— O bebê está bem. - Dora sorri e me olha — Ele cresceu bastante nas últimas semanas, não é mesmo? - eu afirmo e encaro minha barriga
Agora é possível ver que estou grávida mesmo. Minha barriga parecia que só não crescia para deixar tudo mais confuso e agora está assim, enorme. Tudo bem que não está a maior barriga do mundo, mas para mim, que não tinha barriga nenhuma, vejo a diferença.
— E você, tem se sentido bem ou ainda está com muitos enjôos? - aceito o papel para limpar o gel condutor da minha barriga e me sento — Você tem tomado as vitaminas que passei, certo?
— Tenho sim, como receitou. - me ajeito e jogo o papel fora — Os enjôos tem sido mais pela parte da manhã do que qualquer outro horário e eu tenho estado com muita azia.
— Isso é normal mas vou receitar alguns remédios que amenizaram um pouco, tudo bem? - eu afirmo e vamos conversando mais sobre como tenho me sentido ultimamente — Está conseguindo dormir bem? Você está com uma carinha de cansada.
— As vezes. - ela me repreende com um olhar e eu coloco a mão na barriga dando de ombros — Mas os pesadelos passaram um pouco. - eu minto olhando para a minha mão na minha barriga
— Isso é ótimo! - Dora diz animada e começa a falar sobre o quão importante o sono é para mim agora e como sentirei falta dele daqui a alguns meses mas eu apenas não consigo dormir
Tem sido longos esses dias, eu não tenho tido sono e, quando tenho, mal consigo dormir por conta dos pesadelos que me atormentam a meses. Tudo isso desde que tudo aconteceu.
Dois meses. Sim, espero que, assim como eu, o tempo voar desse jeito também esteja te enlouquecendo porque, honestamente, meus dias não foram nada fácies até aqui. Nem para o Noah também.
O estado dele tem evoluindo aos poucos. Lentamente. Como uma tartaruga disputando uma maratona. Foi bem difíceis as primeiras semanas, ainda é difícil mas aprendemos a suportar o novo ritmo que nossa vida tomou. Tem sido tudo em torno da saúde dele, da melhora dele e de como serão os dias da sua recuperação. Não vivo para mim mais, vivo apena para ele e para esse bebê que mora aqui dentro de mim.
Pensando nesse bebê, pego mais uma receita que a Dora me estende e já deixo a próxima consulta marcada. Saio da sala encontrando a Rosa e seguimos para o nono andar.
Esse caminho é o que mais tenho feito nas últimas semanas desde que o Noah finalmente foi transferido para o quarto. Claro, depois de quase duas semanas na UTI e mais duas cirurgias, além de mais uma parada cardíaca. Hoje ele está bem mas ainda em coma.
O quarto amplo e claro está com alguns balões e flores enfeitando ele, no meio do quarto a maca está colocada e alguns aparelhos estão ao seu lado. Eu não consigo não olhar seus batimentos ou a sua saturação antes de me aproximar da minha sogra e beijar seus cabelos.
— Alguma novidade? - ela nega, solta a mão do filho e me encara
— Tudo na mesma e sua consulta, como foi? - me sento na maca, ao lado do Noah, e pego sua mão — O bebê está bem?
— Está sim. - eu coloca a mão do meu noivo sobre minha barriga e sorrio um pouco — Está grande, saudável e louco para conhecer o pai. - ficamos em silêncio por um tempo, tentando controlar nossa emoção, e eu encaro os detalhes do Noah
Ele está mais magro, sua pele, que antes tinha um bronzeamento natural, está pálida e com algumas manchas arroxeadas. A barba está feita, há uma mancha levemente vermelha do lado esquerdo da sua bochecha e um curativo na testa. Mas ele parece dormir, por todo essas semanas é isso que parece. Ele está dormindo e me sufoca não ter a previsão de quando ele vai acordar.
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Nosso Contrato
Literatura FemininaLídia Woods está acostumada a cuidar dos outros e colocar suas vontades para depois. Ela fica adiando tanto viver que acaba vendo sua vida passar pelos seus olhos como se não a estivesse vivendo. Tudo piora quando ela reencontra o homem que ela juro...