Epílogo - Lídia White

7.8K 669 59
                                    

— Doutora White? - eu levo um segundo para perceber que é comigo que estão falando

— Pois não? - uma enfermeira me entrega um prontuário para que eu dê uma olhada e começa a falar sobre o paciente

Eu amo estar de volta a minha rotina mesmo morrendo de saudade da minha pequena Zoe. Mas sei que ela está bem, afinal, está passando o dia com o papai no escritório.

— Lídia. - José me cumprimenta passando com a mais nova médica plantonista

— Oi, José. - eu sorrio — Doutora Chi. - o olho dela fica ainda mais puxado quando ela sorri e vejo sua bochecha ganhar um tom avermelhado

— Olá. - ela me cumprimenta e sorri para o José — Obrigada por me levar até o setor dois. - eu finjo normalidade e continuo verificando meu paciente pelas anotações dos meus colegas na ficha dele

— Sempre que precisar, querida. - eles trocam um olhar profundo e mais um sorriso antes dela sair e me deixar com o garanhão latino — E aí, gostosura. - ele vem para o meu lado e eu reviro meus olhos — Como estão as coisas?

— Indo. - eu assino o prontuário e entrego a enfermeira que se despede com um sorriso — Você não cansa de dar em cima das médicas desse hospital?

— E quem disse que eu dou em cima apenas das médicas? - ele sorri e eu reviro meus olhos — As enfermeiras são bem gatas também.

— Você não presta! - ele ri

— E você me ama desse jeito. - eu reviro meus olhos e volto a caminhar pelo andar de emergência conferindo meus pacientes — Ainda sem vontade de voltar ao plantão normal? - eu nego — Está bem puxado para mim ficar sem você todas essas horas.

— José, respeite o anel que está em meu dedo. - eu levanto minha não esquerda e ele ri — Vai me dizer que você não está ocupado demais com a doutora Chi?

— Eu estou começando a achar que você está com ciúmes, minha cara. - eu reviro meus olhos — Se você mudar de ideia sobre voltar ao seu plantão, aposto que o doutor Kacmarek não verá nenhum problema.

— Eu sei, José, mas agradeço em já poder estar aqui. Você não faz ideia de como é ficar um ano sem fazer o que estudou para.

— Foi difícil, imagino, mas sei bem que você teve duas pessoas vivendo apenas para você. - eu sorrio

— É, foi muito bom, assumo, mas... - antes que eu termine, a porta principal é aberta e dois paramédicos entram empurrando uma maca rapidamente

— Acidente veicular! Homem, vinte e poucos anos, preso nas ferragens, com  hemorragia interna, ossos quebrados e Fíbula exposta! - eu corro o pequeno espaço que me separava da maca e assumo o atendimento

— Preparem a sala de cirurgia quatro, precisamos colocar a Fíbula no lugar mas quero um raio-x para ver a lesão completa! - os enfermeiros se agitam e eu foco apenas no paciente em minha frente e respiro fundo — Vamos lá, querido, vamos fazer o melhor para você. - tudo se agita ao meu redor e os próximos minutos minha atenção total é desse homem

É sobre isso que estava falando com o José. Eu amei passar todo aquele tempo com minha família, passar mais tempo com o Noah e aproveitando minha pequena, mas eu gosto dessa adrenalina. Saber que você está ajudando alguém é um sentimento muito bom.

As horas voam, eu tinha esquecido como isso acontecia, e logo estou a poucas horas do fim do meu plantão. Faz pouco mais de um mês que voltei a trabalhar e assumo estar gostando, mesmo que sinta muita falta ainda da minha pequena e do pai dela também. Mas o Noah tem me ajudado, como sempre, tem sido um marido perfeito e amo estar dividindo minha vida com um homem como ele. Passamos por muitas coisas ao longo da nossa história mas sei que cada uma delas nos fez mais cientes da pessoa maravilhosa que estamos convivendo. A vida nos ensina muito e fez tudo ser perfeito para nós dois.

Nosso ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora