Capítulo XVII

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— Maldita a hora que você entrou na minha vida! Sua maldita desgraçada! — Digo me afastando de seu corpo logo após sua tentativa de se aproximar.

— Por favor, Camila, não diga isso. — Ela responde com os olhos marejados. — Por favor.

— Você ainda tem coragem de olhar nos meus olhos? —Respondo tentando controlar as lágrimas que insistem em cair. — Me deixe sair desse quarto, agora! — Ordeno gritando o mais alto que consigo.

Me aproximo da porta de madeira e a esmurro algumas vezes, até que sinto as mãos de Lauren agarrando meus braços e me afastando bruscamente, me jogando na cama.

— Pare com isso, Camila! Você não sabe o que está acontecendo lá fora! — Ela respira fundo. — Eu estou tentando ajudar você.

— Lauren, por favor. — Digo aos prantos. — Não faça isso comigo, por favor, se você me ama... me deixe sair, por favor.

Levo minhas mãos até seu rosto e o acaricio levemente, numa última tentativa de fazê-la voltar atrás. Ela está tensionada. Consigo sentir seu rosto enrijecendo sobre meus dedos.

— Eu sinto muito, Camila. — Ela diz de forma firme. — Eu sinto muito, mas não posso. Eu não posso perdê-la.

— Lauren... Você precisa me deixar sair, você não pode fazer isso comigo, você não pode. Minha família está correndo perigo, você sabe disso.

Ela coloca suas mãos sobre meu rosto para abafar os soluços entre meu choro.

— Eu tentei fazer com que isso não acontecesse. — Ela diz me olhando com os olhos vermelhos. — Eu tentei me afastar de tudo isso, mas não tive outra escolha... Eu só posso tentar proteger você, Camila.

Duas batidas na porta ecoam pelo ambiente e logo em seguida seu espião adentra ao quarto. Ele encara Lauren rapidamente, e um semblante surpreso fica em seu rosto por alguns segundos antes de sumir. Provavelmente nunca tinha a visto tão desestabilizada.

— Temos somente alguns minutos antes dos guardas chegarem nos quartos. — Ele diz se dirigindo a ela. — Tem que ser agora.

— Já estou indo. — Ela diz de forma firme. — Nos dê apenas um momento, certo?

Ele está prestes a rebater, mas desiste e assente antes de sair do quarto. Lauren desvia seus olhos marejados para mim.

— Eu sei que você talvez nunca me perdoe, mas eu juro, eu tentei não fazer parte disso. Eu tentei. — Ela diz enquanto tenta segurar as lágrimas. — Eu nunca quis que te fizessem mal, mas o golpe já estava para acontecer muito antes de nossa aproximação, a união com a França foi a última gota para que a rebelião entre os nobres se instalasse.

— Você se aproximou de mim, Lauren. — Digo olhando no fundo de seus olhos. — Você se aproximou mesmo sabendo de tudo. Mesmo acobertando todos eles. Você me traiu tanto quanto eles. Você fez pior.

— Camila... — Ela reluta, penso que não vai dizer nada, mas decide continuar. — Alguém que me importo muito está correndo perigo. Eu não tive escolha.

— Sempre há uma escolha. — Minha voz falha, mas não me preocupo com isso agora. — Minha família está prestes a sofrer um golpe e você vem me falar de pessoas que você se importa? — Digo me levantado. — Você só se importa com você mesma.

Seus olhos estão refletindo os feixes de luz que incidem sobre as lágrimas que descem por eles.

— Você sabe o que vai acontecer com eles. — Digo tentando ignorar a ânsia de vômito que insiste em subir. — Você sabe o que vai acontecer com eles!

Castle Walls - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora