Para o alto e avante

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Mamãe e eu embarcamos em nosso primeiro voo no outono de 2007.

Deixamos o solo, rumo ao céu. Foi tão fantástico quanto sempre achei que seria. Por toda a minha vida olhei para os aviões no céu, mas, quand eu era pequeno, achava que aquilo era para gente rica. Sabia que não era totalmente impossível, mas pessoas como minha mãe e eu tinham noção da realidade. E acho que eu enxergava a indústria fonográfica da mesma forma.

Via gente como a Beyoncé, o Usher e o Justin Timberlake tão distantes parecia achar que sim, e eu queria acreditar nisso, mas mantínhamos nossos pés no chão. Não cairia na asneira de conttar pra todo mundo no colégio sem ter algo realmente concreto fechado. Além do mais, a decepção que eu teria caso nada daquilo se tornasse realidade seria demais para mim.

Quando pousamos em Atlanta, o Scooter nos apanhou no aeroporto, dirigindo uma Mercedes roxa com rodas superestilosas!

- Irado! - exclamei ao ver o carro.

A mamãe apenas balançou a cabeça. O Scooter saiu do carro e nos surpreendeu com um grande abraço antes de jogar nossa bagagem no porta-malas.

- Oi, gente! Sou o Scooter.

- Prazer! Sou o Justin.

- Belo carro - comentou mamãe.

- Esse foi o primeiro carro que eu comprei - contou-nos. - Paguei em dinheiro nos meus tempos de promotor de festas. Hoje sou outra pessoa e tenho uma linha de trabalho muito diferente, mas ainda gosto do carro.

- Irado - afirmei. - Como é o sistema de som?

- Ensurdecedor - respondeu Scooter.

- Som na caixa, então! - pedi.

Ele ligou o som bem alto e eu comecei a cantar junto com a Rihanna e o Jay - Z a música "Umbrella". Então a mamãe entrou na brincadeira e passou a me acompanhar. Em pouco temo estávamos todos cantando e rindo. O Scooter fazia palhaçadas, imitando as vozes do Mike Tyson e do Schwarzenegger. Nos demos superbem de cara. A mamãe não conseguia acreditar. Ela comentou que ninguém nunca havia sido tão brincalhão assim conosco.

- Se não tiver problema para vocês, estou indo para o estúdio do Jermaine Dupri - informou o Scooter.

- Sem problema nenhum. Ja é! - respondi.

Eu sabia que o Jermaine Dupri era o cara. Ele já lançou artistas extremamente bem-sucedidos - os rappers Kris Kross, Da Brat e Lil Bow Wow -, e também já trabalhou com Mariah Carey, Luther Vandross e a antiga paixão da minha mãe: Boyz II Men.

- Mas vai ser apenas uma visita social, ok? - disse o Scooter. - Vamos lá só para nos divertir e jogar videogame. Não quero que você cante para eles ainda. O plano é fazer com que eles conheçam você, para depois mostrar-lhes os videos e bolarmos juntos alguma coisa que você cante pra eles. Você não vai participar de um teste agora, entendeu? - recomendou Scooter.

- Saquei

-Meu Deus! Aquele é o Usher?

Era a mesma sensação de quando o avião decolou. Eu estava nas nuvens de novo, entre as estrelas! Aquilo era uma loucura, eu não conseguia acreditar. Mal podia esperar para ver a cara do Chaz e do Ryan quando eu contasse que tinha conhecido o Usher. Antes que o Scooter pudesse me segurar, eu já estava fora do carro, correndo pelo estacionamento.

- Ei, Usher! Cara, adoro você. Posso cantar para você?

- Não, amiguinho, está frio aqui fora. Vamos entrar - propôs o Usher .

Algumas pessoas pensam que eu conheci o Usher totalmente por acaso num estacionamento em Atlanta e que vinte minutos depois fechei um contrato com una gravadora. Na verdade, só fui vê-lo quase um ano depois. Ele me ignorou completamente, cumprimentou o Scooter e entrou no prédio para falar com alguém. Até hoje sacaneio o Usher por causa disso.

Algum tempo depois, ele contou alguém que achou que fosse um primo novinho do Scooter ou algo assim. Ha-ha.

Quando o Usher entrou, o Scooter olhou pra mim com aquela expressão de desespero!

O Scooter havia pedido que eu não cantasse para o Jermaine Dupri, mas não disse nada sobre o Usher! Entramos, nos encontramos com o Jermaine e jogamos videogame. De vez em quando eu criava uma imagem fantástica na minha cabeça, comentando com o Chaz e com o Ryan: "Então, eu estava lá com a galera no estúdio..." Mamãe ainda estava desconfiada, não muito disposta a acredite que aquilo levaria a algum lugar. Estávamos apenas de palhaçada, e arrisquei uma palinha do rap do "Nelly, "Grillz", uma música que ele compôs com o Dupri.

A principio, todos riram. Provavelmente era estranho ver um garoto branco imitando o Nelly, mas então o Jermaine disse: - Calma aí, calma aí.

Preciso pegar a minha câmera.

Quando ele voltou, me fez repetir toda a performance na frente da câmera.

- Sensacional! - elogiou ele, quando terminei. - Quem é esse garoto? Um miniScooter?

Ele riu, achando divertido - dava pra perceber que ele e o Scooter eram próximos e que o J.D, estava curtindo aquele encontro, mas não tanto quanto eu. Afinal, eu era era a apenas um moleque de Stratford, Ontário, e lá estava, conhecendo o Jermaine Dupri!

- Na verdade, ele canta - disse o Scooter.

- Ah, essa eu preciso ouvir - pediu J.D.

- Não, cara, hoje não - respondeu o Scooter, - Ele acabou de chegar de viagem, e eu ainda não tive a oportunidade de...

Deixei escapar um pouquinho de Boys II Men. Mais uma vez, o Scooter me encarou com reprovação.

Jermaine olhou para o Scooter.

- Não vai dessa vez, amigão - disse Scooter, rindo.

Percebi, pela cara do Scooter, que era hora de ir embora, que aquilo não fazia parte do plano. Ao longo dos anos, eu e Scooter aprendemos a trabalhar em sinergia, mas, naquele episódio, haviamos apenas começado a parceira. Voltamos pro carro.

- Não estamos aqui para cortar caminho. Vamos planejar isso com cuidado e fazer tudo direito - Scooter sugeriu.

- Não entendo nada disso - disse mamã. - Eu só queria conhecer mais esse negócio. Queria conhecer você melhor,ncomo pessoa. Você está pedindo para entrar integralmente na vida do meu filho e servir como um modelo para ele. Não posso permitir isso sem algum... Não sei...

- Adiantaria se você conhecesse minha família? -perguntou Scooter.

- Sim. Na verdade , adiantaria. Me sentiria muito mais confortável.

- Meu pai está de passagem por Atlanta amanhã, voltando de uma viagem para praticar kitesurf. Você vai adorá - lo. Meu pai me criou muito bem.

Ele é o meu melhor amigo, mas também o respeito muito. Você verá. Se um dia eu for metade do homem que meu pai é, ficarei feliz.

No dia seguinte, fomos a um restaurante no aeroporto para conhecer o pai do Scooter: o dr. Ervin Braun, um dentista que tinha uma queda por esportes radicais. A mãe do Scooter é uma ortodontista que se interessa por artes. Mamãe concluiu que esse tal de Scooter, dono de um carro roxo de malandro, era gente fina, no final das contas. Ele tinha uma fé judaica muito forte. Sua família era carinhosa, estável e bem - sucedida. É claro que ele era jovem, mas era educado e cheio de energia. Conhecia aquela indústria com a palma de sua mão. E acreditava em mim.

Ficamos em Atlanta por poucos dias, mas antes de irmos embora bolamoa um plano: continuariamos a postar videos no You Tube, aumentando as visualizações e aprimorando o que estava fazendo. O Scooter tinha em mente um monte de músicas que eu poderia cantar, assim como uma estratégia de como apresentá - las, envolvendo o crescente número de fãs.

Eu adorava todas as músicas que ele escolheu, então estava totalmente de acordo.. Ao longo dos meses seguintes, gravamos novos videos e os postamos, e mamãe e Scooter ficavam acordados a noite toda monitorando os números que subiam, contabilizando as "honras".


Justin BieberOnde histórias criam vida. Descubra agora