Procura-se marido que goste de criança

Procura-se marido que goste de criança III

Sasuke acordou as seis horas e tomou um banho. Enquanto a água escorria pelos cabelos recém lavado com o shampoo, ele pensou na conversa que teve com o ator na noite passada. Houve um misto de sentimentos estranhos, um pouco de vergonha pela situação, mas também acolhimento pelas palavras dele.

Não era o tipo de pessoa que desabafava com frequência sobre seus sentimentos. E, apesar de conviver com Sakura, ela sabia muito pouco da sua vida antes de se mudar para Osaka.

Sasuke desejou poder ter a companhia do irmão mais velho naquele momento. Uchiha Itachi era uma pessoa que sempre sabia o que dizer em situações difíceis. Mas, nos últimos anos, estavam separados por alguns milhares de quilômetros desde que Itachi mudou-se para Londres. O filho perfeito que seus pais faziam questão de se lembrar sempre.

Ao fechar o registro do chuveiro, Sasuke espremeu os cabelos e os jogou para trás. Pensar em Itachi sempre causava nele a sensação de que era um péssimo irmão por cultivar aquele sentimento bobo de rivalidade entre irmãos. Mas, verdade fosse dita, ele era realmente a única pessoa que saberia o que dizer para tranquilizá-lo.

Sasuke pegou a toalha e cogitou a possibilidade de ligar para Itachi. Pelo fuso horário, Itachi ainda deveria estar acordado, eram nove horas de diferença. Olhando o celular carregando sobre a mesa do quarto, Sasuke secou-se com a toalha e depois esfregou-a nos cabelos. Continuou olhando o celular, enquanto vestia a cueca e a camisa social branca, depois a calça social preta e enfiou o tecido da camisa dentro da calça.

Ele suspirou, derrotado. Pegou o celular e girou na mão, pensando no que poderia falar com o irmão. Eles eram sempre muito diretos, com pouco rodeios, então Itachi logo saberia que alguma coisa estava acontecendo.

Sasuke passou a mão nos cabelos, pegando a toalha para secar as pontas e não molhar a camisa que havia vestido. Ele deixou o celular carregando novamente, para usar o secador de cabelo.

Tamaki ainda dormia, mas acordou com o barulho do secador no banheiro. Ela pediu para usar o vaso e Sasuke concordou, colocando a toalha no ombro. Logo que fechou a porta do banheiro, ele ligou a cafeteira e colocou as fatias de waffle na torradeira para esquentar.

— Papai, você já vai trabalhar? — Tamaki apareceu atrás dele, esfregando os olhos e bocejando, ainda estava cedo para ela se levantar.

— Eu preciso supervisionar uma obra, prometo que, quando tudo acabar, poderemos passear onde você quiser.

Ela abriu os olhinhos sonolentos animada e sorriu.

— Podemos ir para a Disneylândia? — Tamaki ergueu os braços, comemorando e pedindo para o pai pegá-la no colo. Sasuke sorriu e bagunçou os cabelos da filha, antes de pegá-la em seus braços.

— Tokyo Disneyland?

— Sim! Yuka-chan já foi na Disney e disse que é muito legal. — Tamaki apoiou as mãos nos ombros de Sasuke. — O irmão dela vomitou na roda gigante.

— Você também vomitaria na roda gigante? — Sasuke caminhou até o sofá e colocou Tamaki sobre as almofadas, pegando o controle da televisão para ligá-la.

— Não, eu sou uma princesa, as princesas não têm medo de nada, não é papai?

— Isso mesmo. — Ele a beijou na testa e colocou o canal de desenhos para Tamaki assistir, enquanto terminava de preparar o café da manhã. A menina se distraiu rapidamente, deitando-se sobre as almofadas do sofá e cantando uma música do desenho que ela gostava.

Sasuke preparou um suco de melão, o café já estava em sua xícara. Enquanto comia, Tamaki contou tudo o que a amiga do parquinho havia dito para ela sobre a Disney. Aquele não era o melhor momento para viajar, e fazer promessas para uma criança era sempre uma cilada. Sabia muito bem disso pois, da última vez que falou que compraria uma boneca que Tamaki pediu, ela jamais esqueceu e cobrou até o dia que ganhou.