Eu sempre gostei de Seattle. De ir velejar lá com alguns colegas da faculdade. De soltar de paraquedas bêbado e quase morrer de tanto vomitar. De quase ser preso.
Ah, meus vinte e poucos anos!
Mas, o que eu gosto mesmo, é do ar puro, do ver água por qualquer lugar que eu olhar, de ter montanhas, ar fresco, florestas e parques por todos os lados. Gosto daqui mas só de pensar já sinto saudade da correria que apenas a Quinta Avenida proporciona.
— Ainda estou com sono! - a dorminhoca diz limpando os olhos e abrindo a boca para bocejar pela milionésima vez — Por que tínhamos que sair tão cedo se estamos indo no seu jatinho particular?
— Para aproveitar o dia? - ela bufa me fazendo rir — Você foi dormir tarde ontem de novo?
— Saiu um filme de terror novo na televisão e eu fiquei curiosa para ver. - ela tem a voz suave mas manhosa e eu quase ofereço meus braços para ela deitar
— E você viu sozinha? - ela nega com os lábios unidos
— Ethan dormiu lá em casa comigo. - eu tento não sentir ciúmes do pequeno Labarra mas alguma coisa dentro de mim parece querer matar ele — Ele dorme muito mal e fica me assustando toda hora.
— E por que você o deixou entrar? - eu me viro para a encarar
— Ele tem a chave. - ela resmunga — Eu preciso trocar a fechadura daquele apartamento, todo mundo entra e sai toda hora.
— É. - eu não sei o que dizer então prefiro voltar a encarar a paisagem pela janela do carro
O dia mal começou e as ruas já estão cheias. O frio não impede das pessoas circularem de um lado para o outro como se fosse duas da tarde. Eu me ajeito no banco traseiro da SUV que o Jack dirige e respiro fundo.
— Você está de mau humor? - ela desliza pelo banco até estar deitada em meu ombro — Está com sono também?
— Um pouco. - ela não fala mais nada por todo o caminho até o aeroporto, chego até a pensar que ela dormiu mas vejo ela brincando com o anel da minha vó em seu dedo
Ainda é estranho ver o anel da minha vó no dedo dela, parece tão certo e ao mesmo tempo está tudo errado. Não era para ficar com ela, eu iria pegar assim que saíssemos da casa dos meus pais, mas combina com ela. Estranhamente parece feito para estar no dedo dela.
— Chegamos, senhor. - eu afirmo e, mesmo antes de tentar acordá-la, ela se levanta
Eu saio do carro e deixo a porta aberta para ela, vou para perto do jatinho e fico aguardando ela aparecer. Ela sai ainda com sono, coça os olhos com os nós dos dedos, me olha e depois olha para o jato mas não fala nada. Ela sorri quando chega perto de mim e tudo fica ainda mais complicado.
— Estamos esperando o quê? - ela me pergunta e eu nego — Podemos entrar então? Está frio aqui.
— Claro. - não era isso que eu esperava que ela falasse mas tudo bem — Por aqui. - eu mostro o caminho para ela e ela o segue
As escadas nos levam para o interior do jato e eu fico esperando a reação dela. É a primeira mulher que trago aqui, a primeira que não tenha White no nome ou trabalhe para mim. Todas elas tiveram reações ao jato, elogios e, tirando a minha mãe, todas queriam conhecer a suíte no final do jato. Não Lídia Woods. Ela não faz nada como esperamos e, mais uma vez, me surpreende não tendo reação nenhuma ao jato, ela apenas se senta em uma poltrona ao lado da janela e fecha os olhos possivelmente querendo dormir.
Eu me sento a sua frente, fico esperando ela abrir os olhos e dizer alguma coisa mas ela não faz isso. Ela só abre os olhos quando o comissário vem nos dizer os parâmetros de segurança e nos oferecer algo.
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Nosso Contrato
ChickLitLídia Woods está acostumada a cuidar dos outros e colocar suas vontades para depois. Ela fica adiando tanto viver que acaba vendo sua vida passar pelos seus olhos como se não a estivesse vivendo. Tudo piora quando ela reencontra o homem que ela juro...