Eu abro meus olhos mas a claridade dói, assim como meu corpo. Eu me impulsiono e reparo no lugar onde estou. O quarto de descanso. Sento no sofá e respiro fundo tentando me lembrar o que diabos aconteceu.
Eu tive o pior pesadelo do mundo inteiro! Meu peito aperta só com a lembrança do pesadelo. Eu engulo em seco e procuro meu celular. Depois de sonhar que o Noah estava entubado numa UTI eu sou capaz de engolir meu orgulho apenas para ver se ele está bem.
Rosa entra na sala de descanso com uma bandeja na mão e sorri ao me ver. Eu sorrio de volta mas algo em seus olhos faz com que eu perca o sorriso.
— Não foi um pesadelo, não foi? - ela nega e apóio minhas mãos em minha cabeça me permitindo chorar mais uma vez
— Lídia, você precisa se acalmar.
— Eu não preciso me acalmar, Rosa, eu preciso saber se ele está bem ou não.
— Ele está. - ela coloca a bandeja sobre a mesa de descanso e se senta ao meu lado — Ele está estável mas não apresentou nenhuma rejeição aos pinos colocados nele. - ela abraça meu ombro e choro ainda mais — Foram quatro horas boas, a doutora sabe como essas primeiras horas são cruciais.
— Quatro horas? - eu a encaro — Eu apaguei por quatro horas?
— Sim, pensei até em te colocar em um quarto mas o José disse que se sentiria melhor aqui. - eu afirmo — Ele disse que a senhora teve um enjôo mais cedo.
— Estou tendo nos últimos dias. - não adianta mentir para ela já que vejo o envelope de exames — Assim como queda de pressão, aumento de peso e estresse. - ela levanta uma sobrancelha — Sei o que está pensando mas sempre usamos contraceptivos.
— Bom... - ela pega o envelope e me entrega — Acho que não funcionou muito bem, não. - eu arregalo meus olhos
— Isso quer dizer... - eu encaro os papéis e quase tenho um ataque cardíaco — Meu Deus! - leio o exame e olho para a Rosa
— O nível de HCG está alto demais para ser no início. - eu olho o nível de HCG e me surpreendo — Entre décima sexta à vigésima semana.
— Mas... - eu a encaro assustada — Eu não engordei tanto assim! - eu olho para minha barriga — Meu Deus, isso é uma mentira!
— Exame de sangue, chica, não é uma mentira não. - eu fico encarando o exame — Isso quer dizer que você já pode saber se é uma menina ou um menino.
— Isso é inacreditável! - eu quero levantar e andar pela sala apenas para que a tensão passe mas minhas pernas estão fracas e é bem possível eu cair — Eu não...
— Isso se chama destino. - a voz na porta da sala me assusta e eu encaro meu melhor amigo
— Ethan! - ele sorri de forma tão triste que só consigo voltar a chorar — Eu não estava falando sério quando desejei aquelas coisas! - eu tampo meus olhos em uma crise de choro forte — Foi só uma briga, eu estava com raiva e não estava pensando direito! - sinto alguém me abraçar e abro meus olhos vendo meu amigo ajoelhado me amparando — E agora eu descubro que brigamos por nada!
— Ei, vem aqui. - eu apóio minha testa em seu ombro e choro, como nunca antes — Isso, deixa tudo sair. - ele me acalenta e ficamos assim por um longo tempo, eu balbuciando palavras desconexas e ele apenas ali por mim — Você não é culpada, Lidi, para de falar isso.
— Eu falei isso, Et. - eu bato no meu próprio peito — Eu disse que ele poderia morrer, eu pensei sobre isso, eu desejei isso. Meu Deus, eu sou uma pessoa horrível!
— As pessoas pensam coisas assim na hora da raiva mas não significa que são culpadas quando algo assim acontece. - ele me empurra levemente e me faz encarar seus olhos — Você estava mal. Vocês estavam. Não se culpa por isso.
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Nosso Contrato
ChickLitLídia Woods está acostumada a cuidar dos outros e colocar suas vontades para depois. Ela fica adiando tanto viver que acaba vendo sua vida passar pelos seus olhos como se não a estivesse vivendo. Tudo piora quando ela reencontra o homem que ela juro...