Procura-se marido que goste de criança I

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A expressão rude da diretora da escola, sentada à sua frente, mais parecia com a de uma das bruxas dos contos infantis que ele lia a noite para sua filha. Depois de um silencio dramático, Sasuke voltou a perguntar para a diretora se ela estava falando sério.

— Entenda, senhor Uchiha, não é uma regra propriamente escrita, mas uma prática comum da nossa escola.

— A senhora não me disse o motivo. — Ele procurou controlar a respiração, enquanto observava a expressão vilanesca da mulher. Seus olhos eram pequenos, mas contornados por uma maquiagem exagerada, a sombra subia até as sobrancelhas finas e alongadas. Os lábios grossos sustentavam uma cor de batom cereja, enquanto as bochechas tinham o dobro do tamanho por causa do blush terracota. Lembrou-se das fotografias da mãe, quando era mais jovem nos anos 80.

— Senhor Uchiha, como eu disse, nossa escola está nesse ramo há mais de cem anos. Nossas crianças saem daqui preparadas para o mundo.

— E o que isso tem a ver com o fato de eu não ser casado?

— Bem, não é porque o senhor não é casado, mas... — Ela engoliu as palavras, e Sasuke sabia que estava pensando em como ofendê-lo de uma forma gentil. — As famílias matriculam seus filhos em nossa escola sabendo que aqui encontraram o mesmo padrão exigente que eles buscam.

— Minha família não é boa para a escola?

— O senhor está colocando palavras na minha boca. — Ela sorriu, fazendo um barulho estranho pelo nariz.

— Você está sendo preconceituosa, não há uma lei que impeça que eu matricule minha filha aqui. — Sasuke se levantou da cadeira, irritado. — Eu vou procurar um advogado.

— Ora, senhor, não vamos ser drásticos. — Ela também ficou de pé, mas seu tom de voz mudou e não parecia nem um pouco preocupada com a ameaça. Afinal de contas, Sasuke imaginava que não foi o primeiro pai solteiro a passar por aquele escritório. — Eu aceitei a sua visita unicamente porque meu querido amigo Orochimaru disse que você era um pai solteiro respeitável, mas está me parecendo o contrário.

Sasuke trabalhava para Orochimaru desde que se mudou para Osaka, e estava ficando mais complicado conciliar a vida familiar e o trabalho que exigia muito dele. Tamaki ainda era muito nova, havia completado cinco anos há poucas semanas de janeiro, Sasuke queria o melhor para sua filha. E essa escola era a Academia Udokashi. As filhas de Hyuuga Neji, seu colega de trabalho, estudavam ali. Contudo, Neji vinha de uma tradicional família de Osaka. Sasuke não possuía nome famoso, vinha de uma pequena cidade, Nayoro, localizada na província de Hokkaido, no norte do Japão.

A verdade era que Sasuke estava sendo julgado por ser um homem ômega solteiro e com uma filha, onde o registro não possuía o nome do outro pai. Era uma verdade dolorida, ainda mais para os dias atuais, mas era uma verdade e não uma excessão.

Sasuke deixou o escritório com os nervos à flor da pele e decidiu buscar a filha na casa da única pessoa que ele conhecia em Osaka e confiava deixar Tamaki.

— Eles não podem fazer isso. — Foi a primeira coisa que Sakura disse, quando Sasuke contou o que havia acontecido. — Você deveria processar essa escola.

— Com que dinheiro eu vou pagar um advogado? — Sasuke suspirou, cansado com aquela história. Ele esfregou a mão no rosto, havia pensando naquilo por vários ângulos, mas, no fim, precisava de dinheiro.

— Eu posso emprestar.

— Você também não tem dinheiro. — O Uchiha ergueu a cabeça e sorriu. — Eu vou procurar outra escola, ainda estamos em janeiro, as aulas começam apenas em Abril. — Ele disse, procurando a filha no quarto, onde dormia. Sorriu, ao vê-la esparramada na cama, provavelmente havia corrido muito para ficar tão cansada. Apesar de não querer acordá-la, precisou pegá-la no colo para irem embora. Sakura insistiu que poderia deixar Tamaki dormindo lá, mas Sasuke não gostava de ir para casa e ver o apartamento vazio sem a filha lá dentro.

Procura-se marido que goste de criançaOnde histórias criam vida. Descubra agora