Cantando na calçada

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Certo dia eu queria ir jogar golfe com meus amigos, mas estava sem grana.

Depois da competição Estrela de Stratford, fiquei animado pra cantar na frente das pessoas, então decidi que cantar de improviso para conseguir uns trocados não seria uma má ideia. Durante a temporada turistica, em meio ao Strafford Shakespare Festival, muita gente vinha de longe para assistir ás peças. Os ônibus estacionavam em frente ao teatro, e centenas de pessoas passeavam por ali antes de irem fazer compras ou visitarem os cafés e galerias de arte locais.

Era o lugar perfeito, com um monte de gente passando. E com sombra, se eu fosse lá na hora certa do dia. Sabia de or a letra de várias musicas e não precisava de acompanhamento musical. Podia eu mesmo tocar o violão. Mamãe não sabia qual seria a reação das pessoas, então não queria que eu ficasse lá sozinho. Tentei argumentar que estaria em não queria que eu ficasse lá sozinho. Tentei argumentar que estaria em casa á noitinha, mas ela insistiu que o vovô ficasse me vigiando de dentro do carro, do outro lado da rua.

Da primeira vez em que parei nos degraus, deixei o estojo do meu violão aberto, na esperança de que as pessoas fossem boazinhas e me doassem uns vinte dólares. Depois de apenas umas duas horas, eu já tinha faturado quase duzento dólares. Parecia que eu havia descoberto uma mina de ouro. Quando cheguei em casa e contei a boa-nova á minha mãe, ela ficou embaasbacada e começou falar sobre responsabilidade e em colocar o dinheiro em uma conta universitária... Mas eu tive outra ideia.

- Mãe, a gente pode ir para Disney.

Ela fez as contas por um minuto e determinou:

- Podemos mesmo. Nesse ritmo, até o fim do verão, mesmo que você aplique boa parte do dinheiro numa poupança, vai juntar o suficiente para comprar as passagens de avião.

Era um bom plano. Eu e mamãe nunca haviamos viajado de férias para outro lugar que não fosse o chalé do clube de caça e pesca no Star Lake com meus avós. Para nós, ir á Disney era uma possibilidade tão remota quanto ganhar na loteira. Descobrir que eu poderia tornar isso possivel simplesmente cantando - algo que eu fazia há anos só por divisão - era muito legal. Mamãe estava feliz por ver as pessoas me tratando bem, mas começou a ficar preocupada com o fato de eu ficar sentado lá com todo aquele dinheiro, então ela e  o vovô se revezavam, me observando do outro lado da rua.

Aqueles apresentações foram o máximo. As pessoas eram muito gentis e me elogiavam. Quase todo mundo jogava pelo menos um ou dois dólares e dizia coisas legais. Ao final de um dia, descobri um bilhete em meu estojo. Não me lembro exatamente o que dizia, mas era algo como: "Você é um garotinho! Me liga! Um beijo, Tiffany", junto com um número de telefone.

O Chaz e o Ryan ficaram intrigados, dizendo:

- Como assim, cara?

Assim, ué.

É até dificil imaginar que poderia ficar ainda melhor, mas foi o que aconteceu! Disney e garotas. Aquelas apresentações foram boas demais!

A acústica era ótima naquele lugar, e em dias mais calmos e silenciosos, o pessoal falava que dava para me ouvir cantar desde o começo da rua. Os ônibus chegavam e saíam, trazendo todo tipo de gente. Senhoras com chapéus e bolsas gigantes, estudantes japonesas de uniformes quadriculados, grupos de escoteiros e times de beisebol, casais de idosos passeando. Os grupos de turistas eram deixados na esquina para que pudessem comprar lembranças, e algumas pessoas ainda estavamm lá quando o ônibus voltava para buscá-las.

Graças ás influências musicais dos meus pais, eu tinha um repertório bom que agradava a todos. Tinha de tudo: de R&B a música pop, country e gospel. Tinha até um pouco de heavy-metal, que nem é tão pesado assim um minimetal, digamos assim. E dava certo.

Uma música em particular que sempre fazia a pessoas se emocionaram e rendia muitos trocados, "Sarah Beth", uma composição da banda Rascal Flatts sobre uma garota com câncer. Tente assistir a esse clipe no You Tube sem ficar com o choro entalado na garganta. Duvido que não fique emocionado. "Sarah Beth" amolece qualquer um. Não me importa se você é um daqueles caras durões e insensiveis. Você vai chorar no final da música.

Os funcionários das lojas próximas ao teatro me adoravam, porque quando eu estava tocando, a clientela ficava ali por mais tempo. Por eles, eu trabalharia lá durante todo o horário comercial, mas estávamos no verão, e eu tinha 12 anos. Eu queria brincar com os meus amigos e começar a namorar. Estava me sentindo mais do que bem- sucedido no âmbito financeiro, totalmente pronto tomar a iniciativa, ser um cavalheiro e me divertir com as meninas.

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