Capítulo XI

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Os gritos eufóricos do povo já se manifestavam nos portões principais do castelo logo ao amanhecer, agora, já passou do meio dia, e a multidão só aumenta. É difícil identificar as palavras que estão sendo pronunciadas, mas de qualquer forma, é evidente o motivo de estarem ali.

Durante a noite, Vossa Majestade mandou diversos soldados a todas as vilas ao redor da corte, para que espalhassem panfletos e comunicassem a todos os camponeses de que Lorde Beauffort seria enforcado no dia de hoje. Como um monarca inteligente, ele sabia que a propaganda era a melhor forma de aumentar seu apoio popular, e não há nada que alegre mais o povo do que grandes eventos.

O medo de um golpe é o que mais assombra nossa família nesse momento. Alejandro perdeu seu prestígio no momento em que deixou com que o tesouro real quase se esvaísse, quando aumentou drasticamente os impostos do povo, e principalmente, quando começou a taxar grandes nobres por suas terras e produções. Aos poucos, ele tenta recuperar sua autoridade, e confesso que ele está fazendo um bom trabalho.

Fatores como o clamor popular e o apoio bélico da França, somados com a morte de Beauffort por traição, são grandes avisos para quem quer que esteja por trás disso, possa perceber de que o rei não é mais tão fraco como aparentava.

– Vossa Alteza. – Disse Antony passando pela pequena porta de madeira e a fechando logo em seguida. – Soube que gostaria de falar comigo.

Ele se afastou um pouco da parede úmida de pedras e se aproximou de mim, fazendo com que ficássemos a sós no pequeno corredor subterrâneo no castelo, apenas com a iluminação de algumas tochas penduradas na parede.

– Vim para me atentar dos acontecimentos, acho importante ficar a parte de todas as etapas. – Falei olhando para seu rosto cansado.

– É claro, Vossa Alteza. – Ele respondeu limpando o suor que escorria pela sua testa. – Continuamos sem nenhum nome, ele se recusa a falar.

– Como ele pode prevalecer nessa mentira? – Disse irritada. – Já interrogaram o Conde Richmond?

– Beauffort continua se contradizendo quanto ao envolvimento de Richmond, é difícil dizer se está falando a verdade ou não. – Disse. – Soltamos o Conde há poucas horas.

– Dúvidas se ele está falando a verdade? – Falei enquanto balançava a cabeça negativamente. – Como liberamos o Conde Richmond? Ele é um dos principais suspeitos desde o sumiço de Mary, afinal, ela foi encontrada em seu Condado também.

– Não existiam provas concretas contra ele, Vossa Alteza. – Respondeu. – Não ainda.

– Precisa de prova maior quando um assassino e uma de minhas damas foram encontrados, quase que simultaneamente, em seu condado? – Bufei.

– É claro que dois casos interligados fazem parecer que ele é um dos principais suspeitos, mas ambas as vezes ele estava visitando sua prima na Escócia, não há como ligá-lo a isso, não agora.

– Você sabe melhor do que ninguém que isso seria o suficiente para acusar de traição qualquer um nesta corte! – Falei um pouco mais alto do que desejado. Ele engoliu em seco.

– Não funciona assim com Richmond. – Ele disse olhando pelo grande corredor atrás de nós, certificando-se de que estávamos sozinhos. – Vossa Alteza sabe o tamanho de sua influência perante os outros nobres. Acusá-lo sem provas só iria gerar revolta entre a nobreza.

– Vocês querem ser cautelosos com um homem que atentou contra minha vida? – Indaguei.

– Vossa Alteza sabe que não. – Falou calmamente enquanto me olhava nos olhos. – Estamos trabalhando nisso.

Castle Walls - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora