Capítulo 1 - Lídia Woods

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Eu me despeço da Crystal com um beijo e caminho até meu carro já estacionado na frente da porta pelo Sven, aquele gato.

Eu agradeço ao homem alto e forte com um piscar de olhos e entro no meu carro. Coloco meu cinto e ligo o rádio, a nova playlist que fiz começa e eu sorrio.

Aqui está uma grande verdade sobre mim, amo música e recentemente descobri minha aptidão para fazer boas playlists também.

Saio da casa da minha amiga e dirijo de volta a Manhattan. Crystal mora com seu marido e filhos numa cidade linda perto do centro e eu amo passar alguns dias com ela e seus bebês.

Ainda não consigo acreditar muito bem que a minha melhor amiga tímida e cheia de medo do mundo se tornou a mulher forte e destemida de hoje.

Mas o tempo passou e hoje ela se tornou, na essência, ela mesma. Eu estou feliz por estar ao seu lado e ver o quanto ela está completa agora. Mas, as vezes, sinto saudade da minha Branca de Neve que me oferecia doces e não fazia ideia do que era futebol.

Lembrar da nossa época de faculdade é estranho. Eu lutei muito para ser quem eu sou hoje, foram noites sem dormir, dias que eu queria desistir de tudo e estresse encima de estresse. Mas eu consegui e a faculdade me deu mais do que a capacidade de exercer meu desejo, ela me deu uma família.

Lógico que, além do Ethan e da Crystal, não tenho mais contato com a maioria das pessoas. Não que eu não tivesse conhecido ninguém mas, depois que eu e a Crystal nos tornamos amigas de verdade, me afastei da maioria e só sobrou nós duas. Até o Ethan chegar.

E ele chegou para ficar, sabe? Ainda mais agora que minha melhor amiga está casada e morando um pouco longe, Ethan e eu passamos o nosso tempo juntos e assim seguimos nossas vidas.

Muitas pessoas dizem que eu e ele temos um caso. Há. Como se ele quisesse algo comigo. Não que eu queira, mas o Ethan é mais do "pego e não me apego". Nós dois nunca colocaríamos nossa amizade em jogo assim.

Tudo bem que ele é lindo, ninguém pode negar isso. Ele realmente é lindo com aquele olho espetacular e o cabelo loiro. Já disse que eu tenho um fraco por homens loiros? Tenho mas não vou tentar nada com meu amigo, é melhor continuar ficando com meus colegas de trabalho.

Sim, porque, se é para ser honesta, tenho que dizer que o meio onde eu trabalho é um dos mais promíscuos que já soube. O tanto de vezes que eu já peguei gente na hora H no almoxarifado da clínica poderia fazer uma coleção de contos pornôs. É que passamos muitas horas juntos, o flerte diário não ajuda também e quando vemos estamos lá, aos beijos com o plantonista do dia.

Não pense que sou uma mulher vulgar ou coisas assim, eu apenas sou solteira. Estou com vinte e sete anos, faço da minha vida o que eu quero, pago minhas próprias contas, estou feliz com meu estado civil e não devo satisfação da minha vida a ninguém. E ponto.

A paisagem verde começa a ser trocada pelo cinza de Manhattan e eu me sinto em casa. Parece loucura mas eu amo esse cinza, todas essas pessoas andando de um lado para o outro, o jeito dessa cidade. Eu amo uma cidade grande. Saudades de Seattle, minha cidade natal.

Vim para esse lado do país para estudar e não me vejo mais indo embora. Meus pais querem que eu vá mas eu não consigo me ver longe desse lugar. Meus amigos tem muito haver com isso também.

O prédio em que moro fica a poucos minutos do centro da cidade e as ruas estão tranquilas. Um domingo realmente é um domingo, ainda mais sendo um domingo de janeiro.

Eu entro no apartamento e respiro fundo. Amo o lugar mas eu não gosto de como me sinto sozinha ao entrar aqui. Anos atrás, quando me mudei com minha amiga para cá, o apartamento era cheio, tanto de pessoas num entra e sai enlouquecedor e tanto de amor. Agora me sinto meio abandonada aqui.

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