mas ela puxa ele de mim.

- Garota, me deixa em paz!

- Precisamos ir para a escola, você não pode se atrasar no primeiro dia de aula! - Ela ordena, às vezes ela esquece quem é a mais velha. Depois de tanta insistência, levanto da cama e entro no chuveiro. Meu coração acelera quando imagino rever minha amiga, mas o toque da água no meu corpo me acalma. Coloco um moletom cinza escrito "Chanel", uma calça jeans preta rasgada e um all-star preto. Desço as escadas correndo antes que Charli fique rouca de tanto gritar meu nome. Meu pai joga a chave do meu antigo carro para mim e saio correndo pela porta da frente.

- Se eu fosse você colocava o cinto, eu não dirijo tem exatamente oito meses. - Falo quando entro no carro e Charli que está sentada no banco do passageiro me olha assustada e logo coloca o cinto, o caminho todo ela ficou tensa comigo no volante.
Na escola eu estaciono o carro e respiro fundo antes de descer.

- Tudo bem? - Charli pergunta e eu afirmo com a cabeça. Avisto rostos conhecidos a cada passo que dou, puxo o copo de café da mão de Charli e dou um gole. - Eii!! - Ela exclama.

- Vai negar café a sua própria irmã? - Pergunto erguendo as sobrancelhas.

- Tá devendo é, Dixie? - Charli pergunta ao ver meu rosto pálido. 

- Que?

- Você parece tá muito nervosa. - Reviro os olhos e a ignoro, como sempre faço. Entramos no prédio e a Charli vai se encontrar com as amigas, enquanto eu vou até a secretaria pegar meu novo horário. Por sorte consigo entrar na sala quando ainda tinha poucas pessoas presente e não vou precisar passar pela vergonha de ter que ser encarada por todos ao entrar na sala. Sento no fundo da sala perto da enorme janela e procuro me manter invisível até o final da aula. Vejo Nick entrar acompanhado de Chase e Ryland, não consigo conter o sorriso quando vejo meu melhor amigo pela primeira vez depois de meses, meu desejo é levantar e ir correndo te abraçar, mas meu plano de ser invisível iria por água abaixo, então me mantenho aqui no fundão e cabisbaixa. Mas parece que garotas novas chamam atenção, vejo Ryland sussurrar algo no ouvido de Nick, sentado na fila do outro lado da sala, ele volta-se todo o seu corpo e me encara, sua expressão é de surpresa.

- Dixie? - Ele pergunta e sua voz vacila. Meus olhos marejam, abro um grande sorriso e levanto da cadeira.

- Oi, amigo. - Ele se levanta de forma desastrada e se esbarrando na cadeira da frente. - Vai ficar aí parado? - Ele vem em minha direção e me abraça, um abraço quente e demorado, minhas lágrimas são derramadas e eu poderia dizer que podia ficar o dia todo assim, mas nosso momento é interrompido com a chegada do professor na sala.