Capítulo 08

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Elizabeth

    — Tens certeza de que estás bem? — perguntou-me mamãe, pelo que contei ser a sexta vez.

Suspirei.
    — Estou ótima, mamãe. Podes ir despreocupada.

Ela assentiu e antes de fechar a porta atrás de si, virou-se e acrescentou:
    — Você sabe que podes contar-me qualquer coisa, não é?

Mordi o lábio.
O que ela faria se eu dissesse à ela a verdade?
Que que estava apaixonada por Simon, o filho de Lili?

Definitivamente, não reagiria nada bem...

    — Claro... Mamãe. — eu disse, ao chegar á conclusão de que com absoluta certeza, mamãe repreenderia-me.

Mamãe avaliou-me por mais alguns segundos, até por fim, sair do aposento.

     Assim que ouvi seus passos sob os degraus da escada, joguei-me na cama atrás de mim, embrulhando metade  do corpo com uma manta quentinha. Senti um movimento por debaixo da manta e ao erguê-la, vi Pickles, mordendo o tecido grosso.
Suspirei e peguei a minha bolinha de pêlos sob um dos braços.
  
     Já faziam dois dias, desde o incidente na casa dos Laurence. Desde esta data, eu estava evitando à todos, inclusive a minha pequena Beth.

Estava portando-me como uma covarde, eu sei.
Mas isto era um fato: eu era uma covarde.

     Apoiei a cabeça no travesseiro, enquanto afagava os pêlos esbranquiçados de Pickles.
      Há um dia atrás, as irmãs Jonhson haviam vindo visitar-me, alegando terem "descoberto" sobre o meu "resfriado".
Que blasfêmia...
Todos em Petersburg sabiam quem era Rachel Jonhson, a mãe das duas; o fato era que nenhuma notícia escapava dos ouvidos de Rachel.
Em  outras palavras, ela era a  mulher mais fofoqueira daqui.

Assim que descobri sobre a presença de Amélia e Felicity, fiz o possível para aparentar estar de fato, resfriada, e pedi à mamãe que não as deixasse entrar.

O motivo?
Bem, como disse anteriormente, eu era uma covarde.

Não queria que ambas soubessem sobre a minha "fraqueza" por Simon Laurence ou pior...
Temia que Felicity e ele estivessem de fato, tendo algum romance.

Bufei.
Virei a cabeça para o  outro lado do travesseiro, enquanto uma de minhas mãos, adentrava o pote de biscoitos de chocolate postos diante de mim.

Deus me proteja, se mamãe souber que os preparei para mim. 

    Mamãe havia adotado uma severa política de restrição alimentar, sobre mim. Eu estava proibida de comer quaisquer tipos de guloseimas, pelo simples fato de –segundo ela– estar gorda.

Que absurdo!

     Daqui à três dias, seria ano novo. Eu estava tão exausto e frustrada, que não estava– diferente dos anos anteriores– ansiosa por tal comemoração.
Todos os anos, durante o ano novo, mamãe convidava as respectivas famílias de minhas irmãs para uma "ceia de ano novo". Para o meu azar, este ano, os Jonhson estariam incluídos, no que resultaria na minha infeliz convivência com Simon e Felicity, sob o mesmo teto, em minha casa...

    De repente, um som ecoou do lado de fora e Pickles – que estava á apenas alguns segundos atrás, sob meus braços – empertigou-se, ficando de pé e erguendo suas orelhinhas. Estava em pose de alerta.

Ergui-me da cama e ajoelhei-me, pondo meu cachorrinho novamente sob meus braços, enquanto besbilhotava pela janela.

    Arregalei os olhos, assim que visualizei o motivo de tal ruído. Era ninguém menos do que Christian Wallace, de pé sob o hall de entrada de nossa casa.

Sempre foi você - Irmãs Riggs 03Onde histórias criam vida. Descubra agora