Nosso Contrato

Capítulo 19 - Lídia Woods

— Senhor White! Senhorita Woods! - as batidas na porta me despertam devagar — Senhor White? - eu abro os olhos mas tenho que fechá-los no mesmo instante

Que merda aconteceu ontem?

Eu tento abrir meus olhos mais uma vez e aos poucos vou me acostumando com a claridade do quarto. O teto arrumado e todo chique me faz ter a certeza de que não estou no meu antigo quarto de infância.

— Senhor White! - as batidas se intensificam e eu me forço a sair da cama

Meus pés sentem o frio do chão e eu tremo pela baixa temperatura. Empurro a coberta de cima de mim e tento controlar o enjôo que me toma assim que levanto meu corpo. Quando acho que estou segura me arrasto pelo quarto desconhecido até onde as batidas e os gritos ficam casa vez mais intenso.

— O quê? - minha voz está arrastada e minha garganta parece ser feita de lixa e me enjoa o gosto ruim que está nela

— Senhorita Woods... - os seguranças parecem aliviados e ao mesmo tempo constrangidos por me verem parada toda bagunçada na porta — O vôo sai em uma hora e acho que vocês gostariam de se despedirem dos seus pais, certo? - o maior deles diz e eu sinto o enjôo subir pela minha garganta e eu corro em direção ao banheiro mais próximo e deixo toda a minha alma sair pela minha boca

Uma mão gelada mas macia prende meu cabelo e a outra das carinho em minhas costas. Eu tento não deixar que o fluido vaze pelo meu nariz já que eu tenho refluxo e tento manter minha respiração calma.

Num a fui uma grande fã de vomitar exatamente pelo meu problema mas, quando acontece, a calma é minha melhor aliada.

— Respira fundo, baby. - a voz extremamente rouca do Noah me faz encará-lo. Ele parece tão acabado quanto eu e isso me faz rir — Acha engraçado vomitar, tigresa?

— Acho engraçado você está me ajudando quando parece tão mal quanto eu. - ele afirma e apóia a cabeça no meu braço esquerdo

— Você não sabe a força que estou fazendo para não vomitar com esse fedor. - eu rio e me estico para dar descarga no sanitário. Me levanto e escovo os dentes mas, antes que eu acabe, ouço o Noah colocar toda a vodca para fora — Ei... - eu cuspo a espuma e lavo a boca correndo para o apoia-lo — Levanta a cabeça que melhora um pouco. - ele faz o que eu peço e ficamos assim até que ele melhore

Eu aciono a descarga e ele vai escovar o dente. Sinto o fedor impregnado no banheiro, ou talvez em mim, e o enjôo volta.

— Preciso de um banho. - digo levantando a camisa do Noah do meu corpo — Trás minha roupa para mim, por favor.

— Tudo bem. - ele me dá espaço e eu entro no box me direcionando para estar embaixo do jato quente de água

Meu corpo inteiro relaxa quando a água bate em minha pele. Estou com dores em todos os músculos do meu corpo, até mesmo músculos que não doíam a bastante tempo. Não me lembro de nada da noite passada, não depois das primeiras duas doses de vodca. Mas, segundo essa dor, sei bem que a noite foi divertida.

— Eu não estou conseguindo achar o seu vestido, Lídia. - me sinto aliviada pela água quente ter embaçado o vidro escuro do box já que ele entrou no banheiro sem avisar

— Arranja alguma roupa, por favor, não consigo ir com a sua camisa porque ela está fedendo demais. - passo um shampoo pequeno que está no aparador e levo mais alguns minutos para terminar o banho

Noah não está no quarto quando saio do banheiro enrolada no roupão e com uma toalha no topo da minha cabeça. Apenas agora consigo olhar direito para o quarto e percebo a zona que ele está. Vidros quebrados, roupas de cama pelos móveis, pétalas de rosas misturadas com penas e eu não faço ideia de como minha calcinha foi parar no lustre do quarto.